Tu sabes, eu poderia escrever copiosamente todos os dias da
minha vida sobre você, poderia refazer um trezentos e sessenta e cinco dias sem
você, porque basicamente fizemos aniversário separados. Tu sabes, eu adoro um
drama. Desses que qualquer mãe ficaria com pena. Que poderia envolver
psiquiatra, psicólogo, pai de santo, ex, atual e amigos de amigos. Mas para
falar de você não preciso de nada disso. Posso ser crua, infantil, insistente,
com crises e sem crises de ansiedade. Posso acreditar em meditação,
mediunidade, espíritos, reencarnação, horóscopo, e para você está tudo certo.
Você me amou por esses anos todos, e eu sou grata por cada
pedacinho da nossa história que existiu só em rascunhos de folhas de word, de
mensagens, de declarações de madruga, de dizer:
Oi, tá dormindo? Tô sem sono...
É engraçado também dizer sobre gratidão, você sabe o quanto me irrita pessoas good vibes, e mais uma vez, você me aceitou. Aceitou minha irritação, meu jeito de autosabotar. De sabotar nós dois, de sabotar qualquer relacionamento paralelo que pudesse existir, de deletar, fingir, esquecer e brigar.
Oi, tá dormindo? Tô sem sono...
É engraçado também dizer sobre gratidão, você sabe o quanto me irrita pessoas good vibes, e mais uma vez, você me aceitou. Aceitou minha irritação, meu jeito de autosabotar. De sabotar nós dois, de sabotar qualquer relacionamento paralelo que pudesse existir, de deletar, fingir, esquecer e brigar.
Se eu exagerava, você me dava um alerta. Se eu sumia, você
me mandava sinais. Você me emprestou seu colo para quando meu mundo desabasse,
me emprestou teu silêncio para que eu pudesse gritar, me emprestou sua voz para
que eu pudesse ficar quieta. Não há remédio para dormir que tire minha fome de
viver o mundo com você. Não há qualquer remédio milagroso de psiquiatra que me
liberte de tentar viver só mais um pouquinho – e olhe só, eu nunca quis viver
tanto tempo assim – Mas não é drama, é só para que eu aceite que eu preciso
libertar para que a gente possa encontrar num futuro distante, ou não tão
distante assim.
Eu tenho medo de chorar por isso de novo e nunca mais parar.
Porque aparentemente isso é a única coisa que consigo fazer quando penso sobre.
Eu choro bastante de saudade. Nunca chorei por ninguém por esse motivo. E você
sabe, mais uma vez, o quanto eu sofri na mão de pessoas babacas. O quanto me
entreguei, ou o quanto não me entreguei e me arrependia depois. Mas eu queria
tentar. Só para dizer que tentamos, sabe?
Mas eu quero saber quando você volta. Quero enfeitar tudo com flores. Volta, vai. Volta só um pouquinho. Foda-se a libertação e o desapego. Eu estou pronta para ser brega por você.
Não quis ser mais sua para que pudesse ser. Ou que eu
pudesse te deixar livre e longe de mim. E doeu. Nossa, como doeu. Só precisava
do seu jeito, do meu jeito, da nossa sintonia. E quando vi, eu reparei que me
apaixonei pelo meu melhor amigo. E quando dei por mim, era tarde demais.
Quando você voltar, eu vou estar aqui. Parada, dura. Esperando o nosso lugar na história, e guardando um lugar para você na minha cama.