31 de mai. de 2011

O silêncio



Eu poderia dizer milhares de coisas. Posso ainda dizer que te amei ou que te quero por perto. Posso criar um final feliz para essa história. E posso até mesmo jogar na tua cara coisas que jamais tive coragem mas que me fizeram sofrer. Mas tenho algo que eu posso fazer muito bem e que ninguém poderá reclamar: Posso ficar em silêncio. 
Exatamente isso. Posso calar minha boca e não falar nenhuma história mais sobre a nossa história. Então, declaro o silêncio novamente. Você pode ter me amado mas também pode ter só me feito de tonta. Não é assim que o povo tem mania de ver os mineiros?! Eles acham uma graça dizer que os mineiros são ingênuos – e que acreditam em promessas – Mas venho aqui, dizer, que isso é mentira. Totalmente mentira. Eu não acredito em promessa. E eu declarei silêncio. Veja só : A menina mais faladeira  resolveu dar o gelo no menino que ela sempre quis. Caótico, não é? Pois é, também acho.
Descobri que sou muito mais além de você. Não vivo no seu mundinho somente. Não quero ser bonita só para você. Não quero escrever bem só para que você me elogie. Minha vida continua, e eu preciso acreditar nisso. Preciso mudar o foco e acreditar em outras coisas. Preciso de inúmeras coisas que não me fazem ser o que sou. E uma delas seria largar você. Esquecer o passado é finalmente te deixar no passado.  Nenhuma palavra, nenhum sinal, nenhum contato, nenhuma ligação. Nenhuma coisa que possa nos unir novamente. Nenhum momento será lembrado com raiva. Mas também, nenhum momento será literalmente colocado em prática.
Escolhi o silêncio porque não quero parecer chata, não quero ser repetitiva, muito menos melosa – E eu odeio gente assim - .  Prefiro o silêncio porque não tenho nada melhor a dizer sobre você ou até mesmo sobre mim. Não quero te contar nada, por mais estranho que possa parecer, quero te deixar longe de toda essa confusão que criei. Quero te ver longe, seguindo sua vida, sendo totalmente feliz, do jeito que você sempre soube fazer. Sou masoquista ao ponto de dizer isso, porque sei que mais tarde vou me torturar com aquele drama barato de “ele seguiu em frente e eu fiquei para trás” . Mas o seu abandono fez com que a dor que acumulei dentro do meu peito por anos e anos viesse com força.
Você acredita em sonhos mas não o segue. E eu sou o oposto. Não acredito e sigo algo que não sei. Vou andando, correndo atrás, mas não sei realmente o que estou fazendo. Às vezes, tudo me parece difícil, intacto e destrutivo. Tudo que eu mais quero é desistir : desistir de mim, de você, do meu futuro e de toda merda que acontece. O silêncio se fez presente em mim, e em você.
Não sei por que você quis o silêncio. Não sei o motivo para que você goste tanto dele. Sua partida fez com que pudesse aprender mais, a valorizar mais, sonhar mais. Sua partida trouxe o que ninguém tinha trago. E por incrível que pareça, aprendi coisas lindas com isso. O silêncio se fez entre nós, mas deixa eu falar rapidinho? 

29 de mai. de 2011

Mudar





Mudar : v.t. Remover, pôr em outro lugar, deslocar.
Alterar, modificar, transformar, converter.
Trocar, substituir.
V.i.. e v.pr. Transferir a residência, trocar de domicílio.


Eu mudei, você também. Ninguém precisa ficar sabendo disso, mas achei melhor te dizer. Aos poucos, fui aprendendo que eu posso viver sem você, posso sorrir, posso até mesmo tentar ser inteira novamente. Nada de pedaços de mim espalhados pela cidade, nada de choros intermináveis, nem a carência que sempre predomina. Tudo anda conforme o esperado. Não quero me apaixonar ou me sentir a mais sozinha da cidade. Quero ser algo diferente, não sei como. Só quero que esse vazio passe, só quero que essa falta inconsolável acabe de uma vez por todas. Fica comigo ou vai, para sempre. Não agüento esses eternos retornos. Não agüento ver o amor indo e vindo. Não agüento mais tudo isso que criei e não agüento mais gostar de você. Quero que o tempo passe, quero provar para mim que consigo sobreviver sem você. Eu sei que consigo.  Sempre fiz planos impossíveis, alguns caóticos, outros mais normais, mas ainda assim são impossíveis. E eu não quero que esse seja impossível, quero que tudo seja possível mesmo que minha alma continue sendo tão pequena. Não encaro, não enfrento, não me movo. Fico parada esperando por algo que não vai chegar. Ando querendo ser tudo o que não fui. Estou deixando a mágoa, a tristeza, o vazio de lado, estou querendo enfrentar o que sempre tive medo. Estou querendo ser alguém melhor, e querendo que todos percebam o quão mudei depois que você se foi.  Queria que tudo mudasse, queria que você voltasse ou ficasse de uma fez. Preciso começar, preciso dar um fim para essa primeiro, preciso fazer tantas coisas que não sei se dará tempo.
Te amei de maneira lógica e individualista, não dei espaço para que você pudesse me amar. Não dei espaço para que tuas brincadeirinhas sobre a gente fosse levada a sério. Não quis que desse certo pelo simples fato de qualquer maneira tudo iria passar e eu viraria lembrança de um adolescente. Mas foi exatamente isso que aconteceu. Sou a lembrança de sua adolescência. E você será a lembrança da minha juventude. Te amei de uma maneira diferente. Nunca disse nada que me comprometesse, não suporto que joguem na minha cara mais tarde. Mas ainda assim, eu te amava. Ainda assim, te queria por perto. Não sempre, porque nunca fomos um legítimo casal, mas de vez em quando, para que ninguém pudesse ocupar o seu lugar dentro de mim.  Não te queria sempre, não te quero sempre. Te quero, às vezes, quase desesperadamente – de uma forma deprimente -  Te quero quando tudo está perdido e eu sei que você iria me confortar, você iria me lembrar que eu sempre quis ser feliz.
Eu queria ter sido a mulher que mudaria sua vida. Queria ter sido a que ninguém chegou a ser para você. Queria ter sido a que nunca iria te abandonar, a que nunca iria te julgar pelos teus erros, mas ainda assim, acabaria julgando. Eu queria ter sido a menina que você iria sonhar todas as noites. Queria ter sido mesmo, dessa vez não tenho medo. Mas sou complicada, e meus amores também são. E tudo que eu queria é que fosse menos intenso. Estou exausta de amar e desamar de uma maneira tão rápida. Tudo isso me cansa. Sempre tive medo de olhar para trás e ver que você está lá, somente no meu passado, somente sendo lembrado pelo mal que me fez e pela mágoa que eu sinto hoje. Mas é tão impossível controlar a vida, é tão impossível evitar não olhar para frente.
Eu preciso ser bem resolvida. Pelo menos uma vez em toda minha vida. Não posso deixar a tristeza chegar. Tenho que controlar. Sou moderna, e quase independente, e por isso, tenho que fingir que não acredito no amor, mesmo acreditando inúmeras vezes. Sentem medo do que eu sinto, sentem medo do que eu posso fazer. Eu também sinto medo de tudo isso. Mas não sei. A mudança é hoje, agora. Por mais que eu goste, por mais que eu queira ter você por perto, eu preciso seguir minha vida como você fez um dia. 

