26 de jul. de 2014

Moço part. 2








Moço, sabe o que eu descobri?!
Eu sou melhor sendo a doida insana
 Do que a apaixonada por você.
Sou melhor quando sou de outros
Sou melhor quando quero ser melhor
E você, moço? O que te faz feliz?


Moço, doeu muito.
Doeu por meses, eu diria.
Mas passou, sabe? Passa.
E eu não sei se fico grata
Ou se choro
Ou se me desespero
Porque não há mais nada seu aqui

Moço, eu estou vivendo
Você queria assim, lembra?
Você dizia tanto para parar de drama
E eu parei de fazer drama
Parei de me importar
Parei mesmo de ser a intensa
Parei até de vasculhar pedaços seu
Só não parei de querer

Moço, eu espero que você esteja feliz
Mas eu não estou pronta para dizer adeus
Não estou pronta para me entregar
E nem para te deletar do meu mundo
Preciso ainda enfrentar meus anjos
E preciso lutar contra teus demônios

Ai, moço!
Queria tanto me importar da mesma forma 
Queria tanto poder lhe dizer que
Ainda me importo com você
E com sua banalidade

Moço, eu te quis tanto
Tanto
E dói na mesma intensidade
Dói muito

Moço, sabe o que descobri?
Tem gente que é apaixonado por mim
Sério! Não é legal?
É a minha chance, eu sei.
Tua chance também, eu sei
Nossa chance de irmos embora

Moço, cadê você?
Minhas palavras saem tortas e sem rimas
Meus sentimentos não se encaixam
Minha voz não existe mais
E faz tanto frio lá fora
Aquele frio que era tão idêntico a você

Moço, antes que seja tarde
Me toque!
Toque igual você sempre me tocava.

Moço, antes que eu vá embora
Escreva!
Escreva um poema em forma de desculpas.

Moço, antes que eu termine
Me queira!
Queira da mesma forma que te quis

Moço, antes que eu desligue
Me procure!
Me procure nas outras meninas
Nas outras estradas
Nos outros perfumes
E nos outros cabelos loiros

Me encontre no seu passado
E dessa vez apenas te peço 
Para que não me deixe ir embora de novo

Me encontre no seu passado
E te peço pela milésima vez
Não me deixe embora
Não dessa vez.


25 de jul. de 2014

O adeus das coisas





Não costumo criar laços, e aí tatuei um laço para lembrar que isso é realmente necessário. Não gosto, e não me sinto bem em ficar criando expectativa, esperança em cima das coisas, então, logo me adaptei ao pessimismo, e sempre acredito apenas no que eu sinto, no que eu vejo e no que escrevo. Por mais que, a pessoa diga inúmeras vezes o quanto ela gosta de mim, o quanto me quer por perto, o quanto sou uma mulher incrível, saiba que estou desconfiando do início ao fim, e que estou juntando atitudes, palavras e feições para que tudo se encaixe nas minhas teorias de conspiração.

Não gosto de me despedir, e eu não estava acostumada com isso. Na verdade, as pessoas sempre se despediram de mim pela forma da morte mesmo. Quando vi minha avó pela última vez, prometi que iria voltar a tarde para visitá-la no hospital, e não voltei. Lembro que me deu um faniquito interior, e não disse adeus. Lembro também quando vi meu padrinho pela última vez, mas não foi uma memória tão viva, a imagem que não irá se apagar nunca é quando ele me deu um adeus lá da varanda do seu prédio, e eu chorava loucamente dentro do carro do meu padrasto. Não sei dizer adeus. Não sei criar laços. E eu tenho sérios problemas com isso.

Sou ótima em começar as coisas. Ótima em descobrir cosméticos, truques para cabelos, truques para a pele, marcas de roupa. Sou ótima em me apaixonar por desconhecidos umas cinco vezes ao mês. Sou ótima em começar a história e péssima para colocar pontos finais. Sou ótima em enrolar as pessoas, e me boicotar. Sou ótima em dar perdidos, e desculpas. Sou ótima em tantas coisas, e sou péssima em dizer adeus.

Quando disse adeus pela primeira vez, foi numa rodoviária. Eu disse tchau pro meu pai e entrei no ônibus. Era a primeira vez que eu havia viajado sozinha, e eu quis chorar. Juro que quis chorar mas não sei o motivo. Vai ver que acho tão bonito gente chorando nas despedidas, e resolvi chorar. Vai que era TPM, saudade, medo, desconsolo. Era um misto de sentimentos que não consigo numerar.

