30 de set. de 2011

Os meios do nosso fim


Um processo longo e ao mesmo tempo rápido demais. Usamos de todos os meios que poderiam estragar a nossa história. Apelamos para os ciúmes, mágoas e o silêncio. Apelamos para outros corpos, outros sorrisos e até mesmo uma nova história para cada um. Apelamos e nos perdemos consequentemente. Não haveria nem mais motivo para continuar. Não haveria mais motivo para te amar, e isso era um fato. Um fato que eu não queria acreditar. Porque apesar de tudo, eu te amava. Eu te amava mesmo sabendo que esse é o nosso fim. Eu te amava mesmo sabendo que você jamais me amou. E continuei a te amar em silêncio, em meio de outros corpos e em outros sorrisos. Te amei pelo nosso fim, pelo o começo que nunca existiu ou pelo fim que nunca se concretizou. Não importava qual caminho eu iria seguir, a única coisa que realmente me importava era a sua busca. Eu não me importava qual caminho eu iria percorrer, a única coisa que queria realmente era saber quando tudo chegaria ao fim. Eu não me importava em enfrentar nada, a única coisa que gostaria era te encontrar.
Eu sabia que eu iria te encontrar mas eu sabia que para sempre iríamos nos perder. Tudo não dependia do destino ou do tempo, tudo dependia apenas de você e de mim. Não adiantava e não adianta culpar nada. A culpa foi nossa, ou até mesmo somente minha. Não adiantava culpar todas as outras meninas que passaram por você, elas não tiveram culpa de nada. Não adiantava culpar minha imensa fragilidade, desde sempre você soube que era assim. Porque foi mais prático anular, riscar, passar corretivo na nossa frase torta. Foi bem mais fácil colocá-las entre parêntese e simplesmente deixá-las para o próximo ano, ou quem sabe, para a próxima década. Foi mais fácil me anular do que enfrentar, não é? Foi bem mais fácil respirar aliviado sendo que não havia alívio nenhum. Os meios só foram simples demais para uma história tão complexa, tão sem nexo, tão minha e sua. Foi mais fácil ficar em silêncio. E eu prometi que nem ao menos iria tocar mais nesse assunto. Não vou mais falar do início e nem do fim. Falar para quê? Para que sintam dó? Para ficarem criando milhares de histórias atrás dessa história? Não. É melhor não. Não haverá mais assunto, não haverá você. Não haverá mais nós.
Não havia outro jeito de enfrentar essa história, eu precisava me libertar do ciúme, das falas que tanto decorei e que nunca pude te falar. Eu precisava libertar de toda essa história. Mas não encontrei uma maneira. Até hoje busco algum motivo grandioso para te odiar em silêncio, mas eu não encontrei nenhum. Não consigo simplesmente odiar aquilo que um dia me fez sentir tão viva, tão cheia de esperança. Não consigo odiar aquilo que fez mais parte de mim do que qualquer outra pessoa. Não consigo esquecer aquilo que me fez ser o que sou hoje. Tento ser feliz, tento fazer os outros felizes. Tenho uma face e milhares de máscaras mas pouco sei quem realmente sou. Uso minhas máscaras para que ninguém possa me atingir novamente. Os meios foram brutos, o fim é certo. Posso tentar ser feliz mas tenho muita preguiça de tentar algo novo. Tenho preguiça de ir em festas e ser divertida. Tenho preguiça de sorrir para aqueles meninos bonitinhos mas que só servem para dizer o quão diferente eu sou. Tenho muita preguiça de tentar esquecer, essa é a verdade.
Talvez os fins justificam realmente os meios. Preferimos esquecer, anular, e cativar os outros do que nós mesmos. Precisamos realmente fazer isso? Precisamos realmente mostrar que tudo não passou de uma brincadeira? Precisamos realmente nos deletar e fingir que está tudo realmente bem? Preciso realmente partir? Eu queria tanto ficar, tanto. Eu queria tanto ser o tudo de um nada. Eu queria ser aquilo que planejamos e que no fim, acabamos em nada. O nosso fim com os meios que escolhemos foram tortuosos, despedaçados, e a única coisa que posso fazer é me levantar e seguir em frente. Não há mais caminhos para seguir que dará ao seu encontro. Não há mais caminhos que possa me levar até você. Na verdade, não existirá mais caminhos para a nossa história. O ponto final foi colocado em forma de metáfora, porque era preciso, mas eu nunca, nunca queria colocar o ponto final em nós.
Ninguém precisava me dizer mais nada, o silêncio, por incrível que pareça, me dizia tudo aquilo que não queria ouvir. O silêncio disse aquilo que evitava escutar e até mesmo falar. O silêncio diz coisas que teimamos em jamais ouvir. É como se nunca existíssemos. A única coisa que realmente era preciso, é somente seguir em frente. Talvez, se não houvesse a vontade de mostrar que havia mais pessoas nas mãos, talvez, se não houvesse essa vontade de mostrar para todos o quão sem coração havia nos tornado, hoje eu não estaria aqui sozinha, você não estaria aí só Deus sabe com quem. Por mais que me doa, os fins justificaram os meios e é preciso seguir, continuar e até mesmo criar outros planos. Os meios que nos cortaram só concretizaram. Mas está tudo bem. Digo que está tudo bem porque quero acreditar que realmente está tudo bem. Mesmo que o silêncio diga que não, mas está tudo bem. Talvez, se não houvesse esses meios, hoje não seria o fim, hoje nós seríamos apenas o começo. O começo de você, de mim, de nós. Da nossa história, do nosso passado e do nosso futuro.

29 de set. de 2011

O casamento do meu melhor amigo - Verônica Heiss



Eu me sinto como a Julia Roberts em "O casamento do meu melhor amigo", mas sem o final feliz. Hollywood não vai me ajudar quando você decidir que ela é a mulher da sua vida. Eu vou ser aquela que vai te dizer que sua gravata é horrível e você vai concordar. Eu vou sorrir meu sorriso mais triste no mesmo segundo em que você sorrir seu sorriso mais feliz. Não é um pouco contraditório? Eu te quero tão bem e nossas alegrias não podem viver juntas... Eu sei que você só me interessa por ser impossível. Talvez eu perdesse meu encanto se tudo desse certo entre nós. O que me faz sentir é sua distância, o medo de perder nossa ligação tão inexplicável. No fundo, fui eu quem te disse como agir passo a passo pra conquistá-la. Eu só estava ensinando o que dizer pra mim. Mas o diretor não instruiu a próxima cena, não é? Você não percebeu quem estava do seu lado.
Nossa amizade é tão expressiva. Ao mesmo tempo recente e tão eterna. Eu sei que no nosso jeito de não dizer 'eu te amo' à toa, de rir depois de um 'tô com saudades', não vivemos mais distantes. Eu preciso chegar em casa logo pra te contar o que aconteceu no meu fim-de-semana e te dar bronca pelas tuas fugas da madrugada. Então você me diz que me falta experiência e eu me surpreendo de não sentir ofendida por isso. Você pode. Pode dizer o que quiser sem me deixar mal, porque afinal, quem mais me ouviria durante uma longa tarde de domingo, numa das minhas crises?
Dói ouvir sua irmã me dizer que queria que ficássemos juntos e ter que desviar o assunto. Dói negar qualquer possibilidade disso. E quando você me mostra o quanto mudou e diz das coisas que agora te fazem sorrir, eu penso em quando eu achava que seria eu quem mudaria tudo em você. Eu, que sempre te explico sobre as coisas que deve ou não fazer pra gostar de alguém. Eu, que sempre te disse que você era um romântico enrustido e usava a galinhagem pra disfarçar. E que mesmo você negando e dizendo que nunca ia se apaixonar, tentava te convencer. Eu sei, não precisa dizer que eu estava certa...
Hoje eu estou aqui, repetindo essa música pra escrever, sabendo que se você visse me faria ouvir a versão original do Bob Dylan, dizendo que esta versão é horrível. Mas eu gosto é das versões, e você mesmo me disse que essa é uma das coisas que me faz única. Mas o real sentido disso tudo: o som alto, as palavras, a música favorita da semana, algo que você nunca vai ler, é só pra tomar uma decisão.
 Hoje eu estou decidindo não sofrer mais por você. Você, que sempre odiou os caras que surgiam na minha vida porque não eram bons o suficiente pra mim (e eu sempre acabava descobrindo que você estava com a razão); Você, que me protege e me aconselha como um melhor amigo deve fazer sem esperar nada em troca. E que jamais me negou companhia, mesmo morando longe demais pra me ver. Seria injusto sofrer por você, porque isso só me afastaria. E nós não podemos mais viver sem nossa cumplicidade. Então hoje eu vou ser mais presente e menos ciumenta. Vou dizer a verdade quando você perguntar o que eu acho do que você pretende fazer pra surpreender sua namorada. E ainda que você tenha a fórmula perfeita do que eu procuro, vou me conformar de não ter sido a primeira a encontrar.
 A partir de agora, vou procurar outro você.