27 de mai. de 2011

A menina bizarra cresceu




Nunca quis fazer parte de padrões. Na escola, eu tinha uma melhor amiga que o sonho dela era arrumar um namorado e nós combinamos, quando chegássemos na oitava série, nós iríamos conseguir arrumar uns namoradinhos por aí. Certo. Ela se apaixonou, e eu também me apaixonei – por caras diferentes – Só que havia um problema, o cara que eu havia me apaixonado jamais iria me dar moral, sabe por quê? Porque eu era amiga dele, a amiga feia dele. E essa minha amiga não, ela foi feliz. O tempo passou, hoje, essa minha amiga ainda namora. Enquanto essa minha amiga namorava um cara, em dois mil e oito, eu estava namorando um cara também, mas para fazer ciúmes nesse meu amigo. Que dó de mim, mas enfim, fiquei um tempo com esse menino tão caótico, e depois, segui minha vida.E esse mesmo menino que eu amei infinitamente – que durou muito pouco para ser tão infinito assim – chegou a me amar por alguns meses, mas havia um problema. Eu já estava num relacionamento complicado. Na verdade, só me envolvo com homens complicados. Era eu, meu namorado, esse amor do passado, mais esse amor do blog. Um quarteto amoroso da porra. Um quarteto amoroso que eu estava quase mandando para puta que pariu. 
Nunca fiz parte alguma de seleção entre as melhores, as mais bonitas ou as mais cogitadas para sair. Sempre fui a garotinha estranha que usava soutien de enchimento para conquistar alguém, sabe-se lá quem. Ou pior, eu era a garotinha estranha que tinha um cabelo mais estranho e havia se apaixonado pelo amigo. Mas ainda assim, segui em frente. Eu ainda era a menos cogitada, a menos falada, e a menos notada e para piorar a situação, eu era a que se apaixonava fácil. E eu não me importava com isso. Me entregava mesmo. Amava mesmo. Me dava mesmo e sorte daquele que podia me amar. Até que mudei. Parei de tanta graça e começaram a falar que eu era manipuladora. Parece que a menina tão ingênua, que amava o melhor amigo, já não era mais assim tão doce.
O tempo passou. Já não tinha treze, nem quatorze anos. Tinha quinze. Querendo ser independente, e achando que mandava no próprio nariz.  Síndrome de quinze anos, quem nunca teve? E eu me apaixonei perdidamente por ele. Aí, chegou ele. Ele, com um nome lindo, um sorriso lindo, tão independente, tão indiferente, tão pegador, tão...tão o que eu sempre quis. Puxa! Ele era lindo. E eu ainda continuava sendo a menina bizarra que havia aprendido a escrever cartas apaixonadas. Mas eu não me importava. Eu queria ele. Que pena do mundo que não me queria com ele. Que pena de todo mundo que não o conheceu. Por parte dele poucas pessoas souberam de mim. Da minha parte, todo mundo soube e ninguém mais agüentava – agüenta – ouvir sobre isso. Ele não era o pior de todos os cafajestes mas também não era o cara fofinho que minha mãe sempre sonhou que eu casasse.
Ele era ele. Individualista, intrigante, cheio de perguntas sobre sua personalidade. E eu era apenas uma bizarra que deixou isso para trás. O cabelo ficou liso, cresci, meu corpo foi criando formas e eu lutei para isso. Mas depois de tanta conversa, de tanto falatório, ele simplesmente foi embora e me mandou ir embora também. E eu teimosa, bati o pé. Não vou embora, eu te espero. Mas ele não quis nem saber, foi embora. Foi embora e nunca mais falou nada. Já não sou mais apaixonada pelo meu amigo, e pouco tenho contato com essa minha amiga. Mas tudo passou. O menino tão perfeito de olhos perfeitos e sorriso intrigante não passou. Ficou parado na minha vida. Na verdade, ele passou, o corpo dele sim, mas as lembranças não. Me olho no espelho e não me reconheço. A menina bizarra havia se transformado apenas numa menina, que hoje se transformou nos restos de tudo. Há olheiras, há sorriso vazio, há um olhar enigmático. Não me vejo mais como antes. Não quero ser a mais bonita, afinal, nunca fui a mais bonita de nada e não vai ser agora que vou tentar mudar essas coisas. Não quero ser melhor, não quero ser pior. Quero ser o que sempre fui. Quero me encontrar com ele diversas vezes ainda sendo que há uma força muito maior me jogando para o outro lado. Quero ser o seu colo quente, o seu abraçado que dará conforto, e o sorriso que trará segurança. Quero ser o seu amor mais simples, mais calmo, mais amplo de todos os amores que poderia sentir. Não há mais quarteto amoroso. Quero ser seu conto mais lindo, seu sonho mais puro, o seu beijo sincero. Quero teus planos junto com os meus, quero teu futuro comigo.
Meu ficante oficial seguiu a vida, meu melhor amigo sempre volta. Mas o menino que eu sempre quis ter ao meu lado jamais voltou. Se passaram quase duzentos dias que ele se foi. Se passou tanto tempo que já deixei de ser o que eu era para ele. Não sei o que eu cheguei a ser, mas sei que ele me via do jeito que precisava. Não se importava se eu era ou não a bizarra que tinha um plano de arrumar um namorado na oitava série, nem a tonta que se apaixonou várias vezes pelo o amigo.
Ele gostava de conversar comigo. Eu, a menina que escrevia e sempre foi fria. Eu, a menina que deixou de existir faz tanto tempo. E agora, só sobrou alguém que não sei quem, que deseja desesperadamente que tudo acabe o mais logo possível. Tenho um punhado de contos amorosos verídicos. Todos os contos, fui a vilã e dessa vez, no meu maior conto de todos, sou apenas uma personagem. A personagem que virou a coitadinha, a vilãzinha. Fui todas em apenas uma. Meu abatimento é visível. Minha bagunça já não é somente interna. Minha vida passou a ser sem graça. Sei que por mais que tudo pareça difícil, continuo sendo a mesma de sempre. Jamais deixei morrer a menina estranha que vivia dentro de mim. Eu não vou me calar. Tenho direito ao grito, e por isso, eu grito. Nunca gostei de me explicar e por isso, tudo pode aparentar confuso demais. Todo mundo acha que ele é apenas uma idealização. Mas você sabe, esse texto é para você. E eu sei que estou exposta, imoral, e chorona. Mas não posso fazer nada. Hoje, só quero que tudo acabe o mais rápido possível. A bizarrice está enorme. Os meus planos acabaram. Cansei de me doer tanto por ele.
Continuarei seguindo minha vida. Continuarei rejeitando o amor. Eu só queria que tudo passasse. Só queria que a dor que reside em meus textos acabasse. Quero sorrir em paz, sem me preocupar com os meus caos amorosos. Não quero continuar. Quero parar por aqui. Quero ficar, preciso te esperar, preciso conversar com alguém. Mas como posso conversar se eu só sei falar de tudo que me dói? Preciso mudar de assunto antes que a loucura chegue para valer. – Porque para alguns, a loucura já me tomou por completo – Nunca quis ser igual, nunca quis ter amores iguais, nunca quis ser do grupo das apaixonadas-melosas-de-plantão.  Nunca estive em seus planos, nunca sonhou comigo, mas não sei se me quis mal. Só sei que isso tudo vai passar, como sempre passou. Só sei que vou acabar virando lembrança entre meu amigo, meu ficante, minha amiga e o cara que entreguei minha vida nas mãos dele. Tudo vai passar. Absolutamente tudo. 

26 de mai. de 2011

A sua busca




Eu cresci. Não de altura, nem de largura. Mas cresci, comecei a ver a vida de um modo diferente. Já não sou mais o narrador, sou a pequena personagem entre tantas as outras que mal sabe o que quer. Ele também cresceu, imagino. Virou um homem decidido, bem resolvido, e pegador – aceito os fatos, ele sempre fora assim – Eu o amava de uma forma impossível e constrangedora, mas era bonitinha de se ver. Dolorida demais, inútil demais, mas ainda assim, era bonitinha. Afinal, sou dolorida, sou sofrida e um pouquinho impossível. Sou tão eu de vez em quando, mas às vezes, deixo de ser eu para me tornar alguém que não sou. Viro uma pessoa totalmente diferente. Admito, sou fria, não me importo muito com essas coisas de sentimentos, nem pelo que – algumas – pessoas sentem por mim. Sou isso, e todo mundo está sujeito a me amar ou me odiar pelo que sou.  Sou assim, entrei meios e termos. Sou a neblina e o sol, o ódio e o amor. Sou um misto imenso de tudo e de todos. Me sinto na responsabilidade de falar por quem não tem voz. Sou do grito, da carência, dos beijos, dos abraços. Sou o que você consegue ver. Mas quando me olhar, não saberá os mistérios que escondo atrás de mim. Exposta, dolorida e um pouquinho sensata. Afinal, se a minha sensatez fosse enorme, hoje não estaria sofrendo por algo que não lembra mais de mim.
Deixei o que não me importava mais, esqueci o inesquecível, enfrentei o que me dava medo. E ainda assim, continuei nesse amor insensato, inútil, inacreditável. Não queria mais dizer o nome dele, nem ao menos pensar. Tenho que ser adulta, tenho que me comportar. É isso que cobram de mim, é isso que dizem. Mas aí, continuo nessa eterna busca de como encontrá-lo. Ele – o menino que resolvi entregar todos os meus sonhos em suas mãos – Não importei se iria usar ou não as pessoas, a única coisa que queria é chegar ao fim dessa história logo. Pensei que quanto mais o tempo passasse, mais seria fácil conversar, entrar em detalhes sobre o assunto. Mas eu não gosto de falar nada, não gosto de explicar, nem de resolver isso. Deixo como se tudo fosse se resolver um dia, como se meus sonhos fossem eternos, como se meu amor fosse verdadeiro. Eu olhava procurando esse menino, mas sabia que não iria te avistar nunca, mas ainda assim, procurava. Quando mais o tempo passava, maior era busca. O tempo passava – voava – E ainda era ele, ainda é.
Me obrigam a tornar algo que não sei. A Layla precisa amar. A Layla não ama ninguém. A Layla é sem coração. A Layla precisa sair. A Layla é dramática. A Layla é isso, a Layla é aquilo outro. Preciso viver para chegar até nele, mas não quero isso. Não quero viver. Preciso ser feliz, viver novas situações para saber se vou realmente encontrá-lo sem querer por aí.  Saí por aí, não me dei o valor, não me importava se iriam ou não me usar, não me importei se chegaria bêbada em casa, não importei com as lágrimas que derramei quando chegava, porque ainda assim, me sentia sozinha. Sinto culpada. Fui horrível com os outros mas descobri que fui três vezes pior comigo. Isso me faz parecer chata, me faz até parecer um monstro. Mas não sou assim. Sou fria, calculista, e sei quando devo ou não ir. E aí descobri. Não era amor, não mesmo. Você nunca me amou, e eu continuei nessa idealização sobre sua busca eterna.
Sinto que a busca pode acabar a qualquer momento. Como se eu pudesse sair de casa e me deparasse com ele, sem querer – com aquele mesmo ar de prepotência – Eu ainda olho procurando rastros, acumulo frases – sei exatamente o que falar quando encontrar sem querer – Ele não era esse que me usou, ele não era esse que elogiou mais o meu corpo do que realmente sou, ele não é esse outro que me deixa com peso na consciência.  Nunca soube o motivo de tudo isso, a única coisa que realmente sabia era que me doía inteira. Eu precisava sair dessa, eu precisava parar de me machucar assim. Precisava parar de acabar com o restinho de fé que habitava em mim. Mas eu sabia, que mais cedo ou mais tarde, você chegaria. E eu sabia, nada foi em vão. Saberei também, que a sua busca só me deu uma força que achava que não existia. Sua partida me ensinou a viver, me ensinou o real sentido da dor. Aprendi a ser várias meninas em apenas uma. Aprendi tantas coisas. E a sua busca me faz parecer chata, mas sei que um dia te encontrarei novamente. Não agora, não hoje, mas daqui um tempo. Um tempo em que eu poderei olhar para trás e continuarei sabendo que nada do que eu fiz foi em vão.




Nota: Ando mal, ando sem esperança, ando com quase todos os problemas do mundo. Então, meus textos estão perdendo a graça, sei disso. Espero que entenda. Andei um pouco ausente por motivos pessoais e escolares (provas e mais provas), quero que saiba que gosto do que faço e por isso, sempre que der, venho correndo postar. Um beijo, se cuidem. Layla Péres. 

23 de mai. de 2011

Aqueles dois novamente



Ela pensa nele. Não todo momento, não todos os dias, e nem todas as noites antes de dormir. Ele também deve pensar nela, não com tanta freqüência, mas com aquela vontade de saber se ela está realmente bem. O destino fez com que esses dois se separassem. Cada um seguiu o seu rumo.  Cada um foi ser feliz do jeito que sempre soube. Ela voltou a escrever. Ele voltou para as festas, para o tumulto, para as mulheres. E todos adoravam aquela idéia maluca da menina, e todos adoram o jeito pegador do menino – claro, o menino é realmente um devastador de coração e jamais soube cuidar do que ele sempre teve nas mãos, ele nunca deu valor a ela -  A menina tinha dezessete anos e se perguntara todas as noites o que tinha feito de tão errado para merecer o desprezo dele. Por que ele não me queria por perto?

Aqueles dois não sabiam o que eles tinham que um sempre voltava para o lado do outro. O que há de tão especial nessa história toda? O que há de tão incrível assim para que ela o mereça? E a doce menina que ele a conhecera já não era mais tão doce. Era áspera, meio devassa, meio louca, meio desumana. Agora ele não sabia o que tinha acontecido para que ela se tornasse assim. Ninguém também sabia, mas também, ninguém se importava. Meio louca, meio gente, meio assim, cheia de meios. O menino estava também mais velho, e se perguntara todas as noites o que tinha feito de tão complexo para que ela se afastasse de uma maneira tão bruta. Por que ela se tornou assim?