Disse adeus ao primeiro cara que gostei verdadeiramente na vida. Eu o amava e muito. Eu o queria por perto e muito. Mas preferi viver minha mentira do que abraçar a minha verdade tão exposta e que estava na minha frente todo o fim de semana. Chorei por meses, mas não foi por arrependimento. Chorei por meses porque realmente estava apaixonada e eu não sabia lidar com isso. Mas conforme a minha vida, eu parei de chorar e segui minha vida, porque não tinha mais nada pra fazer.

Quando eu saia da casa de outro cara que eu tive um caso, eu não dizia adeus. Eu apenas saía por aquele portãozinho e não tinha nem coragem de olhar para trás. Porque eu sabia que se olhasse, eu iria querer voltar. Eu sabia que se eu olhasse, eu iria realmente querer voltar atrás, e me boicotar novamente. Sabia também que, era melhor assim, então, graças ao segundo homem que me envolvi, eu aprendi a dizer adeus.
Isso soa meio patético, e parecido com alguma música sertaneja. Isso soa tão patético, que é melhor dizer que tudo era até logo, querido. 

Terminei relações sem ao menos me dar conta que era um adeus. Não comecei relações por medo de chegar no adeus. Dizer adeus me apavora porque nunca sei o outro dia. E eu, impulsiva e composta de urgências, quero ter resposta para tudo. O adeus. Aquele tchauzinho frio de longe. Aquele sentimentozinho tão triste. É como se fosse a morte, só que ao contrário disso, a pessoa está lá, vivendo e sendo incrível, e você aí, do outro lado, também querendo viver, e também querendo ser incrível.

Porque eu tenho medo de dar adeus e nunca mais ser sua. Tenho medo de seguir em frente sem ao menos saber que vou poder voltar correndo e dizer que tudo isso é engano. Tenho medo que outro cara possa me ver tão nua e crua. Tão despedaçada e tão desconfigurada. Tenho tanto medo de dar adeus, e por isso, te encaixo ao meu mundo mesmo que você não queira ficar.

 O incrível the end. O assustador ponto final. E o que virá depois? Olha, não sei te informar, só apenas te encorajo a ir. Por mais que doa, por mais que seja assustador, vá junto. Diga adeus ou não diga nada.


 Adeus você - Los Hermanos 

24 de jul. de 2014

O jeito de louca é charme ou não



Perco a hora, não escuto o despertador tocar. Esqueço nomes, pronomes, e substantivo. Esqueço rostos, curvas, e estradas. Esqueço de temperar minha salada, e se temperei, também esqueço disso. Vivo de desculpas, me visto de disfarces. É fácil bancar a sofrida apaixonada quando você não tem que lidar com o mundo. É fácil bancar a sofrida, apaixonada, largada e bêbada quando não tem milhões de coisas para estudar para a faculdade. É muito fácil ser adapta ao good vibes quando você não tem o mundo gritando em seu ouvido querendo uma explicação para tudo, e para todos.

Nunca gostei muito do jeito que sou. Aos 3 anos, resolvi que queria ter o cabelo enrolado, e eu na maior inocência do mundo, e com os cabelos lisos, queria porque queria ter o cabelo da Biba do Castelo Ra-Tim-Bum, e logo em seguida, queria ter os sapatos iguais ao dela. Aos 5, resolvi que queria viver de cabelo de rabo de cavalo mas eu, com aquele cabelo liso escorrido, não dava nem para fazer um coque frouxinho. Aos 6, resolvi que seria bailarina, e depois ser da cor azul. Aos 10, resolvi que queria ser cientista e descobrir a cura da AIDS. Aos 16, resolvi que seria escritora. Aos 17, resolvi que seria sofrida. Aos 20, resolvi que apenas queria viver minha vida conforme a música manda. Deixo a vida me levar, e não me importo com o destino.

É quase uma ofensa quando entro em um relacionamento compostos de joguinhos. É quase uma ofensa quando dizem que estão apaixonados por mim. Porque eu, que sou tão intensa, quero que sejam claros, e limpos. Não sou composta de urgências, mas sou composta de desvios de curva, e de autossuficiência. Não sou composta de sentimentalismo a flor da pele, mas sou feita de declarações na madrugada, e principalmente se eu estiver bêbada. Não sou composta de saudade, mas vivo de nostalgia, vivo relembrando, mas não voltaria para nenhuma etapa da minha vida.