When the evening shadows
And the stars appear
And there is no one there
To dry your tears
I could hold you
For a million years
To make you feel my love

26 de set. de 2011

O odiado



Passo a metade do meu dia te odiando e a outra metade pensando como seria se nos dois já adultos convivendo ou até mesmo sendo algo bem mais forte que amigos. Passo a metade do meu dia criando planos para gente e a outra metade deletando cada um deles. Sabe por quê? Porque você nunca vai saber que eu penso tanto em você, você jamais vai saber que estou te escrevendo esse texto e que estou sentindo um amor absurdo dentro do meu peito. Você jamais vai saber que se tornou aquele amorzinho, quietinho e silencioso e que reside lá dentro da minha alma. Ninguém, nunca, vai saber seu nome. Porque é de você que eu gostei nesse tempo todo. Prefiro te odiar para sempre do que te amar enlouquecidamente. Prefiro ser a conhecida que te agrada do que a psicótica que te persegue. Eu prefiro ser sua aqui nesse texto do que sua inimiga lá na rua. Eu te amo mesmo e desde sempre, isso eu tenho a noção. E eu sempre escondi tão bem isso. Escondi e pelo jeito vou continuar escondendo. E quero que saiba que eu sinto muito pela gente, sinto muito pelo seu sentimento por mim e eu sinto muito pelo meu amor infiltrado por você. Eu quero que você me desculpe por tudo: Nunca quis te causar mal algum, nunca quis que você bebesse por mim, nunca quis que você virasse a noite como eu estou passando ao tentar escrever esse texto.
Eu juro que tento não pensar, juro que não gosto de lembrar das suas palavras que um dia só conseguiu me ferir tanto. Mas eu estou aqui, te amando cada vez mais em silêncio e querendo ser sua no futuro. Eu quero te encontrar quando estivermos maduros o suficiente para poder dizer tudo que haveria ter que ser dito hoje. Eu torço muito para ser sua lá no futuro. Eu quero ser sua para sempre e você não pode nem sonhar com isso. Tinha medo de me arrepender de tudo somente quando eu tivesse uns quarenta anos, mas não, eu não precisei de tantos anos assim para me arrepender de tudo que eu havia te causado. Em outros tempos eu poderia dizer que te odeio mas do que minha própria existência mas o que eu sinto lá guardadinho dentro do meu peito é bem maior do que sentir ódio da pessoa mais odiável existente e presente na minha vida. Cansei de te odiar sempre, eu só vou te odiar aos pouquinhos só para não te cansar e não me cansar. Cansei de amar sempre por isso encontrei o ódio para tentar abafar toda mágoa e humilhação que um dia me fez passar. Você pode estar lendo este texto sentindo vontade de me matar ou até mesmo está sentindo vontade de sorrir, porque finalmente estou escrevendo um texto tão meu e seu.
Tenho que te odiar para sempre só para te amar de vez em quando. Quero te amar para sempre só para te odiar de vez em quando. Te amar e te odiar é exaustivo demais, mas eu enfrento. Eu te olho com uma raiva misturada com um amor entalado e eu não posso fazer nada. Não posso assumir, não posso reclamar, não posso nem ao menos dizer que você deveria me amar para sempre: sendo bonita ou feia, tosca ou foda.Eu nunca te amo sempre, nunca mesmo. Em tempo indeterminado o amor vai passando e depois te esqueço. Te esqueço e te abandono porque é bem mais fácil para mim e para você. Eu nunca mais vou poder te abraçar. Nunca vou poder dizer que eu realmente te quero para sempre por perto. Nunca vou poder dizer bem baixinho que você é o retardado tão lindo e que deixa tudo lindo perto de mim. Eu nunca vou poder dizer nada do que eu quero e isso me deixa tão triste. Você sabe que eu te amo, sabe mesmo. Mas você prefere não acreditar nisso. Ou talvez você se pergunta se eu te amo para si mesmo, agora você tem a minha única e definitiva resposta. Eu amo você. Eu amo você mesmo quando vai embora. Eu amo você mesmo quando você fica ao meu lado mas ainda assim tão ausente. Eu amo você com todas as vogais, sílabas e copos de vodkas possíveis. Eu amo você mais do que qualquer coisa, e nesse tempo todo só me fez entender que é você que eu preciso. Que se dane quem me deixou. Mas é por você que eu luto e tento ser melhor – só para dar te dar o gostinho de ter perdido alguém como eu – Mas eu nunca consigo, e você ri disso. Você ri das minhas neuroses e ainda comenta que eu sou apenas uma menina azarada.
Eu nunca quis te causar algum sofrimento, e eu digo isso com toda certeza que ainda existe dentro de mim. Nunca quis que você se culpasse. Nunca quis o teu mal. Tudo que eu fiz de alguma forma foi pensando no que seria melhor para você.  Eu me conformo com tudo que provoquei. E já é tarde. Já é tão tarde que penso que não é nunca mais tarde para eu e você. Mas tudo bem, eu quero que você seja muito feliz. Me conformo e aceito. Você não é meu e eu não sou sua. Mas também sei que vamos nos completar quando a carência ou quando a realidade chegar novamente. Eu quero que se lembre de mim. Quero que sorria ao lembrar quando te contava sobre o meu ciúme tão insuportável. Quero que sorria quando se lembrar desse texto que fiz. Quero que sorria mais uma vez ao se lembrar que alguma menina tão louca está pensando em você. Quero que se cuide como eu queria que se cuidasse. Se cuide como eu cuidaria de você. 



Insônia





Eu acordo assustada sentindo algo atolado no meu peito. Me mexo na cama, como se eu estivesse procurando algum lugarzinho adequado na cama. Vou pra lá, volto. Volto, vou pra lá. Levanto, procuro meu celular e fico estática olhando para ele um bom tempo. Você não vai mais me ligar, você não vai mais aparecer, você sumiu, está sendo feliz e está fazendo todo mundo feliz. Eca. Odeio quando esse choque de realidade aperta contra meu peito e me faz repetir tudo que eu já sei. Olho para o meu celular novamente e me lembro de tudo, absolutamente tudo. Mas ainda assim, não há mais tanta coisa para se lembrar. O tempo vai apagando aos poucos tudo que existiu. Tem coisa que é melhor nem contar, muito menos assumir para si mesmo. O fato de você ter ido embora me fez descobrir e redescobrir coisas que eu jamais pensaria, me fez voltar para lugares e braços que jurei que nunca mais voltaria.
Acordo e fico andando pela casa como uma sonâmbula. Eu não quero voltar a dormir, eu não quero pensar em você antes de dormir, não quero nem ao menos desejar ser sua antes de dormir. Eu não quero nada. Quero apagar as lembranças. E eu consegui apagar seu número da minha agenda, e fiquei tão orgulhosa. Agora eu sei que você nem ao menos vai dizer que quer voltar. Eu sei também que você não se lembra mais do que fui para você. O tempo se passou, lembra? E é a razão batendo a minha porta de novo. É a razão mandando eu parar de controlar minha vida desse jeito tão bruto. Mas eu prefiro escrever do que viver realmente. E eu desisto sempre de dar a volta por cima. Eu não consigo dar a volta por cima. Sempre volto. Essa é a verdade. Eu sempre volto.
Que inferno, eu queria dormir. Que inferno, essa insônia não me deixa. Mas é muito além do que insônia. É saudade, desespero e gotículas de amor entre os vazios deixados por nós. Não fomos o que esperávamos, não chegamos a ser nem o que foi combinado. Não fomos nada. Fomos apenas desconhecidos e inconseqüentes que se uniram e depois separaram. Ah, normal. Isso acontece né? É, acontece. Acontece sempre. Toda hora. Todo minuto. Mas comigo sempre na maior intensidade. Eu sou intensa, nunca neguei. Mas é só insônia. Volto para o meu quarto querendo me matar porque eu não poderia ter pensado em você. Eu tinha prometido que jamais iria deixar a loucura voltar. Tinha até mesmo falado para todo mundo ouvir que eu já não te amava mais. Engano meu. Eu te amo muito, absurdamente, retardamente, idiotamente. Mas eu sei que quando eu voltar a dormir, eu não vou te amar mais. Eu só te amo quando acordo desesperada nas madrugadas. Eu só te amo quando penso que te amo mais que tudo. Mas não é nada disso. Eu não te amo mais, não como antes, não igual antigamente. Talvez é apenas um carinho inflamado que vivo confundido com amor, mas amor mesmo, não. Eu não te amo. E agora você pode ficar feliz com isso. Não era isso que você queria? Ah, eu sei que era. Você queria me tratar mal para te esquecer. Pronto, pode voltar a ser o que era. Eu não te amo mais, não não, nunca mais. As dores mais sentidas não vão se apagar com o vento. Nem com os textos que escrevi.
Mas aí o dia está amanhecendo e eu resolvo não dormir mais. Resolvo pensar em outras coisas. Não quero ficar louca. Não quero te amar nessa noite. Resolvo conversar com que nunca havia conversado. Resolvo fuçar nas páginas da internet de todos os meninos que já gostei, e puxa, como eles estão felizes.  Mas eu ainda sinto algo atolado dentro do meu peito. Essa saudade que passa nunca. Esse amor unilateral que nunca acaba. Que inferno. Eu quero me livrar disso, juro que quero. Mas não consigo. Não consigo não me importar. Não consigo não fingir que não amo, não gosto, não quero voltar. Relembro de tudo mas não sei enfrentaria tudo que enfrentei por nada. Talvez, se eu pudesse voltar ao passado tudo poderia ter sido diferente.  Talvez sim, talvez tudo poderia ser diferente. Mas não foi, fim do drama.
Eu quis deitar no seu peito antes de dormir para sempre. Eu quis ser sua durante o inverno. Quis ser tua insônia como inúmeras vezes você foi a minha. Eu queria. Queria mesmo superar. Quem sabe um dia eu realmente consiga. Ainda te manterei em segredo, para que nenhum mal lhe aconteça.  Mas eu vou me acostumar, vou sim. Vou sorrir sem me lembrar. Sem deixar me abalar por quaisquer lembranças. A esperança morre inúmeras vezes,  e eu me vi morrendo pouco a pouco. Me vi morrendo e ressuscitado inúmeras vezes.  Mas aí volto para cama, quentinha e quietinha. Volto para cama e fico olhando a parede branca. E durmo com facilidade. Durmo e eu sei que lá eu posso sonhar sem dar explicação. Sei que lá posso te encontrar quando for, e sei que lá você sempre volta. Nos meus sonhos é mais fácil, mas são só sonhos. E eu deixo você partir, deixo. Um dia você volta. Eu também volto.  Um dia você chega. E eu vou, vou para longe, vou para onde as insônias não existam, onde os amores duram. Onde finalmente vou poder me libertar.  E aí vou ser plenamente feliz. Sem desespero, sem choro, sem você. 