Todo mundo sabe, todo mundo finge que não lê e finge que não a conhece. Mas sabe que o olhar caloroso daquela menina se tornou num simples olhar de compaixão. Um olhar de pena, de sono do mundo. Um olhar de querer matar quem se atrever a mandar procurar outra coisa a não ser escrever. Um olhar vazio, distante. Ela se tornou distante. Ela sempre foi distante para ele, e vice-versa.  Tudo era lindo, bonitinho, fofinho, apertável. Mas já que havia tanta beleza por que não poderia ter uns pontinhos de tristeza nessa história?

Em um ritmo de dança, tango, salsa, merengue, valsa. Num ritmo rápido de qualquer melodia fez com que ele voltasse para perto dela. Não relativamente perto, mas perto, de um modo que ela ainda poderia sentir sua presença. De um modo em que o mundo poderia parar a qualquer momento e que tudo continuaria bem, porque ele estava perto e sabia o que estava acontecendo. E assim, dançaram essa melodia por muito tempo. O ritmo foi acabando, o dia foi aparecendo, e espera aí, a música acabou? Sim, a música acabou. E os dois pararam de dançar.

Os dois se tornaram Ela e Ele. Apenas isso. Uma vida separada. Um tempo de idas e vindas que  – in -felizmente tudo está se acabando. O amor está morrendo, a doçura se colocou num lugar bem alto em que ninguém pode alcançar.  Ele se lembra dela quando alguém mostra algo novo. Ela se lembra dele quando ele dizia que estava lendo tais livros. Hoje, depois de um, dois anos, tudo continua igual. Ele saí a procura de livros, e ela saí a procura de músicas. De vez em quando os papéis se invertem. Ele vai para o lugar dela, vira o sofredor. Ela vai para o lugar dele, vira uma verdadeira devassa.

Novamente se foram para longe. E assim, a vida seguiu novamente. Ela voltou a escrever – não que seja um defeito, mas isso a impede de seguir a sua vida – E ele voltou para o tumulto – não que ele estivesse parado com essa vida agitada quando a conheceu – Mas de repente, um se pergunta do outro em silêncio, em noites totalmente silenciosas. Mas ainda preferem se manter distante, para que um possa viver a sua vida. E sabem que na hora que for, os dois vão voltar e continuarão a ser o que sempre foram.

Ele se lembra da voz de sono dela, e sente saudades, mas prefere ficar calado, ela preferiu isso também. Ela lembra de sua prepotência – que sempre foi sua marca registrada – e mesmo assim, não suporta mais pensar nele, no que ele teve, no que ele foi ou no que será. O menino se lembra de como as dúvidas dela eram tão banais – e que fazia dela a única – ela não mais o procura, simplesmente sumiu. Simplesmente resolveu esquecer. Simplesmente deu abertura para que ele pudesse passar e pudesse ser feliz longe de todo aquele caos que a menina havia criado.

A vida tende a afastar mais aqueles dois. A vida tende a juntá-los de vem em quando. Para sair dançando por aí a música da vida. Para sair por aí se encontrando do nada, se desprezando do nada, e amando do nada. Por mais que o tempo passe. Ele sabe, ela também sabe. Um será importante para o outro. Ela aprendeu muito com ele, ele também deve ter aprendido muito com ela. A vida ensinou muito para aqueles dois. Aqueles dois que mesmo ausente ainda fazem planos, ainda conseguem sorrir, mas pensa sempre como seria melhor se estivesse ele – ela – ao seu lado. Ela sabe que quando for a hora certa, ele irá voltar. Ele sabe que quando o destino parar de tanta gracinha, ela simplesmente ficará ao seu lado por longos e longos anos.

Como uma história sem fim. Igual ao uma música num ritmo frenético. Por enquanto, irão continuar caminhando por aí. Ela implorará – se preciso – para que tudo volte a ser como foi e pensa que o menino não se importa. Mas talvez sim, talvez ele se importa bastante com tudo isso, mas prefere ficar quietinho para não sofrer. Sei lá, a vida tem dessas coisas. Tudo pode ter acabado e ainda assim, ele se lembrará dela, e ela voltará a se lembrar do que ele a ensinou.

Ela sabe que quando precisar ele estará lá. Ele também sabe disso. Mas preferem ficar quietos, como se aquela história nem fosse com eles. Aqueles dois poderão sim voltar mas também pode acontecer de se afastarem para sempre. Não sei, a escolha está nas mãos deles. Tudo poderá acabar, mas tudo poderá virar história, lenda viva, uma charmosa história de encontros e desencontros que teve – ou não – um final feliz.



Buraco - Tati Bernardi





Não tem mais bagunça na sala e nem sua meia soltando pelinhos pretos que parecem terra. Hoje vou conseguir me esparramar bastante na cama e dormir, dormir, dormir. Vou poder ver coisas leves na televisão e não passar mais mal com seus jornais cheios de desgraça. Não tem mais você me fazendo comer o doce com licorzinho. Sobrou um buraco triste entre o sofá e a planta. Não tem mais seu secador de cabelo que me fazia sorrir como só as pessoas que sentem muita paz conseguem. E você pra contar mais umas das 500 histórias que me fizeram, pela primeira vez, não querer tanto ocupar a vergonha de gostar com minha voz. Não tem sua euforia, a cordinha da alegria na qual você se agarra porque tem medo do que passa abaixo dos seus pés. Não tem mais seus olhos arregalados além do susto, me pedindo que a gente se divirta, que a gente consiga porque, afinal, a vida não anda das mais fáceis pra você e você, sempre como um touro, tenta e consegue tudo. Olhos tão arregalados pra devorar, como um predador, pra se dar, pra correr atrás do que mata tanto desejo, pra conquistar o mundo com uma força que me faz ficar horas te olhando quase sem ar. Mas um pouco cego pra momentos cruciais de delicadeza e interpretação. Os vencedores são mesmo um pouco egoístas e apesar de você ter me visto tanto e feito tanto e sido mais do que tanta gente que tentou bastante, é claro que a luz principal você deve guardar para o seu caminho que eu tenho certeza que será maravilhoso. Olhar com amor requer um tempo que pessoas de passagem não podem e não devem ter e eu, em vão, tentei ser aquele maluco da plateia que agarrou o corredor rumo ao pódio solitário.
Você está certo em exibir ao mundo tantos dentes e tão brancos. Eu é que estou errada quando paro um pouquinho para olhar com tristeza esses sustos do amor. Não tem mais você tirando sarro quando eu não aguentava a dor no peito e te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é. Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento, ainda não posso, mas queria continuar.
Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. Mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. Me armo inteira pra correr pra bem longe e pra lutar com unhas gigantes quem tentar impedir. Me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. Ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. Eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre. Eu não sou louca, eu só não tenho pele pra proteger e quando você toca em mim eu sinto seus dedos e olhos e salivas deslizando por todos os meus órgãos. E você não precisa entender o medo que isso dá, mas talvez um dia possa ter carinho.
Ao final sobro eu aqui, nem doar sangue eu posso porque não tenho tamanho, com medo das horas, dos sons, dos meus ossos. Se você pudesse ver agora, tão pequena, tão desesperada, tão apaixonada, você me diria tantas coisas horríveis de novo? Se você visse como flutuo pela casa sem conseguir pisar no chão porque dói demais você não estar aqui, você diria novamente que eu peso demais?
Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo quem tiver perto por uma angustia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto mas quando sinto amor fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal. Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo, e perdi o sentimento. Ou senti sem pensar e isso pra mim é como meus medos das drogas e então precisei roubar a chave do carro do seu bolso pra me proteger de não olhar mais uma vez você e nunca mais voltar pra casa. Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém. Me perdoa por eu querer de uma forma tão intensa tocar em você que te maltrato. Minha mão acostumada com um mundo de chatices e coisas feias fica tão gigante quando pode tocar algo lindo e puro como você, que sufoca, esmaga e estraçalha. Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma.
Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Eu tentei com todas as forças amar você e agora sofro com todas as forças pelo buraco que ficou entre o sofá e a planta e o meu coração. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. Vou voltar para aqueles e-mails chatos de pessoas que eu odeio mas que pagam esse apartamento sem você. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio.
Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.

22 de mai. de 2011

As outras coisas de sempre – Carta



Alfenas, 22 de maio de 2011.

