27 de dez. de 2011

O último texto para o 365 dias sem ele


Finalmente irei parar por aqui. Não exatamente direi que é o final para o amor, porque sabemos que o amor nunca morre, apenas adormece. Apenas fica quietinho aqui dentro para que depois ele renasça em outra pessoa, com outros sonhos, com outros objetivos e até mesmo com outras frustrações. Fiquei na dúvida entre o que era melhor: Esquecer ou deletar para sempre. E eu resolvi apenas pular para uma nova etapa. A nova etapa que nem sei como vai ser, mas sei que torço para que seja tudo diferente daquilo que sempre deixei claro. Eu o vi pela última vez e foi num sonho.Mas acordei mais leve e talvez até mais tranquila porque finalmente o tempo passou. Finalmente não acordei com raiva e nem com saudade. Acordei como se fosse mais um dia normal e acabaria sendo mais normal ainda. Nenhum acontecimento magnífico e nenhum choro. Nem ao menos lembrei que havia sonhado com o indivíduo. Apenas segui em frente. E o mais incrível que possa ser: Segui em frente tão plena que pensei que poderia voar. Claro que não voei. Galinhas não voam. Mas aí entrei em contato com ele pela última vez, só para saber que estava certa de tudo aquilo que resolvi escolher. Ele ainda continua com uma namorada (Não vou dizer que ela é feia como sempre, mas vou dizer apenas que é estranha, só para não aparentar que eu ainda o amo) E não senti absolutamente nada. Entrei em contato só para dizer que havia sonhado com ele. E eu pouco me fodi para ele. E graças a Deus, ele pouco se fodeu para mim e para a merda do meu sonho.
Cheia de mim comecei a ver outros sonhos. Risquei os velhos, os que não serviam, ou até mesmo aqueles que só serviam para deixar meu coração confortável. Rasurei todos. Troquei os personagens. Se quero renovação é preciso fazer por onde. Então, me renovei. Cortei o cabelo, mudei o estilo das minhas roupas e peguei pesadíssimo na academia. Não queria que ele se arrependesse, até hoje não espero isso. Só quero que ele veja o quanto eu o amei. Eu o amei sim. E sempre me questiono por isso. Sempre fico me machucando com aquele silêncio de sempre, mas não é por querer. Eu apenas questiono muito, essa é a minha natureza. E ele sabia, sabia que tudo para mim teria que ter resposta e que nunca me conformei com aquilo que havia acontecido. Tudo deveria ter saído conforme aos meus planos. Eu sinto mais saudades daquilo que não tive realmente, daquilo que era confortável. Sinto mais saudades dos planos que tinha. Não sinto mais saudade dele. Só sei que estou bem. Estranhamente e absurdamente bem. Me isolei de todos os homens possíveis durante o mês passado. Queria ter toda certeza do mundo que estava pronta para ser de outro. Mas aí fiz a descoberta que pode mudar minha vida: Eu sei ser feliz sem ele. Isso mesmo. EU SEI SER FELIZ SEM ELE!
Não conseguia escrever quando havia felicidade. Não fui totalmente triste, nem totalmente feliz. Fui a metade de cada sentimento que poderia existir. Ele tem uma vida ótima, e longe de mim de querer me enfiar lá. Antes queria ser dele, mas sei que posso ser dos outros. Sei que não sou tão bonita quanto as outras, mas devo ter algo que os outros chamam de especial. Sei que tenho que me dar ao valor. Sei até mesmo que não devo me arrastar tanto. Aprendi tanta coisa que seria tão impossível escrever todas elas aqui. Não sou a única sofrendo, e garanto que você também não é. Há tantas meninas que passam todos os dias pelas mesmas coisas que passei. Sofremos, cantamos, e até mesmo gritamos. Mas estamos vivas, e precisamos dar valor a isso. Precisamos sair por essa porta que nos trancamos durante anos, somente para abalar. Somente para dizer ao mundo que estamos aqui. Não esperamos mais a felicidade e sim, vamos atrás dela, custe o que custar. E vamos chorar infinitamente, vamos sorrir e até mesmo seremos cínicas. Mas estamos vivas. Meu amor, estamos vivíssimas! Se for para chorar que seja na base do rímel à prova d'água. E que se for para sorrir que seja até rolar. E se for para encher a cara, que seja com classe.
E com um suave aperto no coração digo que não escreverei mais aqui. Guardarei tudo que aprendi, e quero que vocês guardem isso que disse. E ele foi um grande amor sim, mas haverá outros. Minha vida não acaba por aqui. Sei que vocês esperam que eu diga o nome dele. Eu não dizer. Sabe por quê? Porque ele é o ele de vocês. Ele daqui, é ele daí. E espero que você que me leia agora entenda: Você também é feliz sem ele.
Mesmo que isso seja difícil de aceitar, creia nisso. Creia com fé, com muita fé.
E pode apostar, estou aqui desse lado torcendo por você, por mim, e por todas aquelas que sofrem por um amor mal resolvido.



4 de nov. de 2011

365 dias sem ele



Hoje é o dia em que o conto de fadas para sempre acaba. Está na hora de voltar a viver e reaprender o que é isso. Vai demorar um pouco para que possa estar novamente de volta aquilo que nunca quis voltar. Se eu pudesse, não terminaria hoje, nem nunca. Mas não pode ser assim. Daí eu descubro que nem toda princesa tem um príncipe de reserva e nem toda vadia tem um fim trágico. Tudo isso se torna muito injusto mas é preciso aceitar. É preciso aceitar para que depois possa partir realmente. E é tão difícil. Está tão difícil escrever o fim que nunca desejei. Mas você não estava lá mais quando precisei. Você não estava mais lá quando entreguei os pontos ou quando ressurgi querendo fazer todos felizes. Você não estava lá quando fiquei bêbada e contei a nossa história, e não estava lá quando mais bêbada ainda, deixe-me ser usada pelo desconhecido que resolveu aproveitar. Você nunca mais esteve aqui, e nunca mais vai estar, porque finalmente esse é o nosso fim.  Não estava comigo quando quis para sempre me entregar em outras coisas estranhas. Você não estava lá quando sem querer descobri coisas do meu passado. Não estava mais lá e nem pediu para ficar para sempre ao seu lado. Tudo isso se torna triste demais se for parar para pensar. Você não estava lá quando consegui finalmente cozinhar. Não estava comigo quando contavam piadinhas sem graças, e nem quando fazia greve de fome por neurose. Simplesmente você se abandonou e me abandonou.
Você foi duro, retardado e idiota comigo. Foi mais um cara escroto que se eu tiver um filho, um dia, vou ensinar a nunca ser igual. E eu só consigo pensar no quanto me dói e o quanto me vejo tão como antes: Tão fraca e tão sozinha.  Volto ao passado ( não tão antigamente assim) mas só consigo ver aquela mesma menina sentada na beirada de sua cama tentando achar alguma explicação. Mas vejam, passaram doze meses e eu não encontrei nenhuma resposta para nada. Nem para mim, nem para o fim. Corri muitas vezes em círculos a procura de você, de mim, do nosso destino que brincava e esconde-esconde, mas a única coisa que conseguia encontrar era tudo o que não gostaria de ver e nem de ouvir. Eu corria em círculos atrás de você e ele corria em linha reta. E ficava cada vez mais bonito, prepotente e estúpido. E por incrível que pareça, sinto dó dele. Dó porque eu sei que ele não passa de um menino mimado e carente. Quando elas se cansarem de vez, não vou mais estar aqui. E sei que não voltarei, porque não quero mais me massacrar assim. Não quero correr mais em círculos. E sei que quando seguir em linha reta ficarei tonta, enojada mas logo me acostumarei. Porque na vida tudo se acostuma. Com a falta ou com a presença da pessoa. Corri até te perder de vista. Não porque eu escolhi, mas sim porque cansei de tentar seguir e percorrer o mesmo caminho. De qualquer forma precisava conhecer outras estradas, precisava seguir a famosa intuição que tanto apitava dentro do meu peito, precisava parar de uma vez por todas de ser tão burra e tão apaixonada. E aí, me tornei isso o que todo mundo vê. Ser o que não era foi mais fácil. Foi um método de fuga e de apoio que encontrei para não enlouquecer de vez.
Fui descolada. Bebi demais, fiz merda demais. Perdi as contas de quantas vezes fiquei de porre e posso até perdido a noção de quantas vezes fui fácil e descolada demais para os outros. Porque os outros não eram você e eu pouco me importava. Os outros não iriam voltar, porque eu nem sabia o nome deles. Os outros são apenas os outros que pouco sei o nome ou a idade. E eu me sentia cada vez mais vazia mas ao mesmo tempo viva. Sentia que tudo aquilo que passava estava ao meu controle e que finalmente o nosso fim havia chegado sem ao menos me preparar ou dramatizar por ele. Mas engano meu. Sozinha, depois de muito tempo e depois de sossegar, só consigo pensar que fui cruel. Cruel com aqueles que se enfiavam em minha frente e cruel comigo. Esqueci dos meus valores e daquilo que sempre acreditei. Odiava ser de todos e não ser de ninguém no final das contas, odiava aquela sensação de ser usada, e meses depois, estava me permitindo ser usada e ser de todos. Me perdi de tudo aquilo que confiava e seguia.
Minha vida sem ele se tornou um caos mas ao mesmo tempo precisei organizar tudo aquilo que sempre negava. Era muita choradeira acumulada, muito motivo para querer desistir de tudo, e muita falta de força de vontade. Minha vida se tornou um grande drama quando tive que despedir de tudo e aos poucos fui me estabilizando. Não de maneira certa, mas fui voltando ou tentando ser aquilo que era mas que não me lembrava. Muita carência em forma de textos e muito drama em cima de doses. Mas eu sinto falta. Sinto falta daquele jeito que você era comigo e como era com o mundo. Era tudo tão lindo e idiota que de qualquer forma, voltava a acreditar em lendas. Tudo era bonito mas era uma pena que havia data para acabar, e seria dia quatro de novembro de dois mil e dez. E hoje eu estou aqui, podendo contar a vocês tudo o que me aconteceu nesse ano cheio de altos e baixos, de bebidas e ressacas, de amores sem devoluções. Ele talvez irá ler e sorrir ou pode até mesmo reparar que já se passou tanto tempo. Me deparei com a verdade diversas vezes no escuro e eu não sabia o que iria fazer da minha vida.
O mundo é cheio de voltas e não digo que talvez não posso encontrá-lo perdido por aí. Talvez, no futuro, possamos ser o que eu queria para nós. Talvez, sentaremos em um bar e daríamos risadas disso, ou quem sabe, contaríamos nossa história para nossos filhos. Mas talvez nada disso irá acontecer. Talvez esse realmente seja o ponto final que neguei a colocar em todos meus textos. O mesmo ponto final que inúmeras vezes jurei que iria colocar mas com medo e aflita, neguei. Neguei porque era mais fácil prolongar uma história que na verdade, não era mais história alguma. E você sabe tão bem quando eu. Você sabe que nunca mais vai me ligar porque não tem o meu novo número, e sabe que decididamente resolvi te tirar de vez da minha vida. 
Lembrei de todos os meninos que souberam dessa história de escrever durante um ano. O meu ex namorado foi contra, o meu ex ficante também e resolveu ir embora, e eu não fiz nenhum esforço para ir atrás. Escrever causa certo medo. Estraguei meus relacionamentos por escrever para alguém que havia ido embora sem ao menos se despedir, sem ao menos dizer pela última vez que como desejava me abraçar. Estraguei meus relacionamentos por medo de me envolver e te deixar. Mas com o tempo isso não foi o suficiente.
Te amar nunca foi o suficiente. E eu esperava que no meio de tantos meses, a sua chegada acontecesse. Mas não foi nada disso. Você não voltou e eu prometo não mais chorar por isso. Prometo que tentarei observar de um outro ângulo. Prometo que tentarei dar risada disso, um dia. Prometo também que não me humilharei mais por um menino, jamais. E nem deixarei me perder. O fim é esse. Um ano se foi. 365 dias acabaram de se completar. E só espero que no futuro, se lembre sempre do que te disse. Não quero que fique triste. Quero que seja feliz, de verdade. E lute por aquilo que sonhou. Essa é a hora. Essa é a hora de me despedir.
Chegou a hora de dizer adeus. Chegou a hora de voltar para casa e lutar por aquilo que sonho desde menina.   Chegou a hora de se recompor e tentar ser feliz com ou sem ele. Uma das coisas que aprendi é que a minha felicidade só depende somente de mim, e não dele, nem da minha mãe, nem da paz mundial. 
Esse é o fim. 365 dias sem ele completos. Inúmeras vezes tentei aproximação mas foi em vão. Não adiantou. Ele não voltou e não vai voltar. E acredite, é melhor assim. Esse é o fim. Nunca saberei se estou realmente pronta para me despedir, já que sempre é tão difícil despedir de algo que acabou fazendo parte da sua história. Eu vou e não volto, nunca mais.