23 de set. de 2011

Pela última vez




Pela última vez eu desejei de ter por perto de novo. Desejei que você voltasse e me salvasse de toda essa loucura que criei para tentar disfarçar meus dias terríveis. Desejei que você pegasse a minha mão e falasse que nada mais disso importaria. Desejei que você estivesse para sempre dentro das minhas linhas. Desejei que você pudesse ser eterno. Desejei que eu pudesse te ver todas as noites antes de dormir. Desejei te encontrar inúmeras vezes mas nessas inúmeras vezes só consegui me manter afastada. Pela última vez quis te encontrar. Pela última vez quis afetar seu mundo, e te afetar. Eu não tinha mais certeza de nada, a única coisa que eu realmente queria é não deixar mais essa história. Se eu pudesse, eu ficaria aqui. Se eu pudesse, mas sei que não posso. A vida me chama e eu preciso seguir conforme manda o meu roteiro.
Eu quis ser a sua menina, sua paranóia, seu pesadelo ou sonho de primavera. Eu quis ser para sempre sua, e nunca mais ser somente minha. É doloroso ser somente minha. É doloroso encarar algo bem maior do que eu. É doloroso me enfrentar.  Eu não ia mais falar com você. Não mesmo. Não deixaria mais que ninguém deixasse o meu orgulho despedaço. Eu prometi isso inúmera vezes. Prometi que nunca mais ligaria para você. Prometi que nem ao mesmo falaria seu nome, mas involuntariamente, acabo dizendo seu nome no escuro. Me congelo. Não deixo que me toquem. Não deixo ser dos outros novamente. Foram idas e vindas, abraços vazios, sentimentalismo jogado ao lixo. Sei que vou escrever achando que é a última vez mas nunca é, nunca foi e nunca será a última vez.
Quando chega a hora de dormir, eu sinto algo absurdo dentro do peito. Sinto algo triplamente mais pesado do que eu. Mas aí vai passando, vou me acalmando, vou me encolhendo e peço para que não me deixem enlouquecer. Pela última vez, vai, pela última vez. É sempre é a última vez mas o fim verdadeiramente nunca chega. Eu penso tanto em você. Eu só queria acabar com toda essa história mas não consigo. Eu não consigo ser verdadeiramente feliz ou estar verdadeiramente em paz. Os anjos e demônios que reside em mim não me deixam sossegada. Luto por algo que não sei bem o que é. Me destruo acidentalmente e pouco me importo. Na verdade, a única coisa que me importava realmente era se eu iria te encontrar no final. Mas não haverá encontro, não haverá nada. Você não está mais aqui e se passou muito tempo. E quando eu já dou por mim, estou lá, dormindo, sonhando com algo absurdamente exagerado. O mundo se tornou incrivelmente triste. Pela última vez eu queria ser sua, absurdamente, ingenuamente, mas apenas sua.
É uma última vez, juro que sim, na verdade não. Sei que vou escrever novamente quando a loucura bater. Vou bancar a apaixonada novamente e exposta, mas eu não tenho medo. Eu não tenho medo de mais nada. Não tenho medo nem do destino, nem de ninguém. Não tenho medo de como ser feliz sem você. Não tenho medo de ser feliz mas ao mesmo tempo eu crio uma barreira quase humana para que ninguém me atravesse. Uma vez me disseram que para se libertar é preciso dizer, então, eu venho aqui dizer, quase exposta, quase ridícula, quase uma menina de dez anos.   Mas pela última vez eu queria dizer que eu sinto saudade. Pela última vez eu sinto mais falta sua do que qualquer outra pessoa tão passageira quanto você, que um dia passou por mim. Pela última vez suspiro e penso em você. Pelas últimas vezes continuarei a escrevendo até me conformar de vez que não haverá mais você em nada aqui. Pela última vez vou me conformar ou fingir que estou me conformando. Porque nunca é a última. Mas pela última vez eu posso dizer tudo isso sem medo. E eu quero que me leia sem medo. Não há nada que possa te ferir, não mais.
Eu sempre quero  o nosso fim. Sempre espero para que isso aconteça desde que eu tenho quinze anos. Mas o fim que deveria ser certo nunca chega. Chega sentimentos, pessoas, copos, doses, mas nunca o nosso fim. O nosso fim já foi, não é mais nosso, é apenas meu. Eu e a minha grande capacidade de aumentar e dar uma grandiosidade maior a minha dor. Mas eu sei que preciso ser forte, como eu sempre fui. Pela última vez eu quero te encontrar. Pela última vez eu quero ser sua para sempre, mesmo sabendo que o sempre não existe. Pela última vez ou não tão última assim, se lembre de tudo, não com mágoa, não com ódio, mas com uma saudadezinha leve, uma saudade tão leve que mal consegue senti-la. Mas pela última vez, se lembre, eu gosto tanto de você e quero que jamais se esqueça do que eu escrevi um dia para você – Por mais que doa, por mais que te faça sangrar  - nunca se esqueça das minhas palavras contraditórias.