Querido Menino-Ausente


Sei que não ando tão pontual com essa história de escrever. Mas tudo isso é efeito de estudar muito. Não tenho tido tempo para sofrer - e não me interessa muito - De vez em quando, deixo tudo, esqueço de tudo, e choro. Choro porque sinto saudades e precisava escrever, preciso que alguém consiga realmente me confortar. Achei a unica solução em curar minhas dores : Dormir e escrever. Deixo tudo de lado para fazer essas duas coisinhas. Escrevo logo depois resolvo dormir. A dor não é tanta, mas continuo nesse ato de sofrer.
Estou te escrevendo desesperadamente ou não tão desesperadamente assim, mas queria conversar com alguém que mesmo que soubesse de tudo não me abandonasse. Entende? Você me conheceu de várias faces. De menina a devastadora de corações. Ou vice-versa. Mas conheceu, e isso te fez importante. Você já não me quer por perto, e eu não sei bem o que eu quero. Quero sair dessa história, às vezes. Mas tudo me parece muito mais difícil do que o normal. Não sinto vontade alguma de recomeçar outra história. Porque sei muito bem como ela acabará. O menino vai me amar, e eu vou amá-lo em alguns dias, logo depois, percebo que eu te amo mais que tudo e me sinto perdida, ele sofre, e eu também sofro por ter iludido, e aí o tempo muda, e ele vai embora, sobrou apenas eu e o meu amor incondicional – passageiro – por você. Não quero outra história. Não quero me enganar fingindo que amo o fulano sendo que é em você que sempre penso todas as noites. Hoje, prefiro ser realista. Não vou me enganar com outra história, não mesmo.  Ando bem. Não totalmente, não intensamente. Mas estou bem, eu acho. Confio nisso hoje. Não tive vontade ainda de abandonar ou de me tacar pela janela, e por isso, acho que estou bem.  A realidade é muito dura comigo. Me joga coisas que até Deus duvida. Mas preciso aceitá-la. Isso seria viver? Para mim, tudo isso é uma grande idiotice.
Sempre gostei muito de dizer que era complexa, complicada e diabo a quatro. Mas afinal, qual é a graça de ser complexa? Sinceramente. Não achei nenhuma. Sempre fui os termos – mesmo odiando – eu amo pouco, amo às vezes, amo de vez em quando, odeio sempre, odeio alguns dias. Enfim, sigo minha vida. Estou tentando ficar bem dia após dia, e por isso, resolvi que não deixarei que ninguém o seu lugar dentro de mim. Não quero me apaixonar, não quero me encantar, não quero mais nada. Só quero que tudo acabe conforme todos nós esperamos. Mas não espero nada hoje, então, espero que acabe logo.
Eu sinto saudade. Sinto saudades de procurar músicas que faziam sentido comigo. Não me importo. Sinto saudade de ligar e de esperar sua ligação. Não me importo mais, mal consigo colocar meu celular para carregar, quem dirá eu telefonar para alguém. Engraçado, pensei que conseguiria ligar para outro menino depois que você foi embora pra valer – você sabe, nunca foi embora totalmente – Senti uma tremedeira, uma agonia, um nó colado na garganta só de pensar que logo mais eu teria que escrever “outra vez” para um “outro menino” para “outra situação”. Tudo virou outro, e você ainda continua o mesmo. Não queria que as outras coisas ocupassem as nossas coisas. Não queria que outros meninos me ligassem, sendo que você que me ligava, e isso era de lei. Não quero outros sonhos, outros amores, outros sorrisos, outros olhares vazios. O seu olhar vazio era o meu preferido. Você sabe, não era um amor completo. Era um amor vazio, um pouco unilateral, mas tudo isso se tornava engraçado e não dolorido. E o meu sonho sempre foi o mais puro possível. Sempre desejei que você voltasse e ficasse. Não tem graça em outras coisas. Eu quero minhas coisas de volta, quero insistir no que sempre acreditei, quero voltar a sonhar sem me preocupar se vão ou não tirar satisfação mais tarde por escrever dessa tal maneira. Por escolha, prefiro ser sozinha. Prefiro ficar sozinha até que você possa retornar.
A nova história de não querer. Não quero começar nada. Quero continuar, mesmo sabendo que tudo isso acabe comigo. Me dê licença, prefiro sonhar com algo que me dê fé do que viver a realidade que me faz só descrer nisso tudo. Prefiro você, distante, ausente, que sabe como sou, o que gosto e o que odeio. Do que qualquer outro que possa estar perto e mal sabe o que eu mais gosto. Entre essas coisas novas, prefiro meu amor velho, mesmo acabado, mesmo sofrendo. E você sabe, pode se passar o tempo que for, por mais errado que você seja entre todos os outros, sempre escolhi você.
Prefiro ficar quieta, sozinha, distraída, antes que alguém me leve para longe de você, antes que tudo acabe de vez. Mesmo que isso aconteça, quero que se lembre de tudo que fomos – e do que deixamos de ser – De tudo que sonhamos, e de tudo que fizemos para que esse sonho acabasse rápido demais. Não quero outros, quero você.  
Tudo isso pode ser doloroso demais e um pouco dramático. Mas sei lá, precisava te contar isso.  Precisava te mandar essa carta. Preciso conversar diretamente com você. Sem cortes, sem choro ou drama. Eu espero que você esteja bem. Acompanho sua vida de tão longe, e assim, me sinto um pouco confortada. Tudo isso pode aparentar criança demais, choroso demais. Mas quero que saiba que mesmo que haja essas outras coisas acontecendo, fique sabendo que te quero muito bem. Espero que não tenha partido nenhum coração. Espero que esteja em paz. 

  Um beijo, e um murro – só para perder a delicadeza de vez em quando -
          Fique em paz.
                                                                                                                            A garota do blog. 





20 de mai. de 2011

O fim do mundo



Não tenho medo de ser sozinha, de ficar sozinha, só não gosto dessa idéia de abandono. Não suporto essa idéia que criaram que toda mulher precisa de um homem para ser feliz. Tudo bem, eu adorava te amar. Adorava mesmo, do jeito mais inconstante e intenso que existia, mas ainda assim, era amor. Mas eu sei que posso amar outras coisas. Posso amar situações, pessoas, abraços, cachorros, e a minha mãe. Sei que a minha vida não pode se resumir apenas em você, preciso encontrar outra maneira de viver que já não exista somente você, você e mais você nisso tudo. Ando por aí, vou olhando em cada rosto, desejando que a qualquer momento tudo possa mudar. Mas isso é uma farsa, eu sei que nada vai mudar. Tudo continuará sempre a mesma merda de sempre. Não sou a última menina sozinha, não sou a última menina que faz drama porque o menino a abandonou. Mas eu tive que aprender a viver sem você. Tive mesmo.
Por mim, ficaria onde estou. Ficaria quieta, paralisada, esperando que sua volta aconteça. E não posso sempre ficar aqui. Preciso fazer o que toda menina tem que fazer – odeio esses rótulos – preciso me arrumar, sorrir, e ser educada. É isso que a sociedade esfrega toda hora. Ah! Esqueci. Preciso estar sempre fazendo regime. Porque tenho tendência a engordar e ninguém quer uma menina gordinha. E aí, segui minha vida. Dez, doze quilos a menos. Cabelo hidratado, unhas bem feitas, e a mesma cara de louca com o coração pulsando uma dor descontrolada. Precisava seguir em frente mesmo querendo – implorando – para não ir. Implorei para ficar. Não, não posso ir. Se eu for, a gente se perde. Não, você também não pode me deixar. Você era o que a vida tinha de melhor. – Eu precisava de você -
Não necessariamente sempre. Não necessariamente agora. Mas era bom saber que por mais que eu fosse a errada, ainda assim, você continuaria a me escutar. Mesmo que nós dois falássemos ao mesmo tempo. Mesmo que você viajasse e voltasse depois de dois, três dias. Era isso, nós éramos isso.
Ninguém sabia de nós, nem mesmo nós sabíamos o que acontecia. Eu insistia porque precisava começar a crer em algo diferente. Não evitei, deixei. Mas sofri,  e no final das contas, estou aqui. Estou voltando, querendo ficar cada vez mais quieta. Se o mundo acabar amanhã? Fica a dica : Eu amei muito você. E se não acabar? Tudo bem, ainda assim, continuarei escrevendo e amando. Como se fosse o primeiro dia de nós. Como se tudo voltasse a ser o que foi. Como se pudéssemos voltar no tempo. E se eu pudesse voltar no tempo. De novo escolheria ser sua mesmo que você jamais tenha sido meu.
Sou só. Consigo ser só com uma multidão em minha volta. Consigo ser só com uma multidão gritando, pulando, dançando em minha volta. Meu espírito é livre e por isso se faz só cada vez mais. Por isso, cada vez mais, não tenho medo da solidão, do vazio. Não tenho mais medo disso tudo. Sou livre, e por isso, estou correndo o risco de ser sempre sozinha, mas não me importo. Sua ausência me contenta e isso me faz parecer louca. O blog acaba comigo cada vez mais, todos me mandam parar, absolutamente todos.
E se tudo acabar amanhã? E se o fim dói mundo realmente for amanhã? O que será dos meus sonhos com você? O que será da minha vida? E eu vejo que poderia ter feito mais coisas. Essa sensação de fim não é nada agradável. Ela simplesmente acabará como todas as outras. Se existir o fim do mundo, você morrerá sem saber que tudo isso para você. Tudo acabará e nós acabaremos juntos. Cada um em seu canto. Não falaremos nunca mais, isso chega até ser um pouco triste. O fim do mundo foi avisado – particularmente, não acredito – mas tenho ainda medo. É outro fim. Se o mundo acabar amanhã você se arrependerá de não ter dito tudo o que tinha para dizer? Se o mundo acabar, você se arrependerá dos seus erros? Não me esqueço do seu desprezo. Mas te perdoei, porque é assim que acontece. Amores verdadeiros perdoam.
Eu cansei de levar na cara. Cansei de ouvir me chamarem de otária só porque agi do jeito que tinha que ser. Cansei mesmo. O fim do mundo poderá ou não existir. E isso me dá uma pontinha de esperança. O fim de tudo, mas talvez seja só um novo começo. Não me importo. O que for, vai ser. Era o tormento, assumo. O nome da sua cidade, a escola que você estudava, a cor dos seus olhos, a cor do seu cabelo e a sua altura. E continuei muitas vezes interrompendo a aula para saber tudo isso. E aí, o tempo passou. Ou não passou por completo – ainda interrompo as aulas com os meus comentários sobre você – Tinha muita coisa para falar mas você é incapaz de ouvir. Simplesmente foi embora, como se tudo fosse uma brincadeira, como se tudo não passasse de apenas uma grande história sobre a solidão. 

Ps: Não sei se terei paciência para postar amanhã, hoje ainda vou viajar e talvez chegarei cansada, me perdoe. Qualquer coisa postarei algum texto de um autor preferido.
LáPéres.