Se eu encontrasse a Layla de antes, eu apenas diria para ter calma. Diria também que o mundo é um tanto quanto cruel. Diria até mesmo que com o tempo você iria do lixo ao luxo, e do luxo ao lixo diversas vezes. Mas não há pânico nenhum, e não há medo algum de assumir isso.  Posso ter tentado ser tudo, ser a menina apaixonada e ter virado a louca obsessiva por festas, vazio e álcool. Posso ter me tornado a menina sofrida que encolhia ao dormir, e depois ter me tornado a que dá graças a Deus por dormir sozinha em uma cama de casal. Tudo é fase, tudo é passageiro, e com o tempo você percebe que as dores também.

Aos poucos, a ferida cicatriza. Aos poucos, tudo muda, e eu agradeço todos os dias para isso. Agradeço por saber seguir em frente mesmo não querendo. Agradeço por ter conseguido a não me questionar, e nem duvidar tanto das pessoas. Não tenho medo e não me desespero mais. Perco a hora, perco o relógio, perco o batom na festa, perco meu batom beijando outros caras, mas só não perco a 
a mania de começar um texto tão bem resolvido e de terminar falando sobre você. 

15 de jul. de 2014

Cuspir




Cuspi frases soltas
Vomitei sinceridade
Vomitei a saudade entalada no fundo da garganta
Vomitei frases mal feitas
Vomitei aquelas coisas que nunca deveriam ser ditar por ninguém

Cuspi saudade
Vomitei paz interior
Vomitei meu ego
Meu sossego
Meu consolo

Cuspi caminhos perdidos
Vomitei tensão
Vomitei músicas clichês
Vomitei até poemas inacabados

Cuspi despedidas
Vomitei choros
Vomitei desconsolo
Vomitei os nós que habitavam minha garganta


Cuspi recomeço
Vomitei uma saudade inconsolável

Um ego inconsolável
Um caminho deslocado
Uma resposta inacabado

Vomitei seu rosto
Cuspi suas frases
Vomitei tua vida
Cuspi a minha vida

Cuspi um ponto final
Mas virou reticências
Até que o escritor delete
Ou até que escritor se transforme na decadência

8 de jul. de 2014

Dois sendo um




Ela leu todos os livros de Neruda, Lispector e Bukowski. Havia viajado para Bahia, aprendeu mapa astral, aprendeu magia negra, aprendeu a falar em público e até mesmo o nome das constelações. Cantava Caetano, Chico Buarque, Adriana Calcanhotto e até mesmo ópera, mesmo que tudo fosse tão desafinado. Gostava de comida japonesa, mas sentia nojinho de imaginar comendo polvo, e conseguiu gostar de suas tatuagens e cicatrizes.

Ele era um nada. Um ali no canto sozinho. A solidão não tinha medo dele, e ele não tinha medo algum. Nem da morte. Nem do vazio. Nem daquele silêncio que invadia seu quarto todas as noites. Conhecia todos os pagodes e sambas. Não lia nada do que mandavam. Palavras vazias se encaixavam em seu vocabulário, e era feito de ar. Totalmente feito de ar.

Ela sabia que a dor não era um privilégio para todos. E sabia também que seu sentimentalismo exagerado era apenas uma peça que não se encaixava em sua vida, mas que ainda assim, agradecia por ser assim: tão cheia de dor, de vida e de borboletas soltas. Ora, sim, borboletas. Ela imaginava que a liberdade tinha gosto de framboesa em forma de borboletas. Eu não sei o que isso significava, mas apenas gosto de repassar para dizer o que ela me disse: Borboletas com framboesa, é assim que consigo imaginar a liberdade.

Ele sabia que sua conexão com ela era baixa, quase negativa. Tão frio que chegava a ser confundido com uma geleira do Iceberg que acertou Titanic. Tão distante que poderia ser rotulado como uma pista de corrida. Tão indiferente que poderia até ser qualquer desconhecido sem graça. Na verdade, por trás de toda indiferença, negativada, distância, e frieza, era tudo aquilo que o deixava tão melhor de todos. Tão diferente de todos.

Eles se encontram em uma noite qualquer, numa noite frienta. Tão fria que poderia ser parte daquele menino. E ela, tão cheia de borboletas, e tão cheia das histórias e confusões. Nem parecia que eram da mesma idade. Ela tão cheia de aventuras completas, e ele completo de vazio. Aquele vazio que sempre fez parte da vidinha dele, do mundinho dele, das frases feitas. Ela, tão cheia das aventuras e encrencas. E ele tão cheio de pessoas vazias, e de sua própria vida tão vazia.