1 de nov. de 2011

Eu sou ridícula



Eu sou ridícula. Passo a metade do dia querendo provar para o mundo e para todas as minhas redes sociais que estou bem, e passo a outra metade querendo provar para mim mesma o quanto sou ridícula, sozinha e solitária. Usei diversas máscaras que perdi já qual é a minha preferida. Passo os dias me adequando conforme as situações. Na hora do perigo, eu viro outra. E na hora de ser feliz e louca, viro a que todos já estão cansados de ver. Na academia eu sou uma. Não olho para os lados, sou centrada e seca. Não quero que ninguém gostosão ache que estou dando em cima. Na escola, eu tento ser a descolada mas ainda assim chata, insuportável. E aqui, eu posso ser do jeito que quero. E me sinto incrivelmente ridícula. Passo a metade do meu mês criando planos, e a outra metade faço questão de destruir tudo. Falo em voz alta: Esse não vai dar certo, não sei porque fiz esse, não quero mais aquele, esse é ridículo. E quando dou por mim, estou zerada. Talvez zerada não fosse tão a palavra correta. Mas ainda assim, me sinto ridícula.
 Vejo as minhas antigas amigas e todas elas estão lindas, mal me olham, mal conversam comigo. Por escolha ou destino, nós não somos mais amigas. E eu sinto falta delas, juro que sinto. E eu queria que elas fossem minhas madrinhas de casamento – Mesmo sabendo que eu nunca vou me casar- Eu queria que elas se tornassem as madrinhas dos meus bebês, ou dos meus animais, tanto faz. Sinto falta dos meus amigos de infância, e daquele meu amigo que era meu vizinho e que acabou falecendo. Será que ele para ser o meu amor eterno? Talvez seria com ele que eu fosse me casar, ou dar uns amassos. Mas não, o destino me boicotou e levou tudo. Não tenho mais amigas de infância e nem o meu amigo que poderia ser o cara que iria me conquistar ou me odiar inteiramente. E eu me sinto mais ridícula porque não tenho plano algum. Vou para academia, faço meus exercícios e a mesma cara de ridícula. Quando me falam um oi em sussurros, respondo em sussurros. Não me importo. Só sinto dó de meninas que conseguem se tornar mais ridículas do que eu. Meus ex namorados me odeiam. Ou então, perdem os precisos tempos que os restam com as novas namoradas lendo os meus textos. E inúmeras vezes, deparei com os comentários deles perdidos por aqui. Alguns falavam que me amavam, outros me zoavam eternamente com a escolha que eu fiz. Precisava desabafar e esquecer um amor que chega até ser deprimente. Então, que venha os 365 dias sem ele.
Tento criar amores para me acalmar. Consigo isso sem criar muita expectativa. Mas logo esqueço. Eu só queria que um amorzinho qualquer sossegasse dentro de mim. E eu me sinto tão burra, tão passageira, tão estranha por ser dona de todos e mesmo assim, todos não me pertencem realmente. Me sinto muito ridícula. Eu sou tão ridícula que tento chorar mas ao mesmo tempo tenho essa necessidade de sair por aí provando que estou bem. Mas eu não quero mais provar que estou bem para que os outros vejam. Quero chorar muito quando o fim chegar. Quero sentir que não tenho mais forças para chorar. Mas na verdade, perdi toda a vontade de sofrer.
E eu fujo do amor. De verdade. Corro como se fosse uma gazela saltitante para longe de tudo que possa me deixar suspirando. Então, sempre estou pronta para ir e nunca para ficar. E eu me sinto muito mais ridícula quando vejo que estou fazendo planos em cima de uma noite qualquer ou de uma conversa fofa que me deixou balançadinha e suspirando durante dias. Continuo nessa de dramatizar já que minha vida é incrivelmente chata. E ele, o que me deixou, deve gargalhar por conta disso. E eu só queria que ele soubesse que nunca mais vou querer que ele apareça. Necessito que ele suma para que nunca mais volte. Nunca mais. Não quero a notificação dele em alguma rede social e nem me deparar com as meninas bregas dele. Elas são bregas demais, e eu precisava dizer isso. Precisava porque tenho o orgulho ferido realmente. E eu não estou nem aí mais para nada. Nem para o sofrimento, nem para mim.
Por mais que eu tenha escrito milhares de vezes que não tenho medo da solidão, chegou a hora de falar a verdade. Eu morro de medo de ser sozinha. Morro de medo de perder a minha mãe e ser sozinha para sempre. Eu morro de medo de enfrentar o mundo, sozinha. E eu sou tão sozinha. E eu não gosto. Eu morro de medo de espantar a minha felicidade, mesmo sabendo que isso já acontece. Porque faço questão de ser cruel só para aqueles que se apaixonam milagrosamente por mim, desapaixonarem. Não quero que me amem. Não é por mal, só não quero que as coisas ficam mais complexas do que já são. O drama é meu, e o podre também.
Mas sou tão ridícula, tão menina, tão ingênua que chego a me surpreender. Não era para continuar assim. Esses amores só ficam para que eu possa escrever. E eu sinto tão bem às vezes. Sinto tão indiferente com o mundo, e eu não quero assim. Queria ter um namoradinho, de vez em quando. Queria que alguém perdido por aí, finalmente aparecesse. Alguém como eu sempre escolhi e planejei. E não os outros. Eu não gosto dos outros. Eles são chatos e querem abusar da minha boa vontade quando bebo demais. Só queria que algo na minha vida desse certo e que ninguém mais fosse embora. Porque me cansa tanto. Me sinto tão ridícula por ter que acordar sem saber o que vai fazer, sem planos ou sem alguém para dizer que tudo vai passar -  mesmo sabendo que não existe mais nada para passar – Eu só queria acordar e perceber que continuo sendo ridícula mas que tudo não passou de um pesadelo horrível. Sou ridícula. Eu choro assistindo o filme "A Noiva Cadáver", e eu não queria que ela se transformasse em borboleta no final. Sou tão ridícula ao ponto de escrever e pensar em tudo que passou. Sou ridícula ao ponto de conversar sozinha no escuro. Sou tão ridícula que acabo dando gargalhada disso, porque não me resta outra coisa a fazer. Sou tão ridícula que a única coisa realmente necessito e planejo é dormir. Dormir para que nada mais possa fazer com que me sinta mais ridícula do que já estou sentindo. 