20 de set. de 2011

Confissões


Eu te vi pela última vez e te vi tão cheio de vida, com tantas coisas novas para se contar, com outras meninas, outras festas e eu me vi tão sombria, sozinha, e com a maquiagem borrada. Te vi tão indiferente, prepotente, meio música de Cazuza ou Renato Russo. Te vi tão bonito, tão cheio dessa vida que consome e devolve num ritmo frenético. E eu pela última vez queria fazer parte novamente desse ritmo que me agradava, que tanto me perdida e resgatava. Meio música de Maria Betânia, Caetano Veloso ou quem sabe, Vinicius de Moraes, mas que ainda assim, havia um orgulho ferido no meio dessas frases tão cheias de pontos finais.
Prolonguei a nossa história. Pode-se ler claramente que sempre há reticências sobre os fatos. Somos feitos de reticências. Nunca tive coragem de colocar um ponto final. Sempre me doeu muito imaginar o dia em que eu acabaria colocando esse ponto em meio ao acaso. Eu venho confessar coisas que jamais pensei em contar para alguém. Exponho meus medos sem medo que alguém venha jogar isso contra mim. Confesso que penso em você com pouco descaso.
Confesso que várias vezes tentei te mandar uma mensagem em meio de tanta loucura mas paralisei, não mandei, calei-me para sempre. Calei porque era preciso.Eu queria gritar, sacudir o mundo se fosse possível mas foi preciso me calar quando havia tantas coisas para se confessar. Esperei que você pudesse se confessar também. Talvez pudesse dizer que sentisse minha falta. Ou que sentisse falta do meu jeito tão inquieto. Esperei que você voltasse. Todas às vezes que você partiu, sempre esperei seu retorno. Essa é a verdade. Durante esses anos todos, eu sempre esperei que você voltasse, por mais longe que fosse o seu percurso. Tento sobressair todos os dias mas não sei se consigo. Tento voltar a ser o que eu era antes de tudo acontecer, mas eu não me lembro. Eu não consigo recordar como eu era antes de você chegar.
E inúmeras vezes eu já quis ver longe dessa confusão que criávamos. Várias vezes disse que seria uma última vez mas nunca chegou esse dia. Nunca chegou o dia em que eu pudesse dizer finalmente que tudo havia acabado. Inúmeras vezes tentei parar com algo bem maior que eu, e olha que sou alta. E olha que muitas vezes me julguei forte. Fiquei nesse clichê de ser fraca, sou forte, sou forte, sou fraca, inúmeras vezes. Me cansei de todas eles. E você também se cansou, eu sei disso. Eu sei que várias vezes você ficou esgotado de ver que eu era cheio de erros, e que meu jeito grosseiro só te afastava. Eu sei que você se cansou da minha loucura imperdoável. Eu sei que você se cansou de mim e por isso foi embora. Continuo com mais vontade de ser feliz do que ser sua novamente. Continuo querendo ser feliz e tentando fazer todos aqueles que estão perto de mim felizes também. Não consigo ver ninguém triste. Não consigo me suportar sendo triste. Meu estado de tristeza dura algumas horas, dando sorte, alguns dias. Mas não muito grave, porque sei que de uma forma ou outra estou dando um jeito de me virar sem você.
Milhares de vezes eu fiquei chateada. E a última vez foi no meu aniversário. E foi aí que eu resolvi dar um tempo de me doer tanto por alguém que hoje consegue ser feliz sem a minha presença. Alguém que hoje enfrenta o mundo sem me perguntar se essa maneira é adequada. Alguém que possui um outro aparato. Eu poderia sentar ao seu lado e contar tudo que aconteceu de tão obscuro nesse tempo, mas eu prefiro me calar, já que o vácuo e o desprezo são certos. Eu poderia escrever todas às vezes que me senti magoada, humilhada e com o orgulho cortado ao meio, mas eu prefiro ainda escrever o que há de bom, e o que de bom você pode trazer para minha vida. Não foi só sofrimento que nos fez, foram suspiros, sussurros e gargalhadas. Foram segredos que jamais contarei para alguém. Foram suspenses, declarações e gotículas de saudade.
Pela primeira vez me sinto bem com o coração tão vazio. Às vezes me apaixono e desapaixono numa velocidade grandiosa. Às vezes meto a cara no perigo, sem medo. Às vezes tento ser melhor para mostrar a todos o quão bem estou. Mas estou bem do meu jeito, não do jeito que todos esperam. Alguns tombos, alguns suspiros, nada além do que todos já estavam acostumados. São tantas confissões, tantos suspiros de saudade e de remorso, tantos agradecimentos. Fomos tudo que poderia ter sido e que evitamos. Meio música de Engenheiros do Hawaii, RPM ou Capital Inicial. Fomos às confissões e os segredos, as músicas e as poesias, os anjos e os demônios. Fomos expostos, imaturos e criativos. Com drama, desespero e talvez saudade. Confesso: Tudo poderia ser bobagem ou imaturidade, mas tudo pode ser o início de uma nova vida. Tudo pode ser perdição ou alívio. Tudo pode ser tristeza mas também gratidão.
Tudo irá depender de como nós continuaremos a nos ver. Pela última vez eu te vi e confessei em silêncio: Sinto saudades mas não quero voltar e eu sei que você também não.

Ps: Perdão pela ausência. O tempo anda corrido e preciso acompanhá-lo.

16 de set. de 2011

A brincadeira


Eu não quero mais brincar. Não quero mais colocar vestidinhos floridos, sandália de salto e bolsa de lado, não quero ser mais menininha. Recolherei os meus brinquedos jogados pela sala, eu não quero mais fazer parte dos sonhos dele, eu não quero simplesmente prolongar a história que não há mais nada para prolongar, nem mesmo as lembranças. Esse é o fim de uma brincadeira que não tem mais graça. Essa brincadeira já não faz mais ninguém sorrir como antes, muito menos suspirar como antigamente. Essa brincadeira só causa a dor para aqueles que são sozinhos – ora por escolha, ora por destino – mas a mesma brincadeira que um dia me fez sorrir, hoje já não tem mais graça.
Recolha as bonecas, meninas. Recolha o Ken, o Beto, qualquer bonequinho que possa representar o marido da Barbie. Deixe de acreditar nas bruxas de verruga na ponta do nariz e nos príncipes de sorrisos fáceis e de olhos azuis. Está na hora de crescer e coloque os brinquedos em qualquer prateleira, já não tem graça brincar sozinha. Está na hora de crescer e colocar em prática tudo aquilo que você leu quando era menor. Correr atrás dos sonhos, se lembra? Recolha todos os sonhos quebradiços de criança, esqueça aquele menino que na infância te desprezou, esqueça aquela amiga que hoje já não se importa com você. Cresça e mostre ao mundo essa menina linda que se tornou. Recolha seus sonhos partidos e promessas fáceis.
Você se lembra como era horrível brincar sozinha? Você se lembra de quantas vezes implorou para que alguém brincasse com você? Igualmente é no amor. Você não pode implorar para que alguém te ame, e é doloroso demais amar sozinho. Amar sozinho só causa uma perdição enorme no destino. Você se sente sozinho porque cortou todos seus relacionamentos – Por medo ou destino? Tanto faz, não é verdade? – É mais cômodo ser sozinha. É mais cômodo criar esperanças, sozinha. É muito mais cômodo sofrer sozinha do que sofrer a dois.  Porque eu não quero mais brincar. Não quero mais me fazer de bonequinha para ser colocada em alguma estante perdida. Eu não quero mais brincar.
Porque eu pensava que seria diferente mas de alguma forma tudo aconteceu de maneira em que ninguém imaginasse que um dia aconteceria. O menino não vai voltar, a brincadeira de sentir mágoa ou loucura vai se acabando aos poucos e só sobraram os pequenos rastros que também vão se apagando sem querer. As lembranças vão se deletando da minha memória, como se ele não existisse mais, como se eu fosse apenas uma louca criando uma história em cima de outra. Eu tive que aceitar que a brincadeira acabou, e que já não há mais ninguém que queira brincar comigo. Já não há mais ninguém para brincar ou talvez, nunca existiu realmente.
Tive que crescer realmente.Cresci na base do grito, do silêncio e do desprezo infiltrado nessas palavras. Morri e revivi milhares de vezes mas está tudo bem, finalmente está tudo bem. Não sei se tudo pode ficar pior, não sei se tudo pode voltar a ser o que era antes, não sei se voltarei a ser tão imatura como antes. Mas eu não quero mais essa brincadeira, nem essa história. Eu não quero mais brincar. Recolherei minhas bonecas e me dê licença, vou procurar algo melhor para fazer. Não quero mais sofrer. Não mesmo. Recolherei todos os meus brinquedos – sejam pessoas ou sentimentos – Recolherei tudo, não deixarei nada. Deletarei os rastros e as lembranças, deletarei tudo. Cresci, finalmente. Ufa. Passou tanto tempo.
Não quero mais fazer parte dessa brincadeira. Não mais. 