Se encontram, foram felizes até o prelúdio, como diria a música de Caetano. Se aguentaram enquanto deram. Se aturaram enquanto puderam. Ela havia se apaixonado, ele não. Ela havia sentido saudade nas noites estranhas, ele estava com outras. Ela havia tentado se entregar para outros caras, e ele estava com outras mulheres já entregues.

Foram felizes do jeito que era certo: Sozinhos, e longe um do outro.
Ela, com sua vida cheia de borboletas com gosto de framboesas.
E ele, com sua vida cheia de meninas fáceis, com gostos estranhos.

5 de jul. de 2014

Crônica do não amor



Prometi que não iria mais escrever, e até mesmo negar que a poesia vive em mim. Prometi que iria ser moderninha, cool, e desapegada, mas também acho tão mais interessante em ficar deitada no peito daquele bonitinho que eu o conheço tão bem e ele me conhece tão bem mas que não podemos viver juntos. Prometi até mesmo que iria me apaixonar por quem se apaixona por mim. Prometi também que iria ser mais legal, e tentar ser mais sociável. Prometi tantas coisas e cheguei a conclusão que odeio prometer porque sei que não cumpro nem 1% de tudo que eu digo que vou fazer.

Sabe, a vida é tão engraçada, e eu odeio esses joguinhos complexos que ela apronta. Meu amigo havia se declarado por mim, e eu não sabia mais como lidar. Na verdade, agora sei quando chorei para um cara implorando o amor dele. Agora sei como é ter que implorar o amor, e a pessoa simplesmente dizer que não, que não dá, que é melhor deixar para lá. Agora eu sei como é olhar a pessoa e saber que ela carrega um amor por mim. Agora eu sei e entendo bem, então, quero deixar meu pedido de desculpas a todos os caras que já chorei, bêbada, implorando o amor.

Enfim, meu amigo se apaixonou por mim, e eu pela lógica, deveria me apaixonar por ele. Mas nada disso, eu estava com outro cara. Esse tipo de cara que acha legal fumar, sabe? Esse tipo de cara que você pode ficar pelada na frente dele, e que ele não vai conseguir te arrepiar porque seu corpo simplesmente trava. Não há química, os horóscopos não batem, e eu só quero assustá-lo. Eu, que sempre fui a melhor de todas em estragar relacionamentos, dessa vez, não estou conseguindo fazer com que o menino desapaixone. Eu, que sempre me apaixonei por quem não deveria, até pensei em levar a vida com ele, mas meu corpo rejeita, e meu pecado só aumenta.

A vida desacontece quando solto um não para ele. A vida se fecha quando rejeito o pedido de namoro porque simplesmente não estou apaixonada o suficiente, ou sendo mais franca o possível: eu não estou tão afim de você. Triste, prático, e constrangedor. Tão triste saber que poderia ser feliz, que poderia até mesmo prometer coisas que sei que iria cumprir. Tão triste ter que deitar, revirar e não conseguir dormir porque simplesmente meus pensamentos dançam tango enquanto penso novamente como seria a vida ao lado dele.

Talvez, eu seja só uma mulher feminista e ele, um homem machista. Talvez, o nosso corpo não se encaixe porque não quero. O toque dele não me arrepia. A boca dele não me atrai. Talvez, eu deveria tentar. Mas talvez também, deveria sair correndo e ir parar na Groenlândia. O cara fumante é legal, é interessante, e gosta de mim, qual é o meu problema, mundo? Eu nem ao menos tentei, mas também, não quero tentar porque tenho preguiça de tudo que é novo. Gosto mesmo do velho, daquele que sabe o que eu sou ou que deixei de saber.

Posso pedir para que a vida assuma seu papel? Eu não quero fazer parte disso. Não quero mais lutar contra a vida. Só quero ir com a correnteza. Porque depois de anos de nadando contra a maré, chega uma hora que a gente só quer ir. Não sabe pra onde, e nem quando. Mas só tem a plena certeza que quer ir. E eu quero ir, quero ser carregada, e queimada por aquilo que acho certo. Mas só não quero que ele vá junto, porque definitivamente: Não há amor. E não quero estar com alguém sabendo que eu não o amo.

Só quero ir. Mesmo que doa. Mesmo que arda. Só quero ir. Sem promessas. Sem joguinhos ilusórios, sem qualquer desculpa. Só apenas quero ir. Só. 




Nota: Foto do livro "O amor é um cão dos diabos" de Charles Bukowski 

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