19 de mai. de 2011

Certeza



Você não era o melhor, mas também não era o pior.  Eu te amei de um jeito fácil, prático e bastante direto. Na verdade, eu te amei da maneira mais destrutiva que poderia existir, te amei em silêncio, amei por nós dois, amei pelo mundo, amei por quem me lê, mas ainda assim, era o amor.  Mas aí paro um pouco de me lembrar desse amor caótico, afinal, tenho uma vida para seguir. Mas tudo não passa de uma mentira criada. Comecei a te ver nos lugares impróprios, quando eu não via, alguém me lembrava. Nossa, que sufoco! Eu só quero que o tempo passe rápido. Ninguém me conhece tão bem ao ponto de saber o que realmente sinto. Nunca também tentaram me entender, e isso não me fez pior ou melhor, me fez só ser do jeito que eu sou.  Sempre fui a desajuizada, já dizia minha mãe. Nunca me importei muito para dor, sempre fiz o que eu tinha vontade, e às vezes isso me deixou um pouco intensa demais. No fundo, sempre gostei de inventar moda. Mas quero ser igual a todas as meninas agora. Quero amar direitinho, quero saber conviver com as pessoas, quero até aprender a ser meiguinha. E aí eu lembro que você gostava do jeito que eu era. Grossa, direta, e totalmente fria. Gostava do meu jeito porque não havia mínimas chances para eu gostar de você. Gostava porque você também era assim, totalmente frio.
Eu sei fazer dengo mas também sei ser superficial, nunca me importei muito com isso. A sua falta só fez com que eu pudesse me conhecer bem. Apesar de ser agitada, eu adoro o silêncio. Sou falante, tenho DDA, mas eu adoro o silêncio, eu adoro pessoas que saibam ouvir, e eu as invejo por isso – invejinha das boas hein – A sua falta me fez crer nos outros dias, me deu força, me deu fé. Descobri que não sou apenas uma menininha perdida, descobri que posso ser forte, que sou forte. Sua falta é dolorida, claro que é, mas aos poucos, vou me acostumando com ela, vou lhe deixando de lado, sem culpa, sem medo, sem sofrimento. Doeu sim, chorei sim, me dei mal com os meus planos para te esquecer. Me saí muito mal nessa história de aprender amar quem eu não tinha a intenção alguma de amar, está me entendendo? Tentei amar outras pessoas, juro que tentei. Dei minha cara a tapa com isso, borrei minha maquiagem e o meu orgulho, mas veja só,e estou aqui contando essa história, sem medo que me julguem, sem medo que me leiam e depois tirem satisfação. Sou assim, não gosto que me prendam. Gosto que me deixem livre, gosto da liberdade, do silêncio, do vazio, e do escuro.
Tudo isso me fez ser diferente entre todas as outras meninas da minha idade. Claro que eu saio, tenho ressaca (moral também!), conto piadas, faço pessoas sorrirem, não sou vazia ao completo. Sou sozinha, meu modo de viver é esse. Tenho companhia às vezes, mas me dou bem com a solidão. Ela me fere aos poucos, mas sei lidar com ela. Quando vejo que está tudo muito insuportável, parto para outra. Mas dessa vez foi diferente. Está insuportável e estou insistindo cada vez mais. Quando mais o tempo passa mais fé eu tenho que você chegue. É horrível! Não queria criar esperanças assim, não sei se você chegará. Falo seu nome quando estou sozinha para me lembrar de como tudo foi um dia, caí no esquecimento, e não quero que isso aconteça com você.
Fiz meu mantra, escrevi textos, olhei inúmeras vezes o seu número no meu celular, mas eu nunca mais tive coragem de ligar para você. Nunca mais tive coragem de perguntar se você estava bem, mas também nunca fomos dessas coisas típicas. Sempre chegamos e falamos tudo na lata, era tanta coisa para contar, algumas coisas inventei para que você pudesse ver que eu não era tão carente e sozinha assim – Me desculpe – Você sempre foi tão bem resolvido e eu te invejei por isso, mas era daquelas invejinhas das boas, sem querer o mal de ninguém. Afinal, eu nunca quis o teu mal. Sempre desejei que você aprendesse, mas no fim das contas, não queria isso. Queria sim, te ver livre disso também. Você é bonito demais, esperto demais, bem resolvido demais para se tornar o meu personagem. Você é tudo aquilo que eu queria, e eu tive sempre toda a certeza disso. Não consigo me libertar dessa história, não consigo te libertar de mim.
Viramos passado. Não somos o que podemos ter sido. O futuro chegou. Você ficou adulto e eu vou me tornando isso. Não sei bem o que estou me tornando – Essa passagem de adolescência para o adulto me dói muito, me faz chorar às vezes, porque não sei o que realmente quero – A única certeza que eu tinha era que lutaria por você, lutaria por mim, e por nós. Mas hoje, depois de alguns meses que se foi, já não tenho mais certeza de nada.  Nunca se tem a certeza de nada, e isso sempre me deixou tão brava. Sempre quis que tudo saísse de meu modo, mas hoje, com quase-dezoito anos- sei que a vida não vai sair sempre do modo que eu quero. Não tenho certeza de nada, mas deixo, afinal, ninguém também tem.
Se cuida, te quero bem.

18 de mai. de 2011

Culpa

Culpa : s.f. Ato ou omissão repreensível ou criminosa; falta voluntária, delito, crime: pagar por uma culpa. Responsabilidade por semelhante ato: não ter culpa do que fazem os outros.


Ele não queria me fazer sofrer. Não mesmo. Ele era um amorzinho, bonitinho, típico príncipe. Mas não me amava e conseqüentemente não me queria por perto. Ele não me amava e o drama foi pior do que era imaginado.  E parece que o meu continho de amor estava se tornando passado.  Ele era desesperado, apaixonado, intrigante e complexo. Mas eu ainda conseguia ser mais complexa que ele. Eu ainda conseguia ser mais intrigante e apaixonado do que ele. Por mais que sozinha conseguisse buscar a solução para os meus probleminhas chatos, eu ainda preferia a ajuda dele para tudo. Ainda preferia ser dele mesmo que eu estivesse com qualquer outro. Não foi culpa dele, não mesmo.
Acredito que não estou bem. Não estou bem mesmo. Faço um esforço danado para sair de casa. Faço um esforço gigantesco para sair por aí contando piadinhas. Faço um esforço enorme para fingir que está tudo bem. Mas eu sei o quanto isso me incomoda, me dói. Não sei o que sinto, só sei que arde, só sei que é uma dor que já não mais cabe somente em mim.
A culpa não existe. Eu não deveria me culpar tanto e nem ao menos te culpar. Você não me amou e isso me fez ficar tão desconsolada. Me fez desistir de ser o que eu era para me tornar Deus sabe-se lá quem. Você não me amou e isso foi um dos grandes motivos que me fizeram escrever. Precisava aprender viver sem tua presença, sem tua voz abafada, resumindo, eu precisava aprender a viver sem você. Já não agüentava mais ser depende desse amor frouxo, totalmente unilateral. Já não agüento mais te procurar por aí, te ver em personagens de livros, e em pessoas totalmente desconhecidas.  Ele não queria me fazer mal, nem  queria me fazer chorar.  Não queria que eu sonhasse, sofresse, escrevesse estes textos. Não queria que eu me iludisse. Por isso, deve ter se afastado. Não queria recomeçar, talvez, eu o lembrava demais o seu passado. Não queria me amar, talvez eu fosse demais para ele. Mas eu sei que mal mesmo, ele nunca iria me fazer. Ele não pode ser tão cruel assim, ele não é tão cruel. Tudo bem que acabei pensando que tudo foi minha culpa, que eu que fiz tudo acabar, que tudo desmoronou graças aos meus sonhos. Mas hoje, depois de sofrer muito, de se sentir muito sozinha, de odiar e amar a vida ao mesmo tempo, sei que a culpa foi da vida. Exatamente, fizemos nossas escolhas e ela nos colocou nos nossos caminhos. Indiretamente tivemos culpa nisso tudo. Indiretamente ou não. Me perdoe por ser tão direta, mas sempre vou dar a minha cara a tapa naquilo que acredito. E por mais que você fale novamente aquelas coisas amargas, terríveis, desesperançadas, ainda assim, continuarei nessa luta de tentar reconquistar. Só quero que saiba que não te culpo, não sinto ódio, nem nada. Claro que eu queria muito te odiar só para deixar de te amar, mas não consigo.  
Não te culpo, você só fez o que agiu do jeito que sempre achou certo. Mas não entendendo. Escrevendo fica tão mais fácil de assumir, de deixar tudo mais claro, de ser tão bem resolvida. Mas meu cérebro não para de funcionar pensando sobre isso. Várias perguntas formam-se e eu não tenho para quem contar. Por mais que você fosse carente, arrogante, e prepotente, no fundo, sei o que você verdadeiramente é, e por isso sei que você não iria me fazer sofrer propositalmente. Tudo bem, eu sofri mas sei que no fundo, você não queria isso. No fundo, eu sabia que você se importava comigo. No fundo, sei que você deseja o meu bem. A culpa não é minha, não é sua, não é de ninguém. Depois de muito tentar entender, tentar pensar que um dia voltaremos a ser o que fomos. Tento pensar. Tento ter fé para que sua volta aconteça rápido. A culpa não foi nossa. A culpa não foi de ninguém. 



17 de mai. de 2011

Não me importo



Sei que já escrevi tudo que deveria mas ainda é como se faltasse alguma coisa.  É como se eu ainda insistisse na busca eterna de te encontrar aonde for. É como se eu pudesse ser qualquer heroína e a sensação de ser imortal continuasse. Como se eu ainda fosse te encontrar acidentalmente. Como até mesmo eu pudesse te deixar para lá, assim, do nada: sem explicações, sem teoria, apenas partir. Aos poucos, essa grandiosidade que inventei vai perdendo o foco, não sei o que acontece, mas aos poucos minha atenção está desviada. Pouco penso, mas quando penso vem aquele fluxo de sentimentos. Como se eu pudesse te amar a minha vida, como se esse amor jamais fosse acabar, como se eu fosse para sempre uma lembrança amarela em sua mente.   Tive que escolher entre seguir e ficar. Eu fiquei, você sabe. Fiquei mesmo que me julgassem. Fiquei sabendo que olhariam com dó. Fiquei sabendo que aquilo seria uma quase-morte para a minha fé.
Não me importo que meus versos sejam desajeitados e sem graças. Não me importo se estes textos virem lembranças entre cada um de vocês. Não me importo mesmo. Tudo aconteceu de maneira rápida, prática, direta. Sem meios termos, sem meias frases. Nunca passa. Nunca. Sempre está virando uma quase-lembrança. Um quase-amor-acabado. Tinha quinze, hoje, praticamente tenho dezoito. São agonias, silêncios e algumas partículas de felicidade e loucura. As melhores loucuras e as piores tristezas. Oito ou oitenta. Ou era feliz demais ou era triste demais, vazio demais, perdido demais. De repente, um filme passa na minha cabeça.  Lembro de como era e o que eu sou hoje. Não me importo se vou ficar bonita ou se vou ficar feia. Não me importo se haverá ou não frio. Não me importo muito com esse amor, mas só de fingir que não estou me importando, eu já me importo.
Era isso que eu queria, queria que o tempo voasse, mas queria também que tudo acabasse. Mas foi ao contrário, quanto mais o tempo passa mais penso que não vivo, mais penso que esse amor jamais terá um fim. E aí, é aquela história de proporção. Quanto mais aumenta o desprezo mais aumenta o meu sofrimento. Quando mais diminui as chances menos fé eu tenho. E assim, sigo a vida. Sem brilho, sem se preocupar com o dia de amanhã, sem se me importar se você vai chegar ou não. Não sei o que vai acontecer quando esse amor que sinto acabar. Não sei lidar com o nosso fim, para ser bem sincera, não ser lidar com fim algum. Não gosto de fim de tarde, fim do ano, fim do verão, fim das férias e fim do amor. Acabou a fé, logo em seguida, acaba-se a fé. Uma ciranda, um ciclo vicioso. Uma vontadezinha de ir até você e dizer tudo que eu sempre quis, sem me importar se vão me ver como louca.  Queria invadir novamente o seu mundo, quero voltar a ser o que eu era para você. Mas aí esqueço que não posso voltar no tempo. Aí lembro que se você voltar eu não vou ser o que eu era. E isso é tão triste. Triste porque não tenho mais chance. Triste porque vou começar a parar de te ver do jeito que só eu conseguia. Você era lindo, você é lindo, e isso fez com que o mundo se tornasse lindo. Mas aí, eu me pergunto. Você já se colocou em meu lugar? Olhou tudo com a mesma intensidade que eu o vejo? Você já me amou? Me quis por perto? Desejou ter a minha companhia? Não sei a tua versão nessa história. Não sei o que você pensa ou o que você sente. Não sei se sente saudade e quer voltar. Não sei me ama loucamente ou me odeia desesperadamente. Pra sempre ou não tão sempre, vou me lembrar dessas coisas. Dessas coisas que me tiravam o sono, que me faziam sorrir do nada e também conseguiam me fazer chorar do nada. Dessas coisas que me faziam respirar e inspirar num ritmo frenético para não perder a voz quando do nada você me ligava.  Dessas coisas que me fazem falta. Enquanto eu fico aqui você vai embora cada vez mais, não consigo correr atrás. Faz frio,  e o frio me faz lembrar dessas mesmas coisas que lhe entreguei.
Por mais que eu insista não nada voltará a ser como era. Perdi a vontade de tentar ser a melhor entre todas as outras. Perdi a vontade de dar a volta por cima. Perdi a vontade de lutar pelos meus sonhos. Não acompanho sua vida a tanto tempo. E aos poucos, vou esquecendo desses pequenos fatos. Eu sei que posso me desesperar daqui alguns minutos por saber que você não me ama realmente e mas eu já ia me esquecendo. Nunca precisei do amor de ninguém para sobreviver. Hoje não me importo, hoje, não estou bem, hoje, quero que passe muito rápido. Faz frio, não chove. Faz frio e sinto saudades mas não me importo, amanhã pode ser tudo muito diferente.
Você nunca foi uma das minhas grandes escolhas, você nem ao menos estava no meu plano. Minto, do início ao fim, escolhi me apaixonar por você. Dei minha cara a tapa. Não sei covarde, mas hoje, não me importo. Hoje, vou esquecer de tudo. Vou esperar ansiosamente a hora que eu for dormir, para que eu possa deitar em minha cama e simplesmente dormir, dormir, dormir. Sem me importar se no outro dia você vai voltar ou não. Sem se me importar se vou continuar no chão ou se vou levar de vez.  Sem me importar com absolutamente nada.  