15 de set. de 2011

Não vai voltar



Você nunca mais apareceu e não vai aparecer mais. Simplesmente sumiu, casou, arrumou outra mulher. Você nunca mais vai me ligar, já não possui meu número, meu endereço ou até mesmo algum contato que possa existir. Eu sei que caso isso aconteça, caso você descubra novamente meu número e queira me ligar, já não vou nem ao menos ter coragem para dizer alô. Eu não vou ficar mais triste por você ter ido embora para sempre. Eu não vou ficar mais triste por você ter uma menina tão igual a mim. Eu não vou ficar mais triste quando chegar mensagem no meu celular e ainda assim, não é a sua mensagem. Eu não vou mais ficar triste por você ter ido embora de vez. Não vou mais me desesperar quando sumir do nada e aparecer mais do nada ainda. Não vou ficar mais triste ainda quando alguém pedir para ver seu facebook. Não vou ficar triste, não vou ficar nada, eu só quero ir embora.
Meu momento de sanidade é grandioso e me faz ver tudo aquilo que evitei. Sem dor ou choro algum, desapego dia após dia de tudo aquilo que me fez sonhar. Já não olho para o meu celular, aflita, já não bisbilhoto meu facebook todo o tempo para ver se há alguma publicação sua, já não quero te encontrar. Não quero te encontrar, muito menos conversar. É muita mágoa acumulada entre os textos, é muita mágoa que só agora, depois de dez meses venho assumir. Essa mesma mágoa que não me deixa seguir em frente é a que me arrasta para o futuro sem ao menos perguntar se quero realmente ir embora. É muita mágoa, muito drama e pouca saudade. Saudade já não existe, saudade é aquilo que inventei para que eu pudesse sentir dor sem que ninguém me perguntasse o que eu tinha. Inventei toda essa grandiosidade para que eu pudesse sentir todas as minhas dores sem dar explicação alguma.
Mas aí você não vai mais voltar e eu não vou mais mover o mundo para que eu possa te encontrar. Eu não vou mais mover o mundo para que eu possa me sentir feliz ou em paz, não vou mover o mundo para que você possa ver o que eu fiz por você durante esse tempo todo. Eu só quero ir embora. Eu só quero acabar de vez com isso que acaba comigo. Tudo isso me faz crer que é uma morte lenta e forçada, não há nada natural nisso. Não há mais drama ou melosidade, não há mais missão impossível, nem algo tão grandioso assim. Você é apenas um menino que passou na minha vida e eu quis escrever sobre isso, quis desabrochar o que tenho de melhor, que é dramatizar sem ao menos perceber. Você é apenas um menino que eu torço para que cresça e aprenda que dores se vão, e as cicatrizes ficam.
É exatamente isso. Você já não mais sente dor olhando sua cicatriz. Eu já não mais sinto dor alguma olhando minha cicatriz, mas me lembro de quanto ela me doeu, um dia. Um dia não tão distante desse disse. Lembro das dores e dos remédios que pensam em tomar para que a dor sumisse de vez. Mas aí, vejo que tudo isso é banalidade. E que essa não é a dor mais terrível que tive que agüentar em toda minha vida. Por mais que eu gostasse de você ou gostasse de sua companhia, não tive escolha, precisava te deixar viver e precisava deixar-me viver.
A gente nunca se despediu, apenas seguimos, cortamos o contato ou qualquer sentimento de modo bruto e estreito. Não nos despedimos, apenas deixamos viver. Apenas nos libertamos daquilo que um dia soltaram os nossos sorrisos. Apenas deixei aquilo que um dia me fez sorrir e que hoje já não há alguma graça. Apenas deixamos aquilo projetado para nos tornamos o que realmente somos, sem medo ou preocupação. Eu aceitei. Você não vai voltar, telefonar ou qualquer possa mostrar uma aproximação. Você não vai voltar e eu também não. Quero que seja feliz, de verdade. Quero que se lembre do que você realmente é, quero se recorde do jeito que te vi. Escreva sua nova história e acredite nela até o fim. E eu escreverei a minha, quem sabe, um dia possamos nos reencontrar. Mas talvez não, continue escrevendo, sonhando e fazendo alguém feliz. Você não vai voltar, eu também não. Então, fica combinado, um dia eu te conto tudo que eu fiz para você.  De tudo só sobrou a mágoa. Mágoa acumulada, mágoa guardada e infiltrada. Mágoa apenas de saber que você evitou. Mas eu aceito. Você não vai voltar e eu continuarei sendo feliz sem você.  

12 de set. de 2011

Dezoito


Doze de setembro estava eu lá nascendo, nascia o grande escritor Caio Fernando Abreu também, e até o mesmo o presidente Juscelino Kubistschek. Virgiana, teimosa, e com uma loucura misturada em desespero. Meus dezoito anos são esses. Não sei o que eu espero dessa minha nova fase. Talvez um amor novo, ou mais paciência para lutar por aquilo que eu sempre quis. Na verdade, não tenho mais paciência para ficar sofrendo. Não tenho mais paciência para confrontar com pessoas e até mesmo dar a volta por cima. Não tenho mais paciência para amar alguém que nunca me amou de verdade. Não tenho mais paciência para tentar ser amiga apenas por comodidade. Mulheres entram na crise dos quarenta e hoje, eu entro na crise dos dezoito. Como é ter dezoito? É poder entrar em um motel, comprar bebidas e cigarro? É ser divertida e mandar todo mundo para o inferno sem se importar? Como é ter dezoito anos? Se eu pudesse encontrar com a Layla de quinze anos, hoje eu daria só um conselho. Se eu pudesse encontrar com a Layla que tinha de quinze anos, eu a mandaria nunca ter medo de ser quem realmente é. Mandaria não ter medo de enfrentar a vida e nem medo de se enfrentar. Mandaria desconfiar das boas intenções e das péssimas. Mandaria não acreditar e não evitar o amor, mesmo que isso fosse tão difícil para mim na época. Se eu pudesse voltar ao passado, eu não voltaria, talvez voltaria só para reviver momentos, mas não para concertar erros. Talvez, se eu pulasse as etapas que tanto sofri hoje não seria o que sou. E o principal, mandaria se acalmar, porque futuramente tudo daria certo
Eu não espero que o amor da vida apareça, não espero que me torne uma pessoa melhor e nem que os meus defeitos sejam perdoados. Eu não espero que nos dezoito anos, as fadas apareçam e me mandem fazer um pedido. Eu só espero ter a força que preciso para lutar. Espero poder lutar e jamais desacreditar daquilo que sempre quis. Espero encontrar pessoas de boas intenções, e que eu consiga ignorar e desviar das más. Se minha mãe esperasse até os nove meses, hoje eu não estaria aqui. Nasci frágil, com pouca expectativa. Mas aí eu vejo que sou forte desde sempre, e que eu conseguirei sair de uma forma ou outra das situações que criarei ao longo da minha vida.  Acenei para desconhecidos, sorri para os apaixonados, escrevi textos sem nexos, fotografei lugares e deixei que eles pudessem me fotografar. Sorri para aqueles que jamais tocarei novamente, fiz piadinhas de mal gosto, enfrentei tudo na base do grito. Aos dezoito, eu quero crescer. Quero parar de sofrer por coisinhas tão miudinhas e que não me afetam muito. Aos dezoito quero conquistar o que nunca conquistei. Quero enfrentar novas situações, e jamais me esquecer das velhas. Eu sei que não quero voltar atrás. Eu sei que no fundo, quero lutar pelo meu futuro. Quero a faculdade, quero filhos, quero uma casa no Guarujá – já que eu sou apaixonada por lá -
Olho para o espelho e vejo aquela menina de seis anos com um machucado no queixo e com o cabelo amarrado.  Logo depois, me vejo aos oito anos, em Santo André, dentro de uma cabine de fotos no shopping, tirando uma foto ao estilo do Velho Oeste com o meu padrinho, e nós dois estávamos felizes. Com o avanço, me vejo aos dez, chorando, porque eu havia perdido a pessoa que mudou todo o meu destino. Aos onze, perco minha avó que sempre me criou e eu senti como se eu perdesse a minha mãe. Aos doze, me olho no espelho, vejo que meus seios desenvolveram e que meu corpo estava mudando. Meu Deus! Eu estava tão feliz por estar virando uma adolescente!  Aos quinze, me apaixono por um menino que me faz escrever dia após dia, numa morte lenta. E aqui estou, com dezoito tentando lutar por algo impossível, tentando lutar com minhas memórias sombrias e destorcidas. Não sou de acumular amizades, mudo de colégio em cada ano e assim, me desapego sem ao menos dar conta. Por mais que eu fico odiando a solidão em toda minha existência, eu não escapo dela.
Passei por coisas que jamais pensei que iria passar. Perdi tantas pessoas, a morte me rondou em todas elas. Sou acostumada com o adeus, mas também peço para que a pessoa fique, já que eu sou apegada. Sou virginiana, intensa. Posso ter feito muita besteira por aí, posso ter magoado muitas pessoas e nem me dei conta disso, mas quero que saibam que nada foi proposital. Por todas as vezes que magoei alguém, quero que saibam que pensei no bem da pessoa primeiro, por mais errado que fosse. Se eu pudesse voltar atrás, eu não voltaria. Esse é o meu presente . Aceito o que a vida quer. E jamais vou me deixar levar por corações e almas levianas. Jamais vou me deixar levar pelas más intenções que tanto me rondam. Vou agir do jeito que sempre achei certo. Talvez, hoje, é a morte da antiga Layla. Talvez agora renasça outra, melhor e bem resolvida. Porque é isso, chegou à hora de crescer e encarar tudo como sempre encarei. Não abandonarei aquilo que achar verdadeiro. Não peço mais que força.
Como diria Caio Fernando Abreu "Dai-me fé, Dai-me Força, Dai-me Luz"