31 de out. de 2011

Relicário



Estava pensando que talvez não tenha um relicário, mas afinal, todos esses textos se tornaram um pequeno relicário. E só vou parar quando o fim realmente chegar - cronologicamente falando faltam apenas quatro dias - E por que eu nunca penso que o fim se aproximou? E eu quero destruir o relicário. Eu quero me libertar de tudo que um dia me prendeu e me sugou intensamente. Estou cada vez pronta para o fim, mas eu o amava. Amava tanto que todas as dores se tornavam pequenas demais perto de outras dores. Sinto como se tivesse quilômetros de pedras dentro da minha garganta e eu não consigo nem respirar direito. É como se fosse um nó absurdo que não se desfaz. Precisava novamente saber como estava. Precisava novamente ser sua para que pudesse lembrar o que a vida me oferecia quando existia aquele amor bem mais forte. E você era o meu amor, o esperado e desapaixonado. Você era meu anjo, meu demônio e tudo aquilo que poderia me fazer aprender. E eu fiquei tão triste. Triste porque faz quase um ano que você se foi realmente. E você nunca voltou para perguntar se tudo estava bem. Eu sinto tanta sua falta. Sinto falta daquele amor aglomerado, aquele mesmo amor que morria e ressurgia inúmeras vezes. Aquele amor que era tão intenso, tão bonito e tão fraco. Aquele mesmo amor que escondíamos dos outros. Aquele mesmo amor que me fazia sorrir e suspirar loucamente. É um novo recomeço de semana mas sei que em mim tudo continua a mesma coisa. O mesmo podre, e os mesmos planos que logo serão boicotados. E eu só consigo sentir falta. Falta de alguém que está tão feliz. Falta do silêncio que me constrangia e da gritaria que me envergonhava. Falta de alguém que partiu. Que voou para sempre e para longe.
Olhei sua foto e aquilo era tão recente. Era como se eu fizesse ainda parte de sua vida mas as escondidas, e você nunca saberá disso. Você nunca mais vai saber o quanto pensei em você e o quanto desejei que você estivesse por perto - Não para ter aquele sentimento de tesão mas para que possa me proteger - Olhar sua foto só me fez perceber que tudo não havia passado conforme imaginei. Eu não faço mais parte da sua vida, e é verdade. Era como se fosse a minha despedida. Como se fosse a última vez que olharia sua foto. Como se fosse o nosso fim. E talvez seja o fim que todos nós esperamos. Escrever não adiantou muito o meu esquecimento, só prolongou a dor. Chorei tanto que precisei para me sentir viva e limpa. Aquele podre finalmente vai se aliviando. Mas eu só preciso chorar. Chorar sem medo, chorar sem imaginar que depois vão me julgar de fraca. E eu preciso mesmo chorar para esquecer de vez. Mas o choro não chega. E me sinto tão passageira, tão vulnerável, tão pura. E eu descobri que sinto um amor tão puro e diferente por esse menino. E eu nunca vou esquecer daquele seu lado tão protetor. Mas ao mesmo tempo algo bem mais forte me empurra para frente. E eu não quero me desapegar de você. Eu só tenho você. Sobrou as lembranças e as velhas cartas de amor. Sobrou o respeito, o carinho e a dedicação durante esse tempo todo dentro desse texto. E eu perdi tudo. Perdi a fé de quando havia quinze anos, perdi aquele sonhos  de menina. E acabei enterrando e restaurando a velha e antiga menina. Talvez assim ele voltasse. Mas nada disso, ele não voltou porque voltei a ser do jeito que era antigamente. Se eu pudesse guardaria tudo dentro de um relicário. Se eu pudesse, nunca desejaria que você fosse embora. Mas você nunca havia me amado. E foi preciso me despedir daquilo que me orientava e que ainda assim, só conseguia me afastar.
Tentei inúmeras formas para esquecer e não ter o relicário mais. Tentei ser bruta, fria e estúpida com todos para que pudessem me deixar em paz, mas não foi por mal. Tentei ser a bonitinha, burrinha, e fútil para que todos percebessem que eu não valia a pena. Mas foi ao contrário. Apostaram em mim, e eu só queria embora daqui para sempre. E eu me apaixonei por inúmeros meninos mas nenhum deles fizeram com que eu ficasse apaixonada. Apaixonava e desapaixonava de uma forma caótica, e eu tentava acreditar que era melhor assim. Mas não era, nunca foi melhor assim. Sua ida só fez com que enfrentasse o meu lado sombrio, o lado que sempre evitei enfrentar. Sua partida me fez entender que o mundo não era só meu e que nenhum amor seria recomposto. Fiquei tão fria, tão distante, tão diferente. E eu me quero de volta. E eu te quero de volta, inúmeras vezes. Mas não posso. Preciso te deixar ir. Preciso te mandar embora e destruir o relicário. Preciso ir embora e se puder, por favor, me acompanhe. Me acompanhe ou me guie para onde nós se tornássemos o que sempre escolhemos. Tudo que preciso é destruir tudo que me faz ficar presa. Mas não posso. Eu não posso jogar tudo para o alto. E não posso destruir o relicário. Não posso. E não vou. É mais fácil ser sozinha acompanhada, entende? É sozinha que não importa o que seja, tem sempre alguém pronto para socorre. E você era assim. Eu era uma sozinha acompanhada. E agora sou só sozinha. Tão sozinha, tão diferente, e tão incapaz. Não me sinto mais triste. Não me sinto mais uma vadia. Mas tudo que preciso é destruir tudo isso antes que tudo isso possa me destruir.
Já faz tempo demais que tudo deixou de ser o que todos esperavam. Deixei de ser tudo aquilo que sonhei para ser outra que não estava nos meus planos. Já faz tempo que você partiu e eu estou partindo também. Estou indo, sem destino ou planos. Mas não me importo, tudo que preciso realmente é ir embora. Embora desse mundo, desse relicário e principalmente, ir embora para longe de você.

30 de out. de 2011

Está na hora de acordar.




Não chore mais por ele. Ele é esquecível e você sabe bem disso. Ele ainda continua chato como sempre. E bizarro. E arrogante. Ele ainda é um idiota que sempre preferiu elas, se lembra?  Não faça mais planos para a sua vida baseado no que está vivendo hoje. Amanhã é melhor. Amanhã você vai acordar melhor, eu juro. E você sabe o número dele decorado, não é? Delete da sua agenda. Logo você esquece esse número. Logo você esquece o que ele disse. Logo você esquece todo o mal que ele te causou. Se lembra? Não há mais motivo para continuar assim. Você está livre. Livre e leve. Então vá correr atrás da sua felicidade. Deixe essa solidão de lado e dê um up na sua vida. Vamos, se cair, você vai levantar. E se ele cair, não dê a sua mão. Saía de perto e vá viver tudo aquilo que desejou desde criança. Pare e pense nessas minhas palavras. Essa é a vida que você sempre quis? É isso mesmo que você quer para o resto da sua vida? Tem certeza mesmo que quer chorar para sempre por um menino que só te humilha? Não. Nós sabemos que não. E eu sei também que isso é tão difícil. É tão difícil despedir daquele sentimento que esteve presente. Aquele mesmo sentimento que sempre te confortou – mesmo sendo a ausência -. Seja como for, a vida deve seguir sem ele. Se ele não me que mais, não posso fazer mais nada. Tudo que eu poderia fazer, tentei. Corri atrás, fui de louca a santa atrás desse sonho que só me cansou. Chega de se destruir assim.
Para de se trancar nesse quarto, vá para a festa. Use e desuse. Conheça novos gostos e perfumes. Conheça o pecado mas não se infiltre nele. Levante essa cabeça. Não fale dele para os outros. Esqueça. Desapegue. Desapaixone. Acorde desse sonho.
Não diga mais o nome dele. Invente códigos, ou melhor, fuja de todos os códigos. Não ouça a música que te lembre do passado. Não queira ler os históricos do Messenger. Não vigie o facebook dele. Não leia o que ele escreve. Esquece, abafe o caso e mostre ao mundo o quanto você está pronta novamente para a vida. Mostre para aqueles que só te causaram dor, o que você se tornou. Não force sorrisos. Seja sincera com o que você realmente está sentindo. Se quiser chorar, fique a vontade. Não se faça de durona – mais cedo ou mais tarde, alguém vai conhecer esse teu lado tão menininha que precisa de proteção – Fuja dos mesmos assuntos e dos mesmos perfumes. Conheça o outro lado dessa história. Não fique apenas no sofrimento. Não queira se achar a coitadinha da história. Talvez, ele me deixou porque tinha os motivos (talvez tortos e feios) mas eu precisei aceitar, e você deve fazer o mesmo. Se ele quiser ir, liberte-o. Acredite, assim será melhor para você.  Foi difícil eu assimilar essas idéias loucas Eu nunca seria capaz de acreditar nessas frases e muito menos seria capaz de escrevê-las mas com o tempo aprendemos. Mais cedo ou mais tarde o aprendizado chega. A verdade aparece e o coração parte para outra. Não se sinta culpada por estar achando o outro interessante, esses amores são ótimos para você cair na real. Assim, você mais uma vez irá conseguir perceber que a vida vai muito além do que nós esperamos.
Se ele estiver com outra, azar da menina. Você o conhece tão bem. Você sabe que ele é passageiro, e tão insensível, mas ainda assim, gosta tanto dele. Mas esquece, talvez, ele faça a mesma coisa com essa nova menina. E eu garanto que você é mais bonita. E se ela parecer com você, não crie expectativa. Esquece essa história de achar evidências entre vocês duas. Assim, só irá piorar. Várias vezes ele namorou meninas com alguma coisa que me lembrava (sorrisos, o corte de cabelo, nome e até mesmo data de nascimento) mas esquece isso. Mesmo que ela seja tão parecida, deixa isso. Não a critique, na verdade, pode criticar a vontade, isso só vai te aliviar. Veja o quão brega, idiota e burra que ela é. E eu sei, tonto foi ele por ter te trocado por uma menina tão brega, idiota e burra. Daí você deve se perguntar que se ela fosse tão mal assim, talvez ele não estivesse com ela. Que nada boba. O amor é cego. Esqueceu que um dia você foi apaixonado por ele? Só você consegue enxergar o que nunca não entendia. Você o olhava de um jeito diferente e isso está acontecendo de novo. Ele vê ela diferente. E calma, talvez nem dure tanto assim.
Se ele voltar lembre-se de tudo que você passou com ele. Lembre-se das inúmeras vezes que ele não atendia o celular, ou das vezes que ele poderia estar com você mas preferiu a loira gostosa da festa ou a morena fácil. Lembre-se do silêncio. Daquele silêncio que tanto te fez chorar e você não pode contar para ninguém já que eles iriam soltar aquela frase do “Ah, eu te avisei”. Se você o encontrar na rua, erga sua cabeça, nada de se curvar, ele não é melhor que você. Ele é apenas uma criança e merece ser tratado como tal. Na verdade, ele acabou pedindo isso em silêncio. Esqueça as ofensas. Esqueça aquele amor tão impuro. Esqueça dele. E não se esqueça na sua história. Se nada der certo, invente outra para a sua vida e não o coloque novamente nela. Esqueça o que te deixou tão triste. Esqueça tudo que te causou a dor. E seja feliz. Não de mentirinhas, não em textos. Mas seja feliz, realize o que tiver vontade e esqueça. Assim, você pode conquistar tudo que realmente deseja. E por favor, se lembre sempre que idiota foi ele. E que ele possa aprender que nunca deverá entrar na vida de uma menina assim. Que ele aprenda que é possível sim, dar voltas e voltas. E menina, esqueça, tire essa maquiagem borrada do seu rosto, coloque seu cabelo para trás. Faça outra maquiagem, dance novamente. Seja aquilo que quer, e viva. Viva muito, sonhe muito, ame muito. Ele foi um idiota. Apenas ele. E agora você sabe, idiotice sua de querer se diminuir assim. Você é muito além do que espera e mostre isso ao mundo. Por favor, eu te peço. Pare de chorar e vá ser feliz. Não faça isso para os outros, mas faça por você. Dê uma chance a si mesmo. Esse é o recomeço.
Está na hora de começar a acordar: Acordar para vida, para o amor, para o destino. Acorde logo desse pesadelo. Acorde e vá viver. 