16 de mai. de 2011

A expectativa




Eu não sabia o que a vida queria de mim. Eu não sei o que a vida, o destino, fizeram com a gente, com a nossa vida. Não sei se vai ser aquele amor eterno, forever and ever, always. Eu não sei o que vai ser de nós dois. O tempo passa rápido, não me espera e você está tão longe. O mundo conspira a nosso favor  mas ao mesmo tempo conseguimos nos afastar de uma maneira incrível e dolorida. Eu sou sofrida, sou quase a rainha do drama, mas por pior que fosse, tinha você ao meu lado. Acredito cegamente nessas coisas de horóscopos, acredito em tudo que pode me trazer alguma pontinha de esperança, por mais fraca que seja. Não Sei em qual momento nos perdemos, já não me lembro o motivo de ter chegado no ápice do sofrimento. O caos dentro de mim é tão intenso, menino. O caos me faz gritar, gritar de dor. Tudo isso me dói, me sinto impotente, me sinto fraca e não quero mais jogar. Aos poucos, me aprendi a calar. Não brigo, não grito, não falo. Deixo cada um resolver por mim. Não sou mais a mesma de antes. Não me importo se o mundo vai acabar, não importo se o meu cisto vai crescer, não estou nem aí para isso.
Eu queria o seu amor, juro. Queria que você lutasse por mim como eu estou lutando por você. Queria que você chegasse e sentisse minha falta. Não me importaria se iria ou não trocar os nomes das músicas ou de bandas. Queria que sim, você mostrasse para o mundo que você não é tão malvado assim, como todo mundo pensa. Também sei que não posso te culpar. Não posso jogar tudo em cima de você ou em cima da falta do seu amor por mim. Você não me queria, você queria outras. Por mais que eu fosse parecida com essas outras, ainda assim, não me queria, queria as outras. A Layla não, a Layla jamais. A Layla é impossível e mal resolvida. E assim, as preferiu.  A questão é que não se pode criar expectativa. E eu criei, inventei, dei meu coração de bandeja como se eu não me importasse mais com nada. Coloquei a fé que tinha em cima de você, e hoje sobrou isso. Sou o resto de tudo. Sou o que sobrou de tantos risos, de tantos sussurros, de tantos segredos. Sou o que sobrou de quem gostou do que aconteceu. Não queria voltar no tempo para arrumá-lo. Queria voltar no tempo para reviver.
Tento não chorar, não posso chorar, no fundo, eu sei que posso mas não quero. Não quero borrar minha maquiagem, não quero que meu nariz fique vermelho, e não quero soluçar. Cansei de sentir o olhar de pena em cima de mim. Posso seguir muito bem, posso te esquecer, posso até deixar de ser quem eu não sou. Mas não consigo seguir em frente sabendo que estamos intermináveis. Não houve fim. Foi como se tivéssemos dado um tempo. Foi como se tivéssemos desisto de nós, e que futuramente, tentaremos voltar a que não somos hoje.
Me lembro de tudo. Me lembro do meu desespero e do seu desespero em falar(Pode falar! Não, fala você primeiro). Me dá uma saudade desesperadora, uma vontade de invadir seu mundo, de quebrá-lo, e de pedir para que tudo volte a ser como era. Esperei que você fosse me ligar, mas isso não aconteceu. Esperei que você pudesse chegar mas não chegou. Esperei que o tempo passasse rápido para que eu não sentisse mais nenhuma dor, mas foi ao contrário. Quanto mais o tempo passa mais me sinto aflita. Quanto mais te vejo distante mais vontade sinto de gritar. Grande expectativa me faz só sofrer. Não me interesso em promessas, nunca acreditei nelas.  Não me interesso se vão ou não me amar, tudo acaba do mesmo jeito. Odeio essa história de acreditar em tudo. Pessoas mentem, pessoas não levam a sério promessas. Pessoas esquecem as outras facilmente.
Tudo me fez criar uma expectativa tão grande, tão bonita, tão diferente. Hoje, só sobraram os restos. Só sobraram as cartas que nunca enviei. Hoje, só tenho de lembrança o que você disse. Suas palavras foram amargas, sem intervalos. Você foi direto, não queria nada comigo. Tonta fui eu ter depositado minha fé em quem nunca colocou fé alguma em mim. Tonta fui eu de amar alguém que nunca me amou. Tonta fui eu de ver coisas em quem nunca viu, nunca se importou, nunca me quis por perto. A expectativa era grande, mas como tudo muda, também parei com essa besteirinha criada. Não crio mais expectativa. Deixo que a vida faça o que tem a ser feito. 

15 de mai. de 2011

Seguir em frente



Nunca fui muito de me importar com as opiniões dos outros. Sempre achei importante só a opinião da minha mãe e nada mais do que isso. E aí, eu te amava, certo. Te amava e minha mãe achava que eu fosse uma psicopata, uma louca, uma suicida em potencial e resolvi diminuir a intensidade dos meus textos.  Quando era o seu nome na rodinha entre eu e as minhas amigas o olhar delas sobre mim era pesado, era como se eu estivesse acabado de perder um membro, era como se eu acabasse de perder algo totalmente importante, aquele olhar meio sonso, meio desumano, aquele olhar de pena era para mim. Elas me apoiavam  porque era o que me fazia feliz na época, elas me apoiavam mas no fundo queriam me ver longe daquilo. E aí, resolvi dar um jeito. Segui minha vida de uma maneira torta. Não acreditei em nada do que me falaram, e só sentia pena de quem gostava de mim. Pobre coitado. Mas segui minha vida e você fez o mesmo. Estávamos indiferentes, na verdade, eu não. Eu não estava indiferente. Poderia sim, eu estava com um cara mas ainda seguia sua vida de longe e você mentia para mim, você só queria que eu me afastasse. Hoje, depois de tudo, posso te fazer duas perguntinhas só? Por que você fez isso comigo? Por que você quis que eu me afastasse sendo que eu não fiz mal algum a você? Todos os dias me vejo sozinha. Todos os dias corro para que eu possa evitar a dor. Não quero aglomerar dores em mim. Não quero me lembrar de você. Não quero sorrir. Não quero fingir que estou bem sendo que não estou. Não quero me fazer de bem resolvida. Não quero, não quero e não quero. Evito me apaixonar, evito entrar em contato, evito voltar a ser o que eu era. Eu quero me aproximar, de novo, sem cansar, sem pedir nada. Mas ao mesmo tempo, sei que você vai evitar. Sei que você não quer e por isso respeito sua vontade. Você não me quer por perto e não há nada mais do que eu possa fazer. Tudo que precisava ser feito, eu fiz.
Eu não sei como, nem o motivo disso tudo, mas aos poucos fui deixando de lado. Às vezes, mal lembro o seu nome. Não conto mais sua história, não falo mais para ninguém sua participação nisso tudo. Sei lutar pelo o que eu quero, mas também sei correr. É um vazio absurdo, uma saudade levinha mas atormentadora, um amor corroído, duas vidas separadas. Ninguém mais fica me apoiando nessa maluquice. Só perguntam insistentemente “Ainda, Layla?”. Mas aí se lembram que a Layla não vive direito, a Layla não ama direito, a Layla é descrente, a Layla é isso, a Layla é aquilo e logo se esquecem de perguntar o motivo de eu estar insistindo. Insisto em alguém que não insiste em mim. Isso é uma quase morte. Tudo isso pode até parecer decorativo mas dói, inflama, arde. Tudo isso me faz não crer em mais nada. Tudo isso me faz deixar para lá o meu destino. Eu me agarro nessa história como se fosse a primeira e a única. Eu me agarro nesse amor porque isso me faz lembrar o que eu já fui. Eu me agarrava em você, porque de alguma forma, você me dava uma paz indescritível, e aí eu tive que abandonar tudo para seguir em frente, conforme os mandamentos de uma menina que acaba de ser deixada.
Vou seguindo, meio as cegas e meio descrente. Me vejo sozinha, me sinto sozinha. Mas sou estressada, e me irrito quando vejo que você seguiu sua vida e eu continuo parada. Não vou totalmente mas também não fico. A qualquer momento, vou-me embora. A qualquer momento tudo pode mudar. A qualquer momento você pode voltar, mas a qualquer momento essa maluquice acaba. E aí, fim. Fim para o sonho, fim para o amor, fim para você. Eu quis voltar a ser o que não era mais. Quis ser sua naquele tempo mas resolvi ser sua por muito tempo. Eu sofro sim, sinto saudade sim, amo sim. Não me importo mais com esse olharzinho sonso de pena para cima de mim, ninguém tem culpa, e eu também não tenho culpa por gostar de viver assim. Eu sei que sou uma idiota por me destruir assim, mas no fundo, mesmo não acreditando em quase nada, sobra uma pontinha de fé. Sei que o sofrimento não é em vão, sei que a espera também não é.  Criei desculpas. Eu me envolver? Nunca.  Eu me apaixonar? Nunca.  Eu? Amando? Quem? Mentira. Não amo ninguém. Todas desculpas imagináveis pude falar para que ninguém soubesse o que sou de verdade. Eu evito seguir em frente, simples, prático, e verdadeiro. Evito. Quero logo o ano que vem, quero logo que a ano acabe. Quero que o tempo passe rápido, quero que tudo se exploda.
Sinto uma tristeza absurda de saber que tudo isso está passando. Sempre prometo que vou embora também, que vou seguir minha vida. E quero provar para todo mundo que eu mudei. Só que esqueço que não consigo me enganar. Esqueço que não sei mentir para mim mesma. A realidade é dura, é terrível, totalmente complexa. Hoje, só quero acreditar que tudo isso vai passar. Só quero acreditar que sim, você irá voltar. Tudo isso rima demais e faz com que eu me sinta patética. Por mais que isso possa ser patético, bonitinho, não deixa de ter uma dorzinha no fundo, uma dorzinha sem luxo, sem importância alguma. Eu sei, um dia consigo seguir em frente, mas enquanto esse dia não chega. Me deixe continuar a escrever. Não tire de mim a única coisa que me resta. Não me faça ver o que eu não quis. Me deixe aqui, quietinha, porque eu sei que ou você chega ou tudo isso vai passar.
Por mais louco que isso tudo pode parecer, por mais que eu queira seguir em frente, não consigo. Não consigo ir. Sempre volto para o mesmo lugar. Eu vou, faço o jogo de menina feliz do milênio, mas volto para o meu quarto, me sentindo sozinha e perdida. Volto para o mesmo lugar implorando para que tudo volte a ser como era. Volto, e fico. Fico quietinha, não quero te ferir com minhas palavras. Fico quietinha, bem quietinha. Mas eu sei, de uma maneira ou outra, estou seguindo em frente. De um jeito torto, de um jeito caótico. Mas eu sei, estou seguindo em frente.De um modo ou de outro, também estou insistindo no que eu sempre quis. Não me importo. Não hoje.

