16 de dez. de 2010

Papai Noel?

Alfenas, 16 de dezembro de 2010.
Para o Senhor Santa Claus.


Oi, se lembra de mim? Não, acho que não. Não tenho mais um metro e meio, e nem seis anos. Não tenho mais o cabelo liso de franja e curtinho, e não estou mais falando com os meus ursos, não tenho mais sorrisos tortos e nem tenho sandálias de marcas de cantoras. É já não sou mais uma criança. E não sei se é certo te escrever isso, já que há tantas crianças por aí implorando sua atenção. Não tenho mais sonhos inocentes, e não sou tão mais inocente assim. Ando bastante triste e não consigo me comover mais com nada. Não sinto pena do mundo, só consigo sentir dó de mim mesma. Como eu sempre acho que ainda continuo uma menina me dei o direito de escrever essa carta, na verdade, esse post, já que tudo evoluiu menos eu. Natal está chegando e venho te pedir coisas humildes, não quero me casar, nem deixar de ser filha única. Não quero uma Barbie, nem meu pai perto de mim, muito menos, não quero uns patins ou maquiagens. Não quero algo impossível.
Eu só me quero de volta. Você sabe o que eu passo, escrevo para um blog, para um menino que digo sempre que o amo, mas não sei se o amo realmente. Eu me quero de volta sim. Quero voltar a ver tudo que há de bonito na vida. Eu sei, não fui merecedora de ganhar algo bom nesse natal.
Desejei o mal, estraguei planos e quebrei corações, mas quero que saiba que eu me importei com isso. Me importo com isso até hoje. Mas sabendo tudo que eu fiz de errado, não te faz pensar que isso só me machucou? Só conseguiu me deixar desiludida e não acreditar mais em nada, só me fez querer ser superficial e ter medo dessa vida, desse sentimento, dessas pessoas a minha volta.
Não te peço mais do que isso, não quero mais do que isso. Só quero ser como antes, quero sorrir sem vontade de chorar, quero poder voltar a confiar nas pessoas, quero acreditar que sou capaz de realizar certas coisas que até mesmo Deus duvida. Sabe Santa Claus, acho estranho te chamar assim, posso voltar a te chamar de Papai Noel? Ah sim, deve achar engraçado não é? Uma menina de dezessete anos, escrevendo algo para você. Se acha engraçado, eu também acho e que se Dane! Ops me perdoe pelas palavras.
Sabe Papai Noel, tudo isso me deixa triste. Muito triste. Porque eu sempre quis ter um amor forte, um amor que eu pudesse falar: Sim, é para sempre. E acho que eu tenho um, mas ele não me ama. O que eu faço? Não, não quero uma resposta sua.
Se você Papai Noel, chegou até aqui, que bom! Eu sinto que tenho uma chance de poder mudar tudo! 
Eu sei você tem muito mais crianças que precisam ser atendidas, muitas delas com pedidos urgentes, ou não. Mas é que eu cresci com essa imagem, eu cresci acreditando que tudo que a gente quer, um dia, ela chega. Não peço o amor de ninguém. Não peço que sintam dó. Não peço nada demais. Toda essa história só fez mal a mim, todo esse conto só me fez mal e eu não consigo ver isso. Eu tenho consciência que me faz mal, mas no fundo, eu sinto que me faz bem. Não há sentido. Eu não tenho mais sentido, Papai Noel.
Esperarei você no dia vinte e quatro, esperarei que você traga o que eu quero. Mas se não puder, por favor, me traga o básico que é o necessário para o Natal. Amor, paz, saúde, felicidade e fé. Muita Fé.
E assim, termino essa carta, é divertido, mas há um lado dolorido nisso tudo.
Me perdoe por ter sido tão errada e por não ter sido uma boa menina esse ano. Me perdoe talvez, por tentar passar por cima de algumas pessoas e ignorar o amor que eu senti, mas que depois ele cresceu tanto que eu não pude controlar mais. Me perdoe a quem nunca quis me amar ou que me amou demais e eu não o perdoei.
Sempre me falaram que o Natal, e você ou te trato como senhor? Ah, está acabando, prometo. Então, sempre me dizem que o no Natal, o sonho poderá se tornar real, até o mais impossível. Dizem que no Natal, milagres acontecem. E eu gosto disso, eu gosto dessa história espírito renovado no Natal.
Então, Papai Noel, termino agora essa carta. Não se esqueça, eu me quero de volta e inteira, sem retalhos, sem marcas, sem feridas que me parecem eternas. Apenas isso.
Muito obrigada pela segunda chance. Um grande beijo.
Layla Péres de Souza Baldí.

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