29 de out. de 2011

Querendo voltar ao passado


É inútil a minha vontade de querer voltar a ser como antes, é muito difícil eu tentar seguir em frente e ninguém sabe o tanto que incomoda. Minha vontade não é nada demais, eu preferia ter continuado bem auto suficiente, sem textos que demonstravam alegria e isso causou inveja de muitas e muitas pessoas, e talvez, fez com que a minha vida não seguisse adiante. É, agora não tenho mais forças nenhuma para lutar por você, não tenho e também não quero arrumar forças, vai ser tudo em vão mesmo. Então, estou em pause.
Amanhã eu tenho prova de biologia e eu em vez de preocupar com a matéria, estou pensando que sexta eu poderia ter te ligado se o meu celular não tivesse roubado e falado mil coisas que você nunca imaginaria, ou que não tem a mínima noção do que você realmente foi para mim. Eu estava bêbada e poderia ter falado que foi qualquer outra pessoa... Mas não aconteceu isso, acho que não tive coragem, tive medo de te perder para sempre, se bem, que eu já perdi. E odeio ter que assumir isso.Odeio saber que não há mais imaginação de ser robótica lentamente para saber o que falar, agora eu vou falar o que eu penso, porque eu sou assim, sou humana demais, sou bipolar, antipática e tudo aquilo que o mundo está cansado de saber, mas é cruel demais aceitar que eu sempre deixo as pessoas que eu amo indo embora e eu fico com as que são falsas - querendo ou não, a maioria é sim, não adianta negar! - Ah, não tenho mais palavras pra dizer sobre assunto algum, não tenho nem ao menos capacidade de escrever sobre você. Eu cansei de te ter como os meus temas.Poderia procurar outros temas por aí, África, Fome, Aids. Muito produtivo mas não. Vou me torturando aos poucos, sabendo que tudo escapou, mas eu tenho a consciência que eu fiz tudo certo, escondi o sentimento, fui sincera com que eu sentia, e sabia muito bem o que queria. Você nunca foi sincero com que sentia, você me torturou todo esse tempo e acabamos em nada. Acabou.Tenho apenas que continuar a minha auto-libertação, e não devo mais seguir conselhos e palpites de ninguém. Já estou bem grandinha para ficar ouvindo pessoas se intrometendo no assunto que não são delas. Intrometendo porque não se passa com elas o que está passando comigo. Não acho que estou sofrendo, só que estou cansada, foi difícil tudo que eu passei. Agora não quero me apaixonar por ninguém tão cedo, vou deixar o vento levando tudo para longe de mim, é triste saber que as pessoas se perdem... Mas não posso ficar implorando para que fique, quando o ciclo acaba, os sentimentos também morrem. E acho que foi isso que aconteceu.

                           Texto feito em  junho de 2009/2010.

Ps: Esse texto é MEU e não da Tatiane Bernardi, só que estava hospedado em outro blog (conto apenas de farsas) Por favor, isso está ficando chato demais. 

Eu só queria um namorinho de portão - Tati Bernardi



Não, você não precisa ter o abdômen do mocinho da novela, afinal eu adoro meus peitos naturais que se mexem de leve quando eu corro e desaparecem um pouco quando eu emagreço demais. Acho até que posso ficar com sua barriga pra sempre, mas já faz tempo que não acompanho nem uma semana seguida de qualquer novela.

Eu não quero que você me busque num super potente carro, eu só quero que quando você me beije, eu não deseje mais nenhuma força do universo. Estou pouco me lixando se o restaurante tem várias cifras no guia da Folha, mas gostaria muito que a gente esquecesse das mesas ao lado e risse a noite toda, eu até brindaria com água sem bolhinhas. Sério que tem uma pousada mega-master com ofurô em cima da montanha e charretes cor-de-rosa que trazem o café da manhã? Dane-se, se você conseguir passar, nem que seja algumas horas, encantado pela gente, essa será a maior riqueza que eu posso ganhar. Sim, a tecnologia é mesmo fantástica, só que hoje eu queria sumir com você para um lugar onde não pegue o celular, não pegue a internet, não pegue a televisão, mas que a gente, em compensação, se pegue muito. Sim, sim, música eletrônica é demais, celebrar a vida com os amigos é genial, pular bem alto é sensacional. Mas será que a gente não pode colocar um Cartola bem baixinho na vitrola e dançar sozinhos no escuro, só hoje? Será que a gente não pode parar de adjetivar o mundo e se sentir um pouco?

Eu procuro você desde o dia em que nasci. Não, eu não dependo de você nem para andar e nem para ser feliz, mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado. Só que estamos com um problema: vai ser um pouco difícil a gente se conhecer porque tenho evitado sair de casa.

Eu não odeio mais as garotas em série e seus namorados em série, eu não odeio mais a sensação de que o mundo está perdido e as pessoas lutam todos os dias para se parecerem ainda mais com o perdido ao lado, se perdendo ainda mais. Eu não odeio mais quem cuida do corpo mas esquece da alma, quem cuida do cabelo mas esquece da mente, quem cuida da superfície mas faz eco por dentro, quem coloca um peito de silicone mas esquece de dar mais uma chance ao amor. Eu não odeio mais a galera feliz em pertencer a um mesmo barco que não vai a lugar nenhum. Eu só acho isso tudo muito triste e prefiro não ver.

Eu prefiro não fazer parte da feira que compete pra ver quem tem a casca mais bonita. Voando eu sei que você não vem, até porque eu jamais namoraria um super-homem: tenho horror a pessoas falsamente infalíveis.

Não quero um homem que sempre vence, que sempre impressiona, que sempre salva e sorri impecável em dentes brancos e músculos ressaltados por um colan com as cores da bandeira americana. Você pode ter medo de monstrinhos imaginários e dormir com a porta trancada, pode ficar meio tristinho quando, numa festa cheia de amigos, lembrar que é sozinho no mundo, pode perguntar assustado no meio da noite “aonde você vai” mesmo sabendo que é só um xixi, pode até fazer piada com o seu medo de estar vivo, e pode, inclusive, ficar sério e quieto, de repente, por causa disso também. Não existe Orkut, não existe Messenger, não existe celular, não existe um supercelular que é máquina fotográfica, Orkut e Messenger ao mesmo tempo. Não existe o décimo quarto andar do meu prédio com 8 seguranças lá embaixo. Não existe a balada perfeita com 456 garotas iguais e programadas para te dar um amor levemente inexistente. Não existe esperar que a vida fique mais compacta, mais veloz, mais completa e mais fácil, assim como o computador. Existe essa coisa simples, antiga e quase esquecida pela possibilidade infinita de se distrair com as mentiras modernas do mundo. Existe o amor, mas onde ele foi parar depois de tudo isso?

Eu não tenho um portão para te esperar, como minha avó um dia esperou pelo meu avô e eles ficaram juntos por 70 anos. Talvez eu também seja engolida por esse mundo que cria tantas facilidades para a gente não sofrer. Tenho medo de que tudo seja uma mentira e de verdade sinto que é, mas ainda acordo feliz todos os dias esperando que ao menos você seja verdade.

Não quero mais





Paro em frente ao computador, mas não sei mais exatamente o que eu poderia escrever sobre como é ser deixada. Tudo se perdeu e eu não fiz nenhuma questão de voltar para aquele passado que me levou do inferno ao céu. Mas tudo precisava acontecer por conta de algum motivo, mas ainda não cheguei a alguma conclusão sobre isso. Preferi ir embora também. Tudo havia se tornado maior que eu esperava e eu não queria mais participar daquele jogo ridículo de enfrentar a vida só para no fim te encontrar. Amar alguém acaba se tornando algo maior que o esperado. Amar alguém que sempre te faz sofrer é tão mais sombrio, tão escuro, tão individual. O amor não correspondido se torna uma ferida, uma vingança, um tormento que pode nunca deletar. O amor não correspondido se torna algo tão maior que a nossa própria  existência, já que tudo que queremos e precisamos é dar a volta por cima, sem muito se importar o que irá passar ou até que ponto você seria capaz. O menino é apenas um idiota. Um idiota que não consegue realmente te dar o valor, e não consegue simplesmente esquecer todo o orgulho. Esse mesmo menino que te fez chorar, hoje merece um gelo enorme. Um gelo que se possível possa destruir o pobre e podre coração do rapaz. E ele é apenas um idiota. Ele é estúpido. Ele não consegue nem ao menos dar o valor para aquela menina que passa a metade de seus dias escrevendo ou sonhando com a ausência ou presença. 
Não tenho mais assunto. Fiquei repetitiva. Fiquei fria e com pouca esperança sobre o que o futuro espera de mim. Não quero mais escrever sobre ele e sobre aquela vida perfeitinha que levava. Não quero mais encontrá-lo na próxima esquina, ou na próxima cidade. Eu não quero encontrá-lo nunca mais. Tudo se perdeu e eu me perdi junto com toda a bagunça. Não quero mais aqueles amores fraquinhos dentro do meu peito. Não quero aqueles meninos de sempre. Não quero a mesma coisa de sempre. Não quero aquele amor platônico, e nem aquele coração de pedra da vez. Eu só quero terminar esse texto sem ter que pensar depois. Sem ter que me arrepender do que eu deveria ter escrito e com medo, não escrevi. Eu só quero ir embora para sempre dessa grandiosidade idiota que inventei para acalmar meus dias tão agitados e sem nexos. Ele deixou de ser o grande amor da minha vida para se tornar apenas um livro, uma página, um passado que só consigo fugir.
Ele era lindo. Ele é lindo. Seus olhos são sombrios e assustadores. Mas é preciso parar de voltar ao passado. É preciso pensar em novos assuntos para escrever e até mesmo para poder falar. Aos poucos, não quero mais o conselho de ninguém. Não quero mais que o nome dele seja dito. Não quero ser lembrada por aquilo que fiz ou por aquilo que deixei de fazer. Eu não quero ser para sempre a louca que fica por aí. Eu não quero ser para sempre aquela bonitinha que faz todo mundo sofrer. Eu só quero existir do jeito que sou. Não quero ser modelo para ninguém mais. Nunca fiz questão alguma de ser aquilo que todos esperam. Tudo que eu preciso é sair correndo. Preciso correr e nunca mais olhar para trás. Se eu voltar sempre, vou acabar tropeçando e mais uma vez eu posso cair. E eu não estou mais preparada para cair. Eu não quero falhar. Eu só quero seguir em frente. Eu só quero ser feliz como ele está sendo. Hoje o dia está tão delirante, tão pesado. As nuvens do passado só conseguem me deixar zonza demais. Sinto como se tomasse uma garrafa inteira de Big Apple e logo em seguida tivesse dançando ao som de algo caótico. Não quero mais sempre a sozinha. Não quero mais ser a desiludida. Eu só quero que termine. Só quero respirar e não chegar nenhuma lembrança torturante. Só quero terminar esse texto para depois dormir e nunca mais precisar lembrar. 
Cansa nadar contra a maré e correr contra o vento. Chega um dia que tudo que precisamos é deixar que a maré, o vento e o tempo nos leve para onde eles querem. Talvez não seja o melhor para nós, talvez lá seja sombrio demais ou escuro demais. Mas também há a possibilidade de ser bem melhor. De ser cheio de cores vivas e de borboletinhas. Escrever sobre o quê? Não sei mais. Eu precisava te encontrar não importava onde. Precisava ir atrás. Dar a cara a tapa novamente. Mas ao mesmo tempo, precisava ficar sossegada, quieitinha, sem fazer planos. E foi preciso me calar em vez de gritar. E eu queria gritar, gritar alto. Mas não pude. Não quer mais. Não quero mais aqueles bêbados que só sabem se aproveitar de mim. Não quero mais as más intenções. E não quero mais aproveitadores de pessoas de bom coração. Eu não quero mais você no meu mundo, não mesmo. Eu não quero mais ser sua. Eu não quero. Não mesmo. Posso me tornar uma menina de cinco anos e fazer birra se isso não acontecer. E eu ainda sou uma menininha de dezoito anos. E eu sou uma menina doce de dezoito anos. E eu não quero mais acabar com os meus sonhos nem com a minha ingenuidade. Chega de me destruir por aquele que quer só me ver longe. E eu não quero mais continuar aqui. Não mais. 