14 de mai. de 2011

Verdadeiro


 Eu não sei mais aonde você está, não somos amigos, quem dirá conhecidos. Você me apagou do seu mundo, e eu tive que aceitar isso. Às vezes, penso que nunca te amei, mas às vezes tudo volta com uma intensidade indescritível. Eu sinto muita sua falta, hoje, posso dizer isso sem medo que você me ache uma tonta. Eu queria que você pudesse me amar da forma que te amo. Não consigo te ver no meu passado. Se desse te levaria para onde for, mas você não me permite. Você prefere se afastar de mim, você prefere fingir que não sabe quem eu sou, prefere fingir que não lê o que eu escrevo. Você prefere me esquecer, e isso me machuca. Me sinto tão só, e sempre quando isso acontecia, havia você para me fazer companhia. Hoje, não há mais ninguém. Você se foi, e eu continuo aqui, sozinha, perdida e caçando suas lembranças dentro de mim.
Procuro lembranças suas que estão espalhadas no meu mundo, e eu não consigo me livrar delas. Eu não sei mais como é o barulho do seu sorriso, não consigo me lembrar da profundidade de seus olhos, e não me lembro do tom da sua voz. Posso até não me lembrar como você é, mas não me esqueço como você me fez sentir. Não consigo esquecer a sensação de estar caindo quando você me ligava, ou de sentir aquelas borboletinhas dentro de mim quando sem querer, falava algo que me fazia sentir a menina mais sortuda entre todas as outras.  Mas aí passou, tudo se tornou chato demais, e você procurou outras coisas. Você ainda continua nessa procura eterna e eu já achei o que tanto procurava, eu achei tudo que faltava em mim em você, e você não me deu valor. Dolorida, aflita, meio louca, meio escritora, meio sentimental, e eu sei, não consigo ser inteira depois que você se foi para tão longe. Tudo me parece tão bonito, mas só agora que está tão distante, tão impossível, tão indiferente. O sofrimento não existe. Não choro mais pelo nosso fim, porque todos sabem que o ele já era certo. Mas ainda penso que o fim desse amor tão puro, tão diferente, tão louco, foi precoce.
Te procuro entre pessoas, como se fosse possível te encontrar por aqui. Vou tentando te encontrar em meias palavras ou em textos codificados. Tentei achar pistas, uma perfeita detetive. Mas ainda assim, tudo não saiu conforme os meus planos, mas talvez saísse conforme os teus. Eu sinto um vazio terrível dentro de mim, e como se eu tivesse a obrigação de emocionar as pessoas que tentam me entender. Como se eu tivesse a obrigação de repassar a história mais estranha que já vivi e ainda assim, forte. Não queria que fosse inesquecível, queria que tudo fosse passageiro, sem graça alguma. Mas não foi assim, hoje, posso dizer, a história foi linda do jeito que precisava ser.
Nunca fiz parte dos teus pequenos planos, e isso me deixa triste. Até hoje não sei se foi realmente amor, um misto estranho de todos os sentimentos, um misto diferente que ninguém nunca viu igual. Eu acredito no tempo, acredito nas pessoas, e até mesmo no amor. Mas você se foi, e não tenho mais esperança para tentar algo novo, então, finjo que não acredito em mais nada. É mais fácil não acreditar, é mais fácil evitar, é mais fácil não-viver. Não quero ser vista como a coitadinha do século, eu odeio que sintam dó de mim. Paguei um preço alto por entregar meu coração a você. Paguei um preço altíssimo por te amar as cegas. Tudo foi calculado, tudo foi tão escondidinho, tão bonitinho, tão...tão a sua cara.
Eu não sei mesmo por onde você fica andando essas horas, já se passaram alguns anos desde que percebi que eu estava na merda. Essa é a minha rotina, só percebi que realmente era tudo mais intenso do que imaginei quando me vi dando adeus para o que fazia sentido, não tão sentido, mas ainda assim, me dava uma força inacreditável. Você era a fé, e eu me sentia no poder de mover o mundo quando havia você e eu. Hoje, sou fraca, pouco me importo se conseguirei mover a caneta que está na minha frente. Pouco me importo se vão me amar ou me odiar desesperadamente. Pouco me importo mesmo. Me importaria se fosse você, mas como já não é. Para ser sincera, não me importo desde que você preferiu me esquecer no verão retrasado. Me amaram e eu tive as pequenas paixonites, não foram intensas, mal conseguiram me fazer sonhar, quem dirá escrever um texto.
Posso ser carente e dramática, posso ter todos os defeitos do mundo, posso até mesmo ter pouquíssimas qualidades, mas eu te amava. Te amava e isso não fazia tanto sentido. Mas eu nunca gostei de fazer sentido para ninguém, nem para mim. Te amava sem fim, te amava sabendo que haveria outro dia e outro e mais outro dia. Te amava pelo silêncio que você fazia ou pelo tom da sua voz. E vou continuar te amando e acreditando no que já não está mais a minha direção. Fomos pelos caminhos contrários, sabe-se lá se vamos nos encontrar novamente. Mas se tudo isso for o fim, se lembre de tudo que eu disse para você. Por mais que seja sofrido e dramático, é totalmente verdadeiro.

13 de mai. de 2011

A saudade insiste


Tentei me colocar em seu lugar, para tentar saber o que você pensa quando lê cada trecho meu. Tentei até mesmo imaginar como está sua vida. Garanto que esteja animada, do jeito que você sempre gostou, e do jeito que eu o conheci. Somos detalhistas, e isso foi um dos nossos defeitos. Quis que você soubesse como era o meu mundo, e você me contou como era o seu. Muitas vezes quis saber o que você tinha de tão charmoso que quando sumia, fazia com o que mundo perdesse o charme também.  Nunca quis entender o que você tinha que quando falava o mundo simplesmente fazia um silêncio absoluto. Não entendo, e por isso continuo escrevendo para que tudo isso se torne apenas uma lembrança viva de tudo. Hoje, no meio da aula, minha professora de filosofia, disse a frase que uma vez você me falou : Os fins não se justificam os meios. E para ser sincera, fiquei um tempo pensando se eu era o fim e você os meios, ou se nós éramos os meios e esse é o nosso fim. Só de pensar que agora a tendência é só se afastar chega a me dar calafrios. Os fins estão se justificando. Não houve meios, do início ao fim, sempre escolhi você.
Não suporto mais contar, recontar, decorar. Não agüento ser vista como louca por gostar tanto de você. Não agüento mais contar sobre você e ouvir o “Ainda isso”? É uma preguiça de seguir a vida, é uma preguiça de tirar você dentro de mim e desses textos. É tão difícil enfrentar o mundo como se não houvesse o dia de amanhã. Queria que você voltasse para o meu lado, mesmo que ainda continuaremos amigos. Amigos de infância ou não precisa ser tão exagerado assim. A tristeza invadiu, e a saudade apareceu e ainda insistindo. Eu sempre soube que precisaria seguir a minha vida a qualquer momento, mas também, sempre soube que mais cedo ou mais tarde tudo mudaria. Eu sempre criei planos em cima dessa breve história, e aí, penso que tudo está melhor, que você está bem e eu também estou.  Olho de longe, escrevo de longe, vivo de longe a sua vida. Suas fotos só me fazem lembrar que além de tudo que eu passei sozinha, você era o melhor que eu poderia ter. Sofri sozinha, amei sozinha, criei planos para a gente, sozinha, mas não reclamo. Tudo isso me fez companhia. Foi um individualismo necessário, um sofrimento necessário ou não tão necessário assim, mas com tudo isso, eu aprendi tantas coisas. Observando seu mundo, e eu queria me infiltrar nele. Mas você preferiu viver longe, cada vez mais longe de mim. Você preferiu ir embora, seguir sua vida, e ser feliz. Enquanto isso, faço planos para que quando sua volta acontecer, tudo esteja no lugar.
Se eu pudesse, imploraria. Mas você não quer e tudo me parece humilhante demais. Eu sei que às vezes, me falta o amor próprio. Eu sei que às vezes te assusto com o meu jeito tão desesperador de pedir para que você me ame.
É saudade, apenas isso. Acordo do nada, esperando que você me ligue. Procuro tanta gente nessa cidade ridícula alguém parecido com você. Tento escrever para aceitar que você foi e que talvez jamais vai voltar. Não suporto mais, estou me cansando. E mesmo que tudo acabe hoje ou daqui seis meses, não se esqueça que nada disso foi loucura. Tudo isso foi algo que senti um dia e que eu não pude levar para frente. Tudo isso é saudade acumulada no meio peito, tudo isso é vazio, é falta, é o amor de novo me vencendo, como sempre vence. Espero que se lembre de tudo isso. Não como se tudo fosse loucura, mas como se isso tudo fosse a forma de esperança mais pura que poderia existir.