10 de set. de 2011

O idealizado




Eu não quero o bonitinho que tem fama de pegador só para depois me abandonar. Eu não quero o machista escroto para depois poder me difamar por aí. Não quero o gostosinho da academia. Não quero o fútil. Não quero o maníaco por carros. Não quero o homem motoqueiro. Não quero o bonitinho que me olha mas no fundo só quer sexo. Não quero o homenzinho de olho claro porque é bonitinho. Não quero o medroso. Não quero o insensível. Não quero o idiota que faz piadinhas em horas erradas. Não quero o menino do passado. Não quero nenhum daqueles que passaram na minha vida. Não quero um idealizado, quero o verdadeiro.  Quero acordar e ter certeza que fui amada verdadeiramente. Quero que peguem a minha mão e fique caminhando e ao mesmo tempo me encarando, até sentir minhas bochechas arderem de tanta vergonha. Quero sorrisos matinais mesmo com o meu mau humor. Quero abraços espontâneos, e um amor mais espontâneo assim. Eu não quero um homem perfeito, um namorado idealizado, um suspiro forçado. Quero aquilo que possa me fazer sonha dia após dia, sem cobranças, freios, ou neuras. Eu só quero acordar e ter toda certeza do mundo que sou amada. Quero acordar e ter a certeza que alguém pensa em mim, e até mesmo consegue sorrir pensando no que sou.
Quero que ele pegue a minha mão. Quero que ele brigue comigo quando escrever textos que não seja a nossa história. Quero dormir com ele enrolando as pontas do meu cabelo. Quero acordar de mau humor depois de ter brigado com esse menino. Quero que ele se sinta culpado por não ter me dado bala de gelatina. Quero que ele me puxe quando eu estiver falando muita idiotice. Quero que ele me faça sentir tudo o que passei fugindo nesse tempo todo. Eu quero que ele nunca se esconda como meu pai, e sempre me proteja como a minha mãe. Quero que ele implique com o tamanho da minha roupa, ou que me abrace quando me sentir sozinha demais.
Não quero ser mais uma na listinha das usadas do ano. Não quero ser a sofrida, desiludida, do estado de Minas Gerais. Não quero que o menininho tenha medo de me enfrentar. Por mais difícil que eu seja, dentro de mim há uma forte força que diz desnecessariamente que preciso dar a volta por cima. É isso, eu preciso primeiro dar a volta por cima para depois me apaixonar. Preciso reformular minha vida e meus sonhos para depois, talvez, começar a amar alguém novamente. Mas eu adoraria amar novamente. Adoraria sentir borboletas no estômago, adoraria me sentir brega e idiota. Adoraria sentir suspirando por nada, adoraria correr por medo, adoraria ter medo de perder mais uma vez só para me perder para sempre. Eu só quero que pelo menos uma vez na vida, alguém, perdido por aí, sinta medo de me perder. Só queria saber como é ser menos intensa. Não quero mais ser engolida pelos meus próprios sentimentos ou sonhos. Não quero mais caminhar pelas ruas e me sentir sozinha. Não quero mais culpar ninguém por eu ser assim, tão leviana e passageira.
Não quero ter um amor de pai, nem amor de inverno. Não quero ter um amor passageiro e sem graça. Não quero que me culpe, e nem cobre por escrever demais e falar menos. Não quero sonhar sem ao menos suspirar. Não quero enfrentar os monstros, bruxas, mares sombrios atrás de algo que não tenho certeza que vai estar do outro lado me esperando. Talvez essa é a verdade. Passei tanto tempo lutando contra bruxas e lugares sombrios para depois chegar do outro lado do lago e nem ao menos saber se alguém me esperaria. Eu só sou uma garota do colegial que tenta fazer tudo certo. Eu só sou uma garota do colegial que espera que alguém me abraça e diga que fiz as minhas escolhas do modo que poderia ser. Eu só sou uma garota do colegial que está crescendo.
Não sei quem é ele. Não sei onde mora. Não sei seu nome. Não sei nem ao menos se existe. Ele existe dentro do que planejei. Talvez a gente já se encontrou em alguma festa e eu o evitei, e ele estava com os amigos. Talvez a gente já se encontrou na rua e eu abaixei a cabeça, porque não gostava de encarar as pessoas. Agora, eu as encaro. Sem medo, porque sei que posso achar alguém perdido dentro daquelas pessoas. Quero que me abracem quando o medo chegar. Quero voltar a sonhar com calma com um homem que não seja tão perfeito assim. Ele existe, eu sei que existe. Mas só falta os nossos destinos se encontrarem. Se já se encontrou, eu o perdi. Eu sei que vou poder dizer que escrevi uma vez sobre ele, e ele vai me achar uma louca, mas logo depois que acabará de ler tudo isso, ele sorrirá e poderá dizer que sou o seu sonho mais torto. Ou se não, ele poderá apenas dizer que eu sou a errada e que no fim, acertamos, sonhamos, escrevemos e nos deciframos. 

6 de set. de 2011

Últimas cartas


Alfenas, 06 de setembro de 2011
                                                                       Para alguém de sempre,

Peguei você pelo braço e te fiz dono dos meus medos, planos e sonhos. Peguei você pelo braço e pedi que nunca mais me abandone. Peguei você pelo braço e implorei que me fizesse feliz. Você sempre foi o dono dos meus medos e dos meus segredos mais obscuros. Te fiz dono dos meus sonhos impossíveis e do meu sorriso fechado. Te fiz criador das poesias, dos contos e algumas prosas. Te fiz encantador de todas as meninas que puderam saber de verdade quem realmente você era. Te criei para o mundo e para ser aquilo que gostaria. Não te prendi, não evitei, não anulei. Concordei que fosse embora. Concordei que seria melhor assim. Concordei até mesmo quando dissera que a nossa história seria algo inusitado.
Eu não confio em homens. Não ter uma figura masculina presente me fez aniquilar esse lado de depender de algum homem nessa vida. Minha mãe me ensinou tudo que precisava. Minha mãe me ensinou a desconfiar das más intenções, e até mesmo me mandou inúmeras vezes acreditar nas partículas de bondade que havia entre o mundo. Não ter um pai presente me fez fugir de relacionamentos. Me fez desconfiar, fugir, desacreditar, ignorar e abusar. Talvez, agora explique melhor a quem for porque eu sou assim. Agora deve estar mais explicado porque eu fujo tanto de relacionamentos que possam existir. Mas nada disso impedia que eu pudesse sentir um amor tão corrosivo dentro de mim, um amor tão absurdo, tão diferente, mas tão puro.
Mas aí prometi que não iria te amar. Prometi que não iria mais me ver voltar. Prometi até mesmo que iria tentar ser como todas as garotas fáceis e resolvidas. A maioria das garotas que tem a minha idade são fáceis e resolvidas, por que eu não poderia ser assim? Então, resolvi ser aquilo que nunca me acostumei a ser. Prática, direta, fria. Me ama? Que ótimo, parabéns, prêmio Nobel para você. Mas no fundo eu não era assim. No fim da noite, depois de abusar e desabusar de toda pureza que poderia haver dentro daqueles meninos, eu voltava com crise de abstinência. Uma droga que possuía nome, telefone, e endereço. Uma droga que possuía sonhos, segredos, e poemas. Mas não poderia ir atrás. Eu não poderia voltar atrás. Mesmo querendo te procurar, eu não fui. Fiquei. Talvez você agora entenda porque eu nunca mais te procurei. Pouco sabia quem eu era realmente, mas sabia que sentia algo atolado dentro do meu peito. Eu sabia que esperava sua volta.
Eu esperava que você pudesse ao menos me procurar, mas também, infelizmente, sabia que você poderia muito bem viver sem os meus dramas, medos e desesperos.  Eu não queria mais te amar. Não queria mais chegar em casa e ligar correndo para alguém e contar os meus medos e tudo aquilo que estava acontecendo. Eu não queria mais insistir em você, nem nos seus medos, muito menos nos seus poemas. Não queria que o meu sexto sentido tão aguçado continuasse a me dizer as verdades que não queria ouvir. Não queria mais sentir aquele amor dentro de mim, mas ainda assim, eu sentia. Sentia descontroladamente, desesperadamente e tudo que pudesse terminar com – mente.
Talvez, agora, depois de tanto tempo você possa entender as inúmeras vezes que não deixei completar a ligação. Talvez, agora, você possa entender as inúmeras vezes que te contei meus segredos e assumi meus medos. Quis que você fosse para sempre o dono do meu sorriso torto e da minha afeição tão séria. Quis que você pudesse ser o príncipe que não existe, a história que escrevi e os sonhos que recortei. Queria que você pudesse ser aquele louco que amaria outra louca e no futuro iriam ter vários louquinhos.
Mas agora já está tarde. Peguei minhas coisas. Joguei fora as cartas que nunca tive coragem de te mandar. Peguei suas lembranças e as parti ao meio, joguei pela rua, para que quando chovesse, tudo virasse lama.  Quando for ler essa carta, não se sinta triste. Quando for relembrar do meu silêncio, não se sinta culpado. Quando me ver indo embora de vez, não tente ir atrás. Não tente sorrir quando me ver. Não tente desejar ser o dono dos meus sonhos mais uma vez. Não tente mais ser aquilo que foi e que hoje não é mais.  Não quero que se sinta por culpado pelas coisas que aconteceram comigo. Na verdade, não existe nada que possa se culpado aqui.
Eu amo você. Mas quero que se lembre do que fomos e não do que nos tornamos. Quero que recorde das inúmeras vezes que te procurei e você me acolheu tão bem. Eu amo você, mas preciso ir. Preciso ir, seguir. Talvez a gente na próxima esquina, mas talvez, não nos encontraremos jamais. Essa será uma das últimas cartas que irei te mandar. Guarde sem dor, sem desespero, sem medo a nossa história. Uma das últimas cartas, uma das últimas partículas de sofrimento. Preciso ir, já é tarde. Preciso ir, seguir em frente, ser feliz. Mas não esqueça, não se esqueça jamais dessas minhas palavras amargas e contraditórias. Não se esqueça que o amanhã será melhor.