28 de out. de 2011

Lettre


Alfenas, 28 de outubro de 2011.
                                                                                    Esquecido,
Eu não sei mais onde você está, nem por qual lugar andou nesse tempo todo. Evitei entrar em contradição, evite simplesmente ficar aqui. Essa é uma das cartas mais enigmáticas, já que não há mais ninguém perdido aqui para que possa me ajudar nisso. Você nem imagina como andei nesses tempos todos. Me perdi daquilo que era tão fiel, tão crente e coerente. Me perdi dos valores que falava, dos sentimentos que me importei um dia. Me perdi de toda história. Não porque eu queria mas porque era preciso. Era preciso abandonar tudo, e cortar todos os laços que poderiam voltar. Porque nós dois sabemos, sempre voltamos. Sempre. Nesse tempo, você nunca foi embora realmente. Na verdade, foi quando mandei embora depois de uma noite mal dormida cheia de brigas e silêncio. Mas eu não queria que você fosse. Eu nunca quis que você me deixasse mais uma vez. Você sempre me deixou e eu sempre te esperei. Esperei porque eu encontrava tudo aquilo que um dia tinha perdido em você. Todos os valores poéticos ou não, que um dia deixei de lado, consegui encontrar no tom da sua voz. Tudo isso chega até ser brega. Muita poesia e pouco amor. Ou quem sabe, muito silêncio e pouca poesia.
Sinto muita saudade, de verdade. Tanta saudade que chega a me doer. Chego até reclamar e questionar como tudo levou esse fim. Não merecia te ver indo embora. Eu não merecia ver o que sempre sonhei indo embora sem ao menos se despedir. Eu não sei mais quando foi que tudo se perdeu. Não lembro, e nem faço tanta questão de ficar me maltratando tanto assim. Por mais que fosse difícil e dolorido, era preciso continuar. Era preciso continuar caminhando contra todo o sentimento que já não existia. E eu tive que enfrentar o mundo e as más intenções, tive que aprender a ser mais esperta que minha ingenuidade. Precisei deixar de ser quem era para me tornar algo tão oposto, tão fria, tão diferente. Era preciso suprir carências e aproveitar. Precisava mostrar para o mundo o quão indiferente, espertinha e fria que havia me tornado. A antiga menina havia morrido, perdido, e fazia com que os outros pudessem se perder também.
Outros meninos invadiram a minha vida. E eu fui deles, não tão deles como era sua, mas de qualquer forma, eles fizeram parte de tudo aquilo que passei quando a dor era tão enorme. E não estava nem aí se iriam usar e desusar. Não estava nem aí para mais nada. Tudo que eu queria realmente era me perder. Perder para sempre. E foda-se quem ousasse pensar ao contrário. Foda-se quem julgava. Foda-se para aqueles que querem me julgar mas nem conhecem tudo aquilo que sou ou aquilo que passei.
Eu não sei se isso te machuca. Não sei se isso faz com que suas lembranças falham. Não sei nem ao menos se sorri ao me ler. Tudo acabou se tornando maior que nós esperávamos. Chegou a se tornar algo bem maior do até mesmo aqueles anos. E foram tantos anos de silêncio e gargalhadas. Foram tantos anos de companhia e de vazio absoluto. Tantas idas e vindas que jamais se realizaram totalmente. E eu só consigo lembrar do seu jeito. Daquele jeito que me fazia sussurrar. Daquela forma que você me olhava, meio dormindo, meio sonso, tão jeito de cara de peixe morto. Ou daquele seu tom de voz que tentava encontrar alguma forma para adivinhar o que havia atrás de toda história. É tão constrangedor e deprimente escrever tão abertamente, tão sem códigos, e eu queria ser tão enigmática. Mas sou fácil, memorável, e não tenho nada de meiguice. Não sou meiga, não sou mais sonhadora. Não sou mais a mesma que um dia resolveu te deixar.
Acompanhei sua vida de longe – tão longe que me perdia nas inúmeras vezes – Passaram tantas meninas por você e eu só ficava abismada. Como você pode? Como você conseguia? E eu só pensava que no fundo, ainda me amava. Mas nada disso, menina boba. Nada disso. Ele não me amava mais, e até posso me questionar se existiu amo. Não, não existiu amor. Existiu uma forma de carinho que encontrávamos para curar de toda carência e solidão que existia nos nossos mundos. Sinto falta de tudo. De como era meu amigo, de como me ajudava e me orientava. Seus conselhos eram ridículos. Mas ainda assim era você que poderia me ajudar enquanto todo mundo estava lá, sendo feliz. E eu gostava tanto do seu espírito de protetor. Aquele mesmo espírito de pai mas ao mesmo tempo tão de homem. E eu não consigo explicar mais.
É tão humilhante correr atrás. E me humilhei mesmo. Cheguei na pior forma que havia. Cheguei a me destruir dia após dia para ir atrás de você. Mas sei que não mereço ser tão humilhada e desprezada como fui um dia. Não mereço. Eu sei que mereço ser feliz.Mas eu sei também que se não tentar ser feliz, nunca saberei realmente o que é ser feliz. Não quero que a dor me vença de novo. Não quero que o desespero entre em cena mais uma vez. Sabe, eu sinto saudades, muitas saudades, mas é preciso continuar. Não sei por onde você anda, mas quero que seja feliz. Quero que escolha uma mulher. E mostre a ela tudo aquilo que o mundo pode ofertar.Mas já não me importo. Não mesmo.
Não me importo se ela é bonita demais ou brega demais. Não me importo se ela te faz feliz demais, ou triste. O que me importa realmente é que faltam apenas sete dias para que tudo isso possa acabar de vez. Sete dias para que fique livre de uma vez por todas da minha escrita embaraçada. Pegue essa carta e releia quando sentir saudade ou simplesmente a jogue fora. Assim será melhor para todo mundo. Mas continue nessa luta. Continue sonhando. Continue sendo aquilo que prefere e não se deixe levar por corações levianos. E enquanto isso toca Bob Marley ao fundo e eu só consigo cantar bem baixinho e sentir algo tão incrível. É  a vida me chamando para arriscar mais uma vez. É o tempo passando. É só o amor que não é tão mais amor. Bob Marley continua cantando. E eu só consigo pensar a mesma coisa. Is this love, is this love, is this love. 

Ps: Fique feliz para que mais tarde minha consciência não comece a pesar por sempre te desejar coisas ruins.

                                                                                                   Até breve,
                                                                                                                                 Layla Péres

27 de out. de 2011

A verdade inventada



Eu não esperava que o tempo fosse passar tanto tempo. Nem mesmo ele. Deparei com situações e eu não queria nem saber. Acreditava cada vez mais naquilo que gostaria de ver ou até mesmo de ouvir. Deparava com as meninas que fizeram parte da vida dele e ainda assim, tentava seguir em frente sem deixar com o que eu passado voltasse. Imaginei que ele teria me amado, pensei até mesmo que ele me queria por perto. Mas não era nada disso. Fantasiei como pude, maquiei o luto que poderia existir. Porque eu queria ser bonita suficiente. Queria ser a mulher bem resolvida. Eu queria ser a mulher da vida dele. Fui recriando uma história que não tinha mais nada a vê. Não existia mais personagem fixo, nem algum sentimento que pudesse marcar. Não me permitia. Não permitia que ninguém tocasse no assunto. Eu não quero mais contar ou decifrar as frases daquele menino. De qualquer maneira era preciso continuar. Era preciso deixar de ser o que fomos.
Precisei lidar sendo sempre os assuntos da rodinha entre os amigos. As teorias que sempre criavam acabavam me deixando cheia de pontinhas de esperança. Ah Layla, ele tem péssimo gosto. Ah Layla, você é especial demais para ele. Ah Layla, ele só namora barangas. E é mentira. Ele gostava de mim, juro que gostava. Ele gostava de mim sendo morena e acima do peso. Ele gostava de mim sendo estranha e desastrada. Ele conseguia me encontrar quando estava perdida. Ele conseguiu tudo aquilo que ninguém mais tentava. Ele havia me salvado de todo podre que um dia criei para enfrentar minha vida. Ele ainda me apoiava quando apaixonei por caras aleatórios. E eu sinto saudades disso. Sinto tanta saudade daquela verdade que inventei. Sinto tanta falta dele.
Tinge o cabelo de lado, emagrece do outro, escreve bonitinho e menos codificado, faça uma tatuagem, e um piercing novo. Quem era eu? Ah, eu era a bonitinha sentada na mesa do bar com uma dose de alguma bebida. Talvez mojito ou quem sabe Tequila. O que eu havia me tornado? Não sei. Mas eu não era mais a morena estranha que ele gostava. Talvez, tudo que eu possa escrever o fere muito. Não sei. Talvez eu já o tenha chorar nas noites sombrias. Nunca mais tive notícia alguma dele. Foi preciso cortar o cordão que havia entre nós. Foi preciso desligar completamente (ou não tão completamente assim). Tive que existir, correr atrás, sonhar e dar a cara a tapa). Eu nunca quis ser daqueles meninos, mas eu não encontrei outra forma. Desculpa se um dia te feri com a minha vingança. Mas nunca, nunquinha tentei te fazer mal.  As namoradas dele são lindas, e eu era apenas mais uma garota perdida na cidade estranha. E ele mal sabe o quanto eu as invejei. O certo seria que eu fosse a única menina que ele poderia ir amanhã. O certo seria que ele corresse atrás mas não houve nada disso. Tudo isso me arde, me fere e acaba fazendo com que a ferida que reside dentro de mim jamais se cure novamente. E eu pensava que quando fosse embora para sempre, ele pudesse me procurar. Mas engano meu. Entendi mais uma vez que ele não se importa mais. Mas não era nada disso que eu precisava ouvir, nem falar. Eu precisava dele. Precisava do seu abraço. Da sua presença. Eu precisava daquele amor que deixou de existir.
Era ele que precisava encontrar todas as vezes que alguém afetava o meu orgulho. Era dele que precisava quando me deixavam sozinha. Mas já não havia mais ele. Ele deixou de existir e faz tempo. Encontrei tudo aquilo em meio de coisas que não existiam mais.Continuei acreditando naquela verdade. Pensava que ele era covarde demais para enfrentar ou mundo. Ou que talvez eu fosse complicada demais. Mas não era nada disso, nunca foi nada disso. Simplesmente ele não me quer. E doeu. Doeu tanto admitir qualquer farsa que existia. O fim é tão próximo. Nenhum "Ah Layla" ou nenhuma teoria vai me fazer voltar atrás. Nos perdemos e acabou. Acabou para sempre qualquer laço que poderia existir. Mas eu sinto tanta tanta tanta falta. Mas sinto mais falta ainda daquilo que um dia que quis acreditar para sempre.