O gigante - Tati Bernardi


Ontem eu ensaquei o Lorenzo, nosso filho que você me deu em uma das nossas milhares de brigas sem fim e sem jeito. Ele me olhou triste, passivo e impotente, assim como eu também olhei para ele e assim como tenho olhado para o mundo. Dei um abraço forte no nosso urso cinza e chorei que nem uma criancinha de cinco anos que sofre porque está com rinite alérgica e tem que tirar os brinquedos de pelúcia do quarto. A realidade acabando com a brincadeira mais uma vez. Depois foi a vez das fotos, eu beijei uma por uma e guardei numa caixa, coloquei a caixa num canto escondido e alto do armário, no mesmo canto escuro e esquecido por onde anda meu coração. Olhei meu lindo vestido novo e pensei o quanto ele era feio porque eu nunca o colocaria para você. Olhei meus sapatos novos e pensei como seria triste usá-los sem nem saber direito para onde ir. Olhei minha velha cara no espelho e tive muita pena do quanto aquele rosto ainda ia esbugalhar os olhos para o teto lembrando que você disse que nunca desistiria. Vire e mexe tenho essa vontade de cortar alguma parte do meu corpo, para ver se esguicho pra longe esse sangue contaminado que incha meu corpo de dor e me emagrece de vida. Tenho vontade de me fazer feridas porque parece mais fácil cuidar de um machucado externo e curável. Outro dia desses eu estava numa padaria com um amigo e ele me perguntou se eu queria um chaveirinho de ursinho, eu disse a ele que só queria morrer, se ele poderia me fazer esse favor. Coitado, ele nunca mais ligou. Ainda bem, só você podia me dar chaveirinhos de ursinho, quem esse cara pensa que é? Outro dia desses eu estava num bar com um amigo e ele começou a falar de todos os filmes, livros e músicas que eu tanto queria que você falasse. No final da noite eu só queria estar ouvindo aquela merda daquele cd do Alpha Blond, esses intelectuais de merda não chegam aos pés do seu sorriso e nunca vão ter de mim esse amor tão puro, tão absurdo e tão sem fim que eu tinha por você.
A fidelidade não é uma escolha e nem um sacrifício, ela é uma verdade. Por mais que eu tente, só sinto nojo. A gente não se fala mais, eu nem sei mais por onde você anda, eu até tenho o impulso de tentar de novo com outros homens, mas eu só sinto nojo. A Lolita vive cheirando por baixo da porta e olhando triste para o interfone, outro dia minha mãe perguntou notícias suas e quando ela ouviu seu nome, enfiou a cabeça no meio das patas e só ficou triste, ela se parece comigo mesmo. Depois do passeio na Liberdade com meu amigo tem um encontro da mulherada no café alí do Itaim. Depois tem cinema com outra amiga e depois, se eu estiver a fim, uma baladinha na casa de outra. Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo. Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua, você me olha triste quando eu olho para o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu solto uma gargalhada e você vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo. Eu torço pra não fazer Sol, eu torço pra não chover, eu torço para acordar no meio do dia, eu torço para o dia acabar logo. Eu torço para ter alguma coisa que me faça torcer, que me diga que eu ainda sei torcer por algo mesmo sem torcer pela gente. Minha dança é queda equilibrada, minhas roupas novas são fantasias, meu sorriso é espasmo de dor, minha caminhada reta é um círculo que sempre me traz até aqui, meu sono é cansaço de realidade, minha maquiagem é exagerada, meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu, minhas noites são clarões horríveis que me arregaçam o peito e nada pode me embalar e aquecer, o frio é interno, o incômodo é interno, nenhum lugar do mundo me conforta. Minha fome é sobrevivência, minha vontade é mecânica, minha beleza é esforço, meu brilho é choro, meus dias são pontes para os dias de verdade que virão quando essa dor acabar, meus segundos são sentidos em milésimos de segundos, o tempo simplesmente não passa.
Às vezes tento não ser eu, porque se eu não for eu, eu não sentirei essa dor. Mas o amor é tanto que até as outras todas que eu posso ser também o sentem. Hoje menos que ontem, amanhã menos que hoje, e por aí vai. Vou implodir esse gigante dentro de mim e soltar seu pó a cada manhã sem fome que faz doer o corpo todo, a cada banho sem intenção, a cada tarde sem recompensas, a cada noite sem magia, a cada madrugada sem paz. Um dia o gigante vai cair morto igual ao King Kong e chega dessa dor, dessa incerteza, desse silêncio, dos dias se arrastando, do ódio, das imagens doentias na minha cabeça, da saudade espada que furou meu centro e aumenta o diâmentro a cada movimento. Só vai sobrar uma tristeza eterna em saber, como todos que já viram esse filme sabem, que o rei da selva, o dono do pedaço, o forte, o poderoso, o assustador, o monstro inabalável que bate no peito e destrói qualquer um, só queria ser amado pela frágil mocinha. Daqui de longe, enquanto escrevo esse texto chorando mais do que cabe no meu rosto, ouvindo pela milésima vez a música do Damien Rice e sem vontade nenhuma de ter vontade nenhuma, eu escuto seu riso alto, exagerado e constante. E eu só consigo ter mais pena de você do que de mim.

A ausência persiste




Minha vida é curta, não tem grandes emoções, não tem grandes aventurar ou amores arrematadores. Não está tudo bem, uma falta absurda de tudo que aconteceu e que jamais vai voltar. Você não vai voltar, tudo o que passamos não voltará, nem a sensação que tive irá voltar. O futuro não é mais planejado por mim, não ligo se for ou se não for. Não me importo se serei uma médica, uma dentista, ou até mesmo uma escritora. Não me importo se meu destino é ser sozinha, mesmo morrendo de medo dela. Não me importo se vou chorar agora ou se vou sorrir. Não me importo mas esqueço que estou me importando muito com tudo isso. Tenho vontade de sair por aí contando minhas dores, sair por aí, sem vergonha alguma de chorar como se não tivesse mais nada para perder. Uma vontade de debruçar em um desconhecido e saber que ele não vai contar para ninguém, e assim, se sentir mais aliviada. Debruçar em alguém e ficar horas e horas falando porque isso tudo me dói. Quero que o tempo passe rápido demais, preciso me aliviar. Quero me debruçar em alguém sem medo de ser taxada de louca ou masoquista.
Tudo estava tão bem, mas aí volto a ser o que já não era mais. Um nó insuportável na minha garganta e não tenho para quem ouvir. Me sinto desorientada e sozinha.  A única coisa que sempre soube era que precisava seguir em frente mesmo que tudo desse errado. Sempre soube que essa dor atolada no meio iria passar. Mas tudo parece tão interminável. Esse sofrimento nunca parece ter fim. O amor também não. Fico me imaginando vivendo, sendo totalmente sua. Nada de encontros pelas metades, nem falas com mensagens subliminares. Escolhi me arriscar, ninguém me disse que seria muito fácil, ninguém me disse que também sou correspondida. Mas mesmo assim, dei minha cara a tapa. Sou ridícula por te amar, mas sou forte o suficiente para continuar sorrindo, e fazendo todo mundo sorrir. É sempre assim, passa todos os dias, sempre passa. Mas volta com uma pequena lembrança onda, mas logo se torna uma maré. Tudo isso me ocupa, me cansa, me faz desistir constantemente. Com pouquinho de esperança, ainda te espero. Não na obrigação de que você tem que voltar, mas como se isso fosse uma lei de vida. Você se afastou, e eu concordei. Você me abandona cada vez mais e eu só aceito. Sem revolta, sem negar, eu aceito. Não choro mais por isso, seria ridículo chorar por algo que se perdeu há tanto tempo. Mas de vez em quando não consigo evitar, de vez em quanto, a confusão desse sentimento não cabe mais só em mim, e aí, tenho que expor.
Olho para o lado, olho para frente, e para trás. Sinto saudade, sinto nó na garganta e estou tão sozinha. Ninguém quer me entender, e escrever já se tornou cansativo. Continuo achando tudo falso. Continuo achando que o mundo não funciona do jeito que deveria, e tudo continua sendo tão banal. Minha alegria é o grande disfarce. Eu sorrio constantemente, conto piadas, danço, canto horrivelmente, sou a garota mais feliz, mas por dentro, o podre é gigante. Por dentro, estou cansada de sorrir, de cantar, de ser o que não sou. Por dentro, sou podre, sou sozinha, sou uma menina assustada. Sou sofrida, e não tenho tanta experiência com a vida. Sempre tive medo de ser o que nunca quis. Preciso me curar dessa loucura, preciso esquecer e seguir em frente. Você fez isso, e eu preciso criar forças para também fazer.
Nunca quis aparentar A fraca. Nunca deixei transparecer o quanto faz a tua falta em mim. Tento não pensar, tento seguir em frente, e até acho que consigo. Eu só queria que tudo acabasse. Não suporto mais viver com aflição, nem com essa dor atolada dentro de mim. Não agüento mais ser o que não sou, e nem tentar suportar o que eu não consigo. Te amar nunca foi fácil, e viver com sua falta foi mais difícil. Ninguém sabia que te amava, tudo foi em sigilo, tudo foi apenas escrito e ninguém precisaria reler os artigos. Nunca foi fácil, e por gostar tanto de você, eu resolvi enfrentar o mundo. Veja só, passou muito tempo. Não tenho o direito de infiltrar na sua vida, mas te daria o direito de infiltrar novamente na minha. Passou-se muito tempo mas ainda continuo a mesma.


Ps: Não postei ontem porque o blogger resolveu não funcionar, e assim, não teve jeito mesmo de postar. Sinto muito! Esse texto estava pronto desde ontem...e mais de noitinha haverá um post novo, como se fosse o verdadeiro 13 de maio. Tudo bem ?! Beijos .  @_LaylaPeres

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