                                                                       Doces Saudades.
                                                                                                     Te cuida. Quero-te bem.
                                                                                                                                             Layla Péres



(http://storyoffaces.tumblr.com)

5 de set. de 2011

Os decididos


Decidimos que aquela seria a nossa despedida. Adeus, pensei. Adeus, você deve ter pensado quando foi embora para sempre da minha vida.Você foi embora realmente, não há mais nada para reclamar sobre isso. Não há mais porque ter medo de sua despedida,  sendo que já passou-se tanto tempo. Nunca mais fui a dona do seu pensamento. Nunca mais soube da sua vida e dos seus medos. Nunca mais quis te procurar. Nunca mais quis ser tratada tão mal como um dia você me tratou. Prometi que aquela seria a nossa última vez. Entre as últimas vezes que já havia prometido, aquela seria a que eu levaria a sério. Você não me vê mais, não me escuta e nem me lê. Você se perdeu em meio de suas farsas e suas verdades. Você se perdeu nessa trilha e não há mais ninguém para te salvar. Você preferiu ir embora e eu concordei, mesmo querendo agarrar seu braço e gritar que nunca poderia me abandonar.
Queria ter agarrado seu pescoço e ordenado a me beijar. Queria ter cravado minhas unhas no seu braço até te causar a dor para que você lembrasse de tudo que fui um dia. Queria ter segurado sua mão e chorado tudo que poderia chorar um dia, só para você se sentir culpado. Mas isso era antes, hoje, depois de tanto tempo, só creio que poderia ter chorado mais. Não deveria ter engolido o choro. Não deveria ter engolido tanta coisa, entre elas, zombarias. De tanto apanhar, um dia a gente aprende a bater e com força. De tanto ser ameaçada, a gente aprende a passar medo nas pessoas. E comigo não foi diferente. Não aceito mais nada, respondo sem medo. Não sorrio quando não quero. Não crio expectativa em pessoas parasitas. Não quero um amorzinho fofinho de verão. Quero a realidade. Quero enfrentar o que vier. Não quero fugir de nada mais.Hoje não sou a que ocupa a linha do seu telefone. Não sou mais a dona da sua verdade, nem dos seus desejos. Hoje já não sou eu que falo frases clichês para você. Não sou a que irá mudar sua vida e nem serei o seu maior sonho. Hoje já não sou mais a menina que queria descontroladamente te encontrar só para conversar. Não sou mais a que é dona do seu sorriso e dos seus assuntos. Hoje você já não se lembra mais de mim. Não lembra do meu sotaque e nem da minha personalidade.
Criei um luto só meu. Criei um lugarzinho entre o que era realmente realidade e o que era imaginário. Criei um lugar que eu poderia ficar triste sem dar muita explicação. Eu pude chorar por tudo, pude sofrer todas as dores do mundo, sozinha. Pude me preparar para a volta por cima. Eu não estava pronta para levantar. Não estava pronta para ser feliz – Creio que nunca estou, na verdade - . Tudo que eu pensava era como iria dar a volta por cima. Mas sabia que precisava viver aquilo de forma intensa, precisava aprender a sofrer para depois dar a volta por cima. Hoje já não existe mais luto, e eu sei que foi preciso tudo aquilo de antes. Foi preciso descabelar, chorar, gritar e tirar aproveito. Foi preciso suspirar por um amor perdido, por uma vida perdida, e por sonhos jogados ao lixo.
Lembro das inúmeras vezes que tirei minha maquiagem dentro do meu quarto. Eu queria mais é que o mundo se fudesse. Lembro de tantas vezes fui sozinha enfrentar tudo que tive medo. Lembro de quantas vezes, sozinha, escrevi um texto amargurado mas que no fim, pude expressar tudo que poderia. Sozinha eu me criei. Sozinha eu tento seguir a vida conforme a música da vida e suas baladinhas bregas. Sozinha, tão sozinha, tento recompor minha vida. Decidimos que ali seria o nosso fim. Decidimos isso para as nossas vidas que jamais vão se reencontrar. Decidimos ser indiferentes para não chorar depois. Escolhemos sorrir para depois não enlouquecer. Escolhemos um homem que possa mudar nosso futuro numa simples frase – mesmo que depois ela saia inacabada – Escolhemos tantas coisas para a vida. Nunca sabemos se é a escolha certa. Eu escolhi que aquele seria o último menino que eu dedicaria um texto meu. Escolhi que ele seria o último menino que poderia ver quem realmente sou, sem máscaras ou bloqueios. Mas também escolhi que ele fosse o menino que poderia me fazer crescer, amadurecer, ser o que eu nunca tinha sido.  Sou vulnerável demais quando escrevo. Sou uma eterna menina de quinze anos nessas eternas linhas de despedias. Sou aquilo que você poderia escolher, mas nega. Sou aquilo que causa o polêmica, porque não sei guardar minhas críticas. Eu danço conforme a baladinha brega da vida. Danço conforme a vida quer que eu dance. Mas sou teimosa, às vezes, tento outros passos, outros ritmos, outros corpos, outros amores. Mas volto, eu sempre volto! Mas decidimos que seria o fim. Tudo bem, somos decididos, estamos decididos. Escolhemos de novo e mais uma vez. E continuaremos escolhendo por meio do acaso algo que se pareça com a gente. Porque passamos, claro que passamos, mas de uma forma ou outra, ficamos. 

4 de set. de 2011

Os dez meses



Dez meses de suspiros, silêncios e segredos. Dez meses de pensamentos, frases e clichês. Dez meses entre o uso e o desuso. Dez meses de conflitos psicológicos. Dez meses entre ir e ficar. Dez meses de tudo aquilo que eu pude aprender sozinha. Tive que enfrentar o mundo mesmo querendo ficar deitada o dia todo. Tive que seguir em frente mesmo querendo ficar parada. Tive que sorrir para não chorar. Tive que crer em esperança para poder viver novamente. Esqueci as más intenções para poder crer que poderia ter alguém perdido por aí com ótimas intenções.
Olhei para a página em branco tentando reunir tudo que eu gostaria de dizer entre esses dez meses que nos separam. Olhei novamente para os textos antigos e pude chegar a conclusão que não sou mais a mesma. Olhei para as minhas publicações na página da internet e me pergunto o motivo de tudo isso. Olhei para a sua página na internet e pela primeira vez não pensei que iria morrer de tanta aflição ou até mesmo de saudade. Tento reunir todas as frases que eu poderia te dizer mas não chego em nenhuma conclusão, não creio que algo diferente seja dito. Eu sou muito sozinha e não reclamo disso. Prefiro a solidão e tudo aquilo que ela pode me dar. Meu modo de viver é esse, não me apego às pessoas mas sim nas lembranças e isso é um grande erro. Não me apego naquilo que não houve significado, não me iludo com promessas vazias, na verdade, não creio e não faço promessas.  Hoje se completa mais um mês que eu resolvi ir embora de vez daquilo que me sugava e que no fim não havia um retorno. São dez meses de risos nervosos e silêncios. São dez meses de pura expectativa e um bocado de podridão. São dez meses e o tempo passou tão rápido.
Não sei se posso me orgulhar daquilo que sou hoje. Não sei se posso sentir totalmente realizada. Eu não quero mais ser a sofrida assídua, eu só quero ser uma menina que está quase com dezoito anos. Para ser sincera, eu queria que você estivesse comigo quando completasse dezoito anos, mas não terá nada disso. Você não lembrará do meu aniversário e no fim, não me importo muito com isso. Passarei o meu dia quieta, pensando no que fui e no que serei. Colocarei meus objetivos e sonhos numa balança. Vou querer a resposta de todas as minhas perguntas caóticas, mas ainda assim, ficarei em silêncio. Eu poderia reunir aqui tudo o que você me causou ao longo desses dez meses, mas quero mais é agradecer.
Não te culpo, não estou zangada, muito menos desiludida. Te agradeço por ter me mostrado que sou muito mais do que os outros esperam de mim. Te agradeço por ter me ensinado o valor das coisas. Te agradeço principalmente por ter me ensinado que é preciso ser de verdade, e que nunca se deve usar máscaras. Te agradeço por ter me feito enfrentar o que eu tinha medo. Você me fez enfrentar o que sou, e o que sinto. E pude ver que apesar de tanta desgraça eu ainda sou uma menina cheia de vida. Não deixo mais que a olheira ou o sono tomem conta de mim. Não deixo mais que a vida me arraste. Ando com os meus próprios pés e sigo o meu próprio caminho – Às vezes tenho uns tombos enormes pela estrada mas logo estou de pé, tentando andar novamente –  Te agradeço por ter ido embora e ter feito com que eu pudesse tornar algo bem melhor do que era antigamente.
Também gostaria de dizer que apesar de sentir saudade de vez em quando, não sei se é o que eu quero para mim. Desisti de enfrentar o mundo, não quero mais lutar por você ou por um amor que julgo que seja infinito. Acredito agora que nada é tão verdadeiro como o amor próprio. Sou uma menina confusa, eu sei disso, mas sei que meu potencial pode ser enorme. Mas isso acontecerá se eu estiver com fé. E ultimamente, tudo que eu mais quero é acreditar novamente nessas coisas. Voltei a conversar com Deus. Não tínhamos um relacionamento agradável desde que ele levou minhas estrelinhas. Mas voltei a conversar com o Ele. Sei que posso contar coisas e Ele nunca usará isso contra mim.
Foram altos e baixos, risos e silêncios, amores e copos de vodcas, entregas sem devoluções, usos e abusos, mas creio que isso só me deixou mais forte. Sei que agora posso enfrentar tudo que vem pela frente. Sei que posso ser alguém bem melhor. E continuarei nessa busca interminável com a minha solidão que não me afeta mais. Não choro mais por ter te perdido para sempre. Não reclamo por você ter ido embora. Eu sei também que você não se importa com que eu escrevo. Eu sei que você pode um dia voltar... mas sei também que talvez você nunca mais chegue.
Está tudo bem. Alguns tombos, às vezes, acho que é impossível mas vou lá e me levanto – Mesmo machucada e mancando – Está tudo bem menino, e quero que saiba que o tempo passou, e o nosso final está cada vez mais próximo. Aproveite tudo que deve ser aproveitado. Chore o tanto que for preciso. Acredite novamente no milagre da vida. Sonhe novamente, sorria novamente. E eu sei que tudo no final será recompensado. Sei que vou sorrir, sonhar e até mesmo amar. Mas está tudo bem.
Não acordo mais de manhã querendo saber em qual cama está. Não acordo mais com a saudade desconsoladora dentro do meu peito. Mas sei que algo dentro de mim ainda acredita que um dia você irá voltar. Engano meu, eu sei. Mas não custa nada a sonhar. Não queria ter recomeçado, mas seguir em frente é preciso. Feliz dez meses de sua ausência. Fique com suas lembranças em paz. E quero que continue não olhando para trás.

                                                                                   Algumas lembranças. Outras saudades
                                       

1 de set. de 2011

Setembro que chegou



Setembro mês das flores, da despedida do inverno e a chegada da minha maioridade. O ar está mais puro, sem sobrecargas de desespero do agosto, e nem da aflição que existe somente em julho. Setembro que vem e vai sem despedidas, sem adeus, sem choro ou desespero. Setembro que aconteceu os maiores desastres, Setembro que me fez nascer – já que era para ser de Novembro – Setembro que logo chega ao fim. O mês em que as flores nascem, o dia se acalma, e o espírito se renova. O mês em que trás renovação e a esperança, já que o fim do ano está próximo. Setembro em que virginianos se tornam librianos.
O que você espera de Setembro? Você esperar que o amor da sua vida volta? Você quer que seu príncipe de olhos claros apareça num cavalo branco na porta de sua casa? Você quer o que de Setembro? Não adianta esperar. Se não for, nunca será. Você quer mudança? Se sim, comece essa mudança dentro de você. E se algo está te arrastando para frente e fazendo que você abandone, deixe-se levar por essa maré. Deixe-se levar por novos sonhos e novas intenções. Vai, sorria, comece a colorir seus dias tão sombrios. É Setembro! Se transforme naquilo que sonhe. Abandone as lembranças de agosto, e os sofrimentos de julho. Se deixe levar.
Não reclame por ter seguido em frente. Não chore se aquele menino tão bonito já não te quer. Não impeça seu destino, não se proíba de sonhar assim, menina. Não corte suas esperanças. Não desacredite em anjos e até mesmo nos milagres. Agosto já passou, o setembro está aí. É hora de cortar as raízes e deixar tudo sem muita dor ou desespero. É hora de apostar numa nova história, numa outra vida. É hora de parar de chorar. É hora de levar sua cabeça, se maquiar, e arrumar sua vida que anda bagunçada demais. É hora de tentar.
Comece a perdoar aquelas pessoas que um dia te fizeram chorar. Comece a perdoar aquele menino que hoje tem outra pessoa. Eu sei que ele te fez perder tempo,eu sei que ele não te deu valor. Perdoe ele por tanta mágoa acumulada. Perdoe o por ter te deixado para trás e ter te esquecido dia após dias. Mas também não se culpe por nada. Se perdoe por ter depositado tantos sonhos em cima de uma história sem valor. Se perdoe por pensar em desistir da vida. Se perdoe por desistir desse menino. É o mês de perdoar e se perdoar. É o mês em que as florzinhas aparecem. É o mês de Caio Fernando Abreu. É o meu mês.
O que eu espero? Nada, não espero nem a minha maioridade, nem as flores. Um dia de cada vez, vários sonhos e inúmeras frases. Não espero que os homens canalhas se tornem santos. Não espero que o menino que me deixou volte. Sim, ele não voltar nesse Setembro, quem sabe no próximo... Mas nesse Setembro de dois mil e onze, ninguém que se foi irá retornar. Nesse mês quero muito mais do que poderia. Não quero ser masoquista, nem pisar nos outros sonhos. Nesse mês quero olhar a vida de outro modo. Quero sorrir, quero poder escrever sem mágoa. Quero aprender a silenciar, quero diminuir meu tom de voz. Não quero mais sofrer em silêncio.  Quero Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Quero o fim do ano. Quero Setembro. Quero Fé.  Nesse Setembro quero que a fé retorne. Que os sonhos se realize. Que os milagres aconteçam. Quero sorrir, aprender, enfrentar. Quero aprender os truques. Quero que aprendam o valor que tem uma pessoa. Quero que ele saiba o valor que tem um amor. Que todos nós possamos perdoar, esquecer, desejar.
Faço um esforço enorme para poder tentar aprender a ser feliz sem os outros. Faço um esforço enorme para que eu possa voltar a ser o que um dia fui. Faço esforço para esquecer. Esqueci pessoas nesse tempo. Aprendi amar outras. Mas cresci. Não em altura. Mas sei que já não sou mais aquela menina que começou esses textos. Aprendi. Superei aos poucos tudo aquilo que me fez mal. E nesse mês, nesse Setembro, traga tudo que precisamos. Que traga a fé para nós mais uma vez. Que traga a esperança depois de um dia de chuva. Que traga um amor.
Setembro, traga o que há em você de melhor. Setembro, seja bem vindo!

Ps: Quero dedicar esse texto a todas as meninas que sofrem como sofri um dia.
Ps: Quero pedir desculpas por passar tanto tempo ausente.
Ps: Um ÓTIMO Setembro a vocês!




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