Amor amandita - Tati Bernardi



Já que não estou nem aí se ele percebe ou não minhas celulites e estrias, desfilo pelada e tranquila, enquanto como uma caixa de amanditas.
Ele arregala os olhos: o que essa louca ta fazendo pelada no meio da sala sendo que a gente ainda nem se beijou?
Ele pede pra usar o banheiro, talvez pra conferir o bafo ou a cor da cueca. E eu me vejo na típica situação que qualquer mulher louca adoraria: sozinha com sua carteira e celular.
To nem aí de saber sua vida. A quantidade de recadinhos femininos no seu celular ou de canhotos suspeitos no seu cheque têm a mesma importância pra mim que a quantidade de carrapatos no cachorro do vizinho. Ignoro qualquer pista e continuo devorando minhas amanditas, esse sim um assunto importante.
Se ele vai ligar amanhã? Não sei, não quero saber e não tenho raiva de quem sabe. Não tenho raiva de ninguém. Não tenho raiva das moças que já passaram pelo seu corpo, não quero degolar as moças que talvez ainda passem e tampouco me chatearia pensar que muitas ainda passarão.
Não me importa se você vai ficar meia hora ou uma hora inteira. Não me importa se o homem que vai sair do banheiro gosta mais ou menos de mim ou por inteiro. Nada me importa, a não ser o desejo de te empurrar naquela cama e experimentar de novo aquele movimento meio ponto e vírgula que você faz. Não sei explicar.
Não lembro o nome de ninguém da sua família, não quero conhecer seus amigos, não preciso que você me abrace depois e não faço questão de ser a mulher da sua vida. O que me importa mesmo, e isso sim mais do que as minhas amanditas, é que você tem o dito cujo meio torto, de uma tortura que encaixa em algum lugar que eu nem conhecia. Talvez eu fosse virgem de cantinho antes de te conhecer. Você me preenche e me cavoca como ninguém.
Não tenho medo de parecer vulgar caso você me queira de quatro. Não tenho medo de ficar barriguda caso em vá por cima. Não tenho medo de ficar com cara de idiota ou de gritar muito alto. Não tenho medo de nada, afinal, a gente só tem medo do que a gente ama.
Se me der sono eu durmo, se me der vontade de falar um palavrão alto, falo. Se me der vontade de te expulsar da minha casa: rua!
E o mais fantástico de tudo é que já que estou tão à vontade, já que meu cérebro louco não está vivendo nem no passado e nem no futuro e apenas no presente do seu corpo quentinho e cheiroso e já que nada em mim dói porque nada em mim sonha... eu nunca senti tanto prazer em toda a minha vida.
Será que não amar ninguém e amanditas são o segredo da felicidade? 

Hoje eu chorei com o caminhão de gás - Tati Bernardi





A primeira coisa que eu vi quando abri os olhos foi a minha cachorrinha me espiando triste do corredor, eram quatro da manhã e eu já sabia que não iria dormir mais.
Meu sono é interrompido de duas em duas horas por um pânico horrível que paralisa meus órgãos e só deixa viva a bile que toma todo o meu corpo e me faz querer vomitar até virar do avesso.
Eu arregalo os olhos para o teto, fecho minhas mãos com uma força que quase faz com que minhas unhas cortem minhas palmas e deixo a onda da dor vir, ela me sacode inteira, me joga numa profundidade sem som e me afoga por completo.
Abro as janelas porque preciso de ar, mas nunca tem ar para meu pulmão afogado. Coloco o santinho que meu avô me deu no peito e peço a ele: você já morreu por amor, não deixe acontecer o mesmo comigo.
Amar dói tanto que você volta a lembrar que existe algo maior, você se lembra de Deus, você se lembra de vida após a morte. Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. Amar dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria.
Você apela pra todo e qualquer santo, pra cartomante, pra ex-namorado, pra tarólogo, astrólogo, psicólogo, numerólogo, amigo e apela até pra inimigo. Qualquer um, pelo amor de Deus, tire essa dor de mim.
Não adianta, não vou dormir mais. Mas vou fazer o que então? Minha cama me lembra você, minha cachorra me lembra você, beber água me lembra você, viver me lembra você.
Vou me levantar agora e ir para onde? Tomar banho? Tomar café? Não tenho nenhuma vontade de existência, seja de vaidade ou gula. Só quero ficar deitada, mas ficar deitada também dói. O mundo não tem posição confortável pra mim, aonde vou, essa merda de dor horrível vai junto.
Chorar não adianta, eu seco de tanto chorar e não passa. Ver TV, falar ao telefone, dançar, gritar, escrever, abraçar minha mãe, tomar suco de manga… nada adianta.
Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar.
É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.
Minha cachorra pede um biscoitinho, aí eu choro porque eu lembro que você adorava dar biscoitinho para ela. Está sol, e eu choro porque você ficava feliz com o sol e você feliz era tão perfeito que eu tinha medo. Aí eu vou escovar meus dentes e choro porque você tirava sarro da minha escova elétrica, depois eu faço xixi e choro porque a gente tinha liberado o xixi de portas abertas. Eu abro o guarda-roupas e choro porque eu não quero ficar bonita, eu não quero dar a volta por cima, eu não quero ficar bem pra você ver que eu estou bem e quem sabe ter saudades. Choro porque acho ridículo os jogos da vida, qualquer coisa é ridícula perto desse amor que é tão simples e óbvio.
Quando finalmente eu consigo me arrumar em meio a esse rio de lágrimas, eu choro porque o caminhão do gás passou e aquela musiquinha idiota, mais algumas crianças berrando na quadra lá embaixo e mais dois passarinhos cantando na minha janela, me lembram que a rotina, a alegria e a pureza ainda existem, apesar de você não estar mais aqui.
Nada, nada aconteceu para o mundo. E eu me sinto minúscula e sozinha por não ter a cumplicidade da vida lá fora, por não ter um minuto de silêncio pela nossa morte, por ter que sentir tudo isso sozinha, entre escovas de dentes, xixis e roupas dobradas e cheirosas.
Odeio a ordem de tudo, odeio a funcionalidade de tudo, odeio que a TV ligue, que o telefone toque, que meu estômago peça comida, que japonesas riam fora de hora, que meu carro corra, que a bola quique duas vezes antes e, principalmente, que você, não muito longe daqui, sorria.
Dirijo até meu trabalho sem nada dentro de mim a não ser um monstro parasita que se alimenta do meu desespero, nenhum farelo de comida. Meu lado da frente está quase colando ao de trás, talvez na falta de você eu precise mesmo me juntar mais a mim mesma. Minha mesa está lá, meu lixo está lá, minha cadeira, a menina grande que fala igual a um homem, a gordinha solícita que não pára de me olhar até que eu olhe para ela, sorria e diga bom dia. Está tudo lá, mas você, mais uma vez, não está aqui.
Vou para o banheiro e choro, que novidade? Mas dessa vez porque me olho no espelho, e isso também me lembra você. Eu era sua, a sua menina, a sua criança, a sua mulher, a sua escritora predileta, a sua parceira de dar risada de programas estúpidos que passam de madrugada na TV, a sua namorada sensível que tinha medo de vomitar e de amar demais, assim como você. A sua melhor amiga pra sentar num banco de praça e falar mal de todo mundo, pra perder um trem na Itália e ainda por cima sentar num chiclete fresco ou pra cuidar do nosso porquinho de pelúcia. Eu era a mulher que encaixava a cabeça nas suas costas e sabia que tinha nascido a partir de você, eu era a mulher que esperava sofridamente você voltar mas nunca deixou de te amar mesmo quando você ia.
Todo mundo me fala que eu preciso ser minha, inclusive pra ser sua, mas eu não deixo de olhar para o espelho e ver uma metade de gente, uma metade de sonho, de sexo, de alegria e de futuro. Que se foda a auto-ajuda, que se fodam os livros com homens carecas, que se foda o terceiro olho (do cu?) e que se foda a psicologia: eu sou mesmo metade sem você e que se foda!
Se antes de você aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que você existia, como eu posso não te amar agora que você tem forma, sorriso, coração e nome? 

25 de out. de 2011

Aquele final



Esperei tanto tempo para que ele pudesse chegar e me fazer feliz. Esperei pelo famoso príncipe encantado que havia nome, endereço e um coração de pedra. Esperei pela sua volta mas acabou restando somente a nossa despedida triste e estranha. Não sei mais por onde você anda. Somente restaram as notificações da rede social. Deixamos de existir juntos para que cada um pudesse seguir um caminho diferente. Eu te amei muito. Minha vida se resumia na sua e tudo que de bonitinho e poético que poderia existir. Mas ultimamente deixei de interessar por algo tão difícil e sombrio. Tenho preguiça de enfrentar o mundo para alguém que já não se lembra quem eu sou realmente. Mas sabe, ultimamente o fim me anda rondando mais do que esperava. Não consigo mais me prender nessa história. Tenho uma vontade absurda de sair por aí sem me lembrar de mais nada. Mas quanto mais tento esquecer, mais acabo lembrando sem ao menos fazer alguma questão disso. Tem um menino novo no meio disso tudo e ele consegue despertar todos os santos e demônios que existem dentro de mm. Ele sabe despertar o meu lado menina e o meu lado tão de boa moça. E eu tenho que me comportar para que ele não se vá para sempre. Eu tenho que me comportar para que ele jamais se assuste comigo e nem com o meu coração que cabe o mundo.
Foi tão difícil jogar tudo fora. Foi difícil reerguer a cabeça depois de tanto tempo andando corcunda. E eu não sabia como iria continuar nessa história. Eu não mal sabia o que faria da minha vida sem depois de tudo isso ter um fim. Mas afinal, o que fazer quando um amor acaba realmente? O amor acabou, e é tão triste. É tão sombrio olhar para a pessoa e não sentir mais nada. É tão triste ver os planos que fazíamos e que hoje já não faz mais sentindo. Tudo é tão triste e assim, me dá vontade de chorar. E chorei. Chorei porque era o nosso fim, e o fim sempre é triste. Chorei porque estava te mandando embora. Chorei porque estava apaixonada por outro. Chorei porque o outro tem tantas fãs e eu morro de ciúmes. Chorei porque quero ir embora para sempre dessa história. Chorei porque o amor finalmente acabou e já não há mais ninguém para que possa implicar com nada. Chorei mesmo. Borrei a maquiagem, e foi difícil lavar o rosto. Sobrou o rímel borrado, e o coração novamente inteiro.
Sou um aglomerado de pessoas. Não consigo esquecer. Não consigo deletar. Não consigo sobreviver com a situação perversa que inventaram para mim. Foi difícil ficar na fossa durante tantos anos. Eu não conseguia mais sobreviver com aquela luz insuportável do sol no meu rosto e nem com aquelas partículas de esperança no ar. E voltei para a vida tão exaustiva que levei. Corro, malho, vou atrás. Não deixo mais para amanhã e muito menos para a manhã seguinte. Não consigo mais ser aquela que todo mundo estava acostumado. E eu me perdi no meio de tantas frases. Perdi aqueles sonhos brutos que machucavam todos em minha volta. Perdi aquelas lembranças que um dia me fizeram sorrir. Você me mandou embora para sempre da sua vida. Para Sempre. Sempre. E mais um pouco de sempre. Como eu queria ser sua para sempre, mas consegui ser apenas um nada em meio de tantas meninas que existiam em nosso redor.
Não sei mais o fim para nós. Tudo se tornou um conto, uma história pequena. A dor se tornou apenas uma feridinha de leve mas que de vez em quando resolve arder. O fim é triste. O amor também. O fim de tudo pesa tanto. É como se fosse uma obrigação de ter uma nova vida, e eu não tenho isso. É tão estranho ter que me imaginar sem você. É tão estranho ter que reinventar algo mesmo sabendo que pode não dar certo novamente. Talvez seja o fim do que tanto esperei. Talvez o que eu nunca quis ver finalmente está estampado em minha cara. Só falta coragem para sair desse mundo. Só falta coragem e força para ser novamente aquilo que era. Mas eu não sei o que fazer. Não consigo lidar com o fim.
Aquele final que sempre esteve em meu alcance é esse. Não sei se vou conseguir terminar, não sei se vou superar. Mas não vou desistir. Vou até o fim. Vou e não volto. 

22 de out. de 2011

As outras



Eu gostava dele. De verdade. Gostava mesmo e ousava até mesmo dizer que ninguém jamais o amaria como antes. Eu gostava do seu sorriso, do que ele transmitia, do que ele falava e do seu sotaque. Gostava dos sonhos incompletos e do jeito tão irmão-protetor que exercia sobre mim. Gostei do jeito que ele falava ou me tratava. Gostei dele infinitamente mas tive que deletá-lo. Gostava do abraço, do sorriso que confortava e do silêncio que me deixava constrangida, cheguei até mesmo gostar do silêncio que existia entre nós mas que me deixava tão humilhada e fraca diante de todo aquele terror que resolvi continuar sem ao menos pedir permissão. Guardei tudo dentro de um relicário. Tive muito medo de não ser mais sua. Tive tanto medo de nunca mais conversar ou até mesmo encontrar nossos passos nas mesmas estradas de sempre.  Foi difícil tirar tudo do meu mundo. Foi difícil me despedir de cada parte que era dele. Foi difícil deletar, fugir, correr daquela história que me fez companhia. Desistia de enfrentar a vida porque lá era mais seguro. Desistia todos os dias de ficar melhor porque pensava que o destino seria bonzinho o suficiente para te mandar de volta, mas nada disso aconteceu. Tive que colocar minha cara a tapa, como sempre fiz e provavelmente como sempre vou fazer. Foi preciso criar uma nova vida com outros sonhos – Sonhos que nunca imaginei para mim – Foi preciso acreditar em santos, anjos e demônios mais uma vez. Nossa, como foi tão difícil!
Ele gostava de outra. Do sorriso da outra. Do cabelo da outra. Do jeito que a outra se vestia. Do modo em que a outra falava. Ele sempre gostava das outras e nunca de mim. E eu fiquei triste, tão triste. Porque eu queria que ele gostasse de mim, queria que ele sonhasse comigo e até mesmo prometesse que iria me amar para sempre. Eu queria que ele chegasse e me levasse embora de toda confusão que criei sem ao menos perceber. Tudo era difícil e forte, mas eu não tive escolha. Não tive mais escolha e não conseguia frear mais nada. Não consegui parar algo bem mais forte e poderoso. As outras eram fáceis, bonitas e cativantes. E eu era sozinha, sombria e descartável. Quis ser igual a elas para tentar descobrir como é se sentir assim. 
Tudo bem, eu fui. Coloquei salto, me comportei com elas. Fui fácil e entreguei o que deveria e o que não importava para os outros. Os outros que eram bonitos, fáceis e legais. Os outros que me juravam amor eterno. Os outros que em sussurros falavam que eu era a loirinha mais linda. E não acreditava em nada disso. Eu não conseguia acreditar em nada, nem neles, nem nas minhas visões. Não conseguia me entregar para nenhum deles. Só conseguia ser quem era de verdade em casa, depois que a festa tinha acabado. E no outro dia, não lembrava de nada. E a sorte muitas vezes era essa. Ninguém se lembrava de nada, nem eu, nem os outros. E eu queria tanto ele. O sorriso dele. A personalidade dele. Eu queria ser para sempre dele.
Foi ficando cada vez mais fácil me tornar igual as outras. E eu me tornei a outra. Sempre fui a outra porque não suportava tamanha dramaticidade em cima de mim. Uma dose forte de um lado, um sorriso malicioso de outro. Joga o cabelo de um lado. Nada como testar seu sex appeal. E joga mais uma vez. E vai com o outro, e vem com outro que não se sabe nem o nome. E eu não suportava mais. Na verdade, não suporto mais. Tudo foi para esquecer mas além de tudo isso, esqueci como era. Esqueci quem eu sou e o que sentia realmente. Tudo se tornou uma banalidade que não faz sentido algum. Tudo se tornou algo fácil, iludido e ainda assim engraçado. Chega a ser triste quando falam que eu não era assim ou que então, querem a antiga menina de volta. Quando era doce, meiga e com o coração puríssimo, ninguém me queria. Agora que resolvi ser algo que ninguém mais está acostumado, todo mundo quer que eu mude.
Precisei ser essa outra para que a loucura nunca mais chegasse. Precisei disfarçar esse amor tão puro por uma coisa tão oposta a isso. Precisei ser aquilo que nunca fui. Precisei ser simples e estava tão acostumada a ser complicada. Sem querer complico mas é porque ainda existe aquela outra dentro de mim. Aquela outra e velha menina que o amava sem freios. Ele nem ao menos me reconhece. E eu não me importo. Não mais. Foi preciso disfarçar e entregar os pontos. Foi preciso parar de ser tão santa, tão ingênua, tão burra. Foi preciso nunca mais acreditar em promessas. Foi preciso conhecer um outro mundo. E eu nunca mais saí de lá. Lá é melhor. Não sou tão imoral. Sou humana, erro, xingo, grito, mas sei perdoar. Deixei que os meus anjos e demônios aparecessem. As outras são legais com ele. E ele é legal com as outras. Talvez esse mesmo menino possa se tornar legal comigo, mas já não me interessa mais. Ele era lindo. Tinha um sorriso lindo. E me segurava. Me segurava e estava comigo quando mais precisei. E eu estava com ele quando sentia medo. Mas tudo isso passou, terminou. The end.
E ele continuou sempre com as outras e nunca mais comigo. Fiquei até mesmo feliz com isso. Fiquei feliz por saber que agora talvez, toda a loucura estivesse passando. E aquele amor tão puro já não existe mais.Ele que seja feliz com as outras de lá, porque cansei. Desisto de tentar entender algo que vai muito além da minha capacidade. Ele que seja feliz. Ele que fique com as outras, porque eu estou indo embora para sempre de tudo aquilo que foi nosso. 

20 de out. de 2011

O meu amigo



Você era aquele que mesmo indo embora para sempre, acabava achando um jeito diferente de voltar. Você era aquele que eu poderia contar tudo que acontecia em todos aqueles dias tão difíceis e que jamais usaria isso futuramente contra mim. Eu sabia que poderia te contar quem era o último da vez, sabia até mesmo que você me ajudaria a conquistá-lo. Sabia que por mais voltas que eu desse ao redor do mundo, o único lugar que ironicamente parava e sossegava, era ao seu lado. Você jamais me negou sua companhia, por mais que aquilo me ferisse – e você sabia como ninguém o quão sua presença acabou se tornando um fato marcante – Mas hoje, não está mais aqui. Não procuro mais ninguém para contar nada, afinal, eles não são você. Eles não me entendem, não me consolam, e pouco se importam. Eles não possuem a voz doce que você tem, muito menos aquele jeito tão irritante de me tratar. O problema é que nenhum desses se tornou você com o tempo. Nenhum daqueles que um dia te contei, se tornou o escolhido para ocupar seu lugar.
Mas precisei te libertar de toda loucura que criei. Precisei te deixar livre, feliz, sereno e com outras meninas. Precisei te buscar em copos de doses fortes que me deixam sem lembranças, e até mesmo em algum pedaço de outro corpo. Precisava encontrar algum motivo para seguir em frente, e eu só conseguia pensar que não haveria nada para seguir. Eu só consegui pensar que era mais fácil a morte me levar de uma vez por todas. Só consegui pensar que nada disso era para mim. Achava até mesmo que alguém lá em cima ficava brincando de vodu com a minha bonequinha. Você nem ao menos sabe o quão difícil foi, porque nunca quis te contar os pontos fracos que houve nessa história. Mas hoje, depois de não sei quantos dias, posso dizer que ando mais calma. Atropelei meus sonhos e os sonhos de outras pessoas, a preço de quê? Não sei. Não quero nem tentar entender. Voltar ao passado dói. Sangra. Arde.
Voltar ao passado é uma perda de tempo. Tentei inúmeras vezes voltar para a história, mas você não era mais o mesmo que eu havia deixado. Você já não é o mesmo que me mandou ficar feliz e nem que disse pelos suspiros noturnos que sonhou comigo. Você já não é mais o mesmo que me mandou embora. E eu não tive outra solução a não ser chorar. Chorei porque você tinha ido embora. Chorei porque finalmente tudo aquilo estava passando. Chorei porque estava confusa com tantas entradas de meninos em minha vida. Chorei porque eu não poderia te contar tudo que estava me sufocando. Eu não sinto falta do homem que eu me apaixonei, mas sinto falta do meu amigo. Daquele que por mais difícil que fosse, estava lá me esperando para dar risadas das minhas aventuras. Não sinto falta do destruidor de sonhos, mas sim daquele menino, aquele mesmo que tentava me deixar feliz. Meu Deus, como eu sinto falta disso tudo. Parei o choro e me recuperei.  Limpei todas as lágrimas que caíram. Limpei até mesmo o meu pensamento daquela saudade tão fatal e corrosiva. Limpei meu pensamento e todo aquele diário que teimava escrever quando não podia publicar. Limpei tudo, mas não queria jogar fora.
Era o meu amigo. O meu anjo perdido naqueles textos tão sem nexos e curtos. Ele era aquele que eu poderia me tornar o que fosse mas que jamais iria me deixar – Engano meu, ele me deixou – Eu queria tanto continuar sendo sua. Eu queria tanto viver para você, sorrir para você, escrever para sempre para você. O meu sempre se tornou algo breve. O seu sempre se tornou algo tão banal. Mas ainda assim você era o meu preferido. Entre todos os errados, você era o que dava certo. Você era o que me salvava e buscava dentro daquela ilusão divertida que havíamos criado para passar o tempo. Nunca pensei que um dia você iria me deixar. Nunca pensei que você iria me mandar embora da sua vida. E isso dói. Dói porque hoje já não tenho mais para quem contar todos os meus planos. A solidão foi à única alternativa que agarrei na vida. A solidão é a única companhia que me serviu nesse tempo todo.
Eu não sinto falta do seu silêncio, sinto falta da sua gargalhada tão gostosa, da sua voz abafada e até do mesmo jeito que você olhava para as outras meninas. Eu sinto mais falta sua do que qualquer outro que passou por essas linhas. Eu sinto tanta sua falta mas você não vai voltar. Não quero voltar ao passado, mas sabe meu amigo, escrever só me faz te encontrar.  Escrever só me faz voltar. E é tão bom voltar aquilo que estávamos acostumados. É tão bom ser sua nessas linhas. Mas é muito melhor seguir. É muito melhor prolongar a vida e acreditar novamente em sonhos. É tão bom, mas me dá uma saudade. Uma saudade quase humilhante. Uma saudade tão bonita, tão competitiva, tão forte. Mas eu sei, você não vai voltar porque sinto saudade. Você se foi. E eu também vou continuar indo até que um dia alguém me faça parar com esse masoquismo que criei só para ser sua por um bom tempo. Não sei por onde você anda, mas lembre-se: Quero que você fique feliz como se estivesse renascendo todos os dias. Não se deixe levar por promessas e nem tente causar a dor naqueles que só querem te ver bem. Não se esqueça que tudo que um dia foi, talvez, voltará. Mais cedo ou mais tarde.
Prometi que não iria me deixar levar novamente por essas lembranças, mas não encontro nenhum jeito de evitá-las. Quando percebo estou lá, voltando ao passado e querendo te ter por perto. Quando percebo, volto, e fico. Um dia vai passar, só não sei quando. Você se foi, se perdeu, e também me perdeu. Perdeu para aquele que conseguiu me fazer sorrir e até mesmo me suspirar. Desisti de te buscar em tudo aquilo. Hoje, quero que me busque, me encontre, me tire daqui. Desisti de algo muito mais forte do que a minha força. Desisti. Tudo isso pode ser triste demais mas ao mesmo tempo, estou dando uma nova chance. Estou querendo ser feliz. Estou querendo encontrar algo perdido que nem sem bem o que é. Estou querendo apenas encostar minha cabeça e esperar que a saudade passar. Não é doloroso, é apenas a realidade. Você era tudo aquilo que precisava e eu estava longe de ser tudo aquilo que buscava. Mas era divertido demais. Engraçado demais. Era apenas um amigo, apenas um conforto que hoje sobrou só saudade. Um amigo tão lindo, tão arrogante e prepotente, que só conseguiu deixar saudade. Saudade de algo que jamais irá voltar. 

17 de out. de 2011

Smile




E agora eu sorrio. Sorrio sem freios e sem limite. Sorri olhando para o nada. Sorri escrevendo. Sorri dormindo. Sorri sonhando e quero continuar sorrindo sem motivo algum. Sem motivo que ninguém entenderia mas que eu entendo. Nunca andei tão feliz como hoje. Suspirei a manhã toda. Criei planos paralelos e sonhei acordada.  Juro que vi estrelinhas, corações, borboletinhas em cima de mim. Juro que fui andando tão leve pelas ruas que acabei pensando que realmente estava voando. Meu humor está definitivamente me irritando. Não sei ficar feliz por muito tempo. Conheço minha alegria e sei que ela é passageira. É triste saber que daqui a pouco posso ficar tão rabugenta como antes. Mas sabe, quando esse menino colocou a mão no meu quadril, não desejei correr, nem voar para longe daquele lugar. Só desejei ser dele para sempre. Quando ele apareceu na minha frente a única coisa que pude pensar que o homem mais bonito é aquele. Meu deus. Parecia obra feita do demônio e dos anjos. Uma junção perfeita do pecado que eu queria provar nem se for só um pouquinho. Mas eu precisava me comportar. E aí eu apenas sorrio quando lembro de você. Apenas sorrio.
Não olhei, não sorri, não acenei. Fiquei séria, pouco falei. Deixei que a outra falasse e jogasse o charme em cima dele. Pouco me importava. Não estava afim de conquistar ninguém. Ele me tocou e pude ver estrelas que nunca existiram. Ele colocou o braço em volta de mim, e logo seguida tive um ataque cardíaco ao sentir seu perfume tão forte mas ao mesmo tempo tão doce. E eu pude ver aquelas borboletinhas e estrelinhas, passarinhos e corações voando em cima da gente. Você colocou seu braço na minha cintura e eu queria sair correndo, voando, porque não queria me apaixonar. Não mesmo. Quem sou? Sou aquela menina perdida na nossa noite. Entre todas as noites perdidas da primavera, aquela foi para sempre a minha preferida.  Não estava totalmente perdida, só estava um pouco desencontrada. Seu perfume é tão bom, juro que pude ver sua alma e os anjinhos (e capetinhas) que moram em você. Escrevi seu nome num pedacinho de folha e a única coisa que pude fazer era sorrir. A única coisa que realmente fazer foi sorrir para o nada.
Você foi tão transparente, tão nítido, e eu tão opaca, tão sem sal. E preciso ser indiferente para que possa ser tão meu nessas breves linhas. Mas mal sabe que quero invadir seu mundo. Nem ao menos consegue imaginar que sou tão carente e mimada. Mal sabe que quero ser tão fácil para que acabe logo tudo de uma vez. Não quero mais suspirar. Meu humor está me estressando. Mal sabe que quero ser sua. Mal sabe que quero matar todas essas meninas que insistem em dar em cima. Mal sabe que estou perdidamente ou idiotamente suspirando por alguém que foi uma graça comigo e que eu consegui ser uma merda. Talvez seja isso. Talvez é preciso ser indiferente para que o homem goste. Mas não, isso dá muito trabalho. Tenho preguiça de ser indiferente com o mundo. Tenho preguiça de me apaixonar e até mesmo de viver uma nova vida.
Mas eu quero ser sua. A partir de hoje quero cria planos imaginários e desenhar corações nas folhas. Quero ser sua de vez em quando para que nunca possa enjoar. Quero ser suas nessas linhas e lá na rua. Amanhã eu voltar odiar o mundo e todas as más intenções soltas, mas hoje eu prometi que iria ser sua, pela primeira vez.  Eu vou ser sua amanhã quando acordar e quando sentir aquele sol insuportável tocar a minha pele. Eu vou ser sua quando minha professora falar descontroladamente e eu vou estar tão feliz que nem vou me importar. Vou ser sua quando chegar à noite e repousar. Vou estar tão feliz pensando em te encontrar que nem vou me importar se o dia só vai ficar nublado. Eu vou estar tão feliz até mesmo com sono. Eu não quero que você vá embora. Não mesmo. Se eu pudesse te prendia para sempre nas minhas linhas. Mas talvez você precise ir. Seguir. Continuar.
Senti o seu perfume e foi como se entrasse em transe ou alguém me seqüestrasse por questões de segundos. Você jamais vai saber que sou uma louca que me entrego fácil. Você jamais vai saber que escrevi sobre você hoje porque suspirei a manhã toda querendo te encontrar. Que pena que meu amor por você não vai durar muito. Que pena que desencanto fácil. Que pena que sou tão descartável e você quer que me usar para sexo. Que pena que tenha suspirado por você e você nem ao menos lembra da forma do meu sorriso ou do meu corpo. É tão triste saber que amanhã, talvez, não suspire mais por você. Está tão gostoso, tão em paz, tão nosso. Está tão sadio, tão puro, tão amor. Está tudo tão bonito que deveria continuar por um bom tempo mas eu sei que nada disso vai acontecer.  Eu quero ser sua. Decidi. Nunca decidi algo tão bem decidido como isso. Agora, por favor. Não vá embora antes de me ganhar. Não entregue os pontos por eu ser mal resolvida demais, ou tão mais nova. Não desista de mim antes de suplicar para que fique. Não me deixe sozinha. Não vá com elas. Fica aqui comigo. Fica vai. Prometo ficar quietinha, prometo ser mansinha e até mesmo indiferente mais uma vez.
Tenho que ser difícil para não ficar louca e recordar do velho amor de sempre.  Tenho que não sorrir mesmo que a felicidade seja inteiramente contagiante. Tenho que me fazer de sensata mesmo querendo acreditar que quando disse que me queria. Juro que quero acreditar nas palavras tortas e abusivas mas ao mesmo tempo, tudo que espero é que acabe logo. Acabe logo porque infelizmente meus desejos são passageiros demais. Mas eu quero ser salva. Quero que venha me salvar de toda loucura que criei em cima do outro. Mas que pena. Pena do mundo que não vai nem ao menos saber o que poderíamos ter sido e que nem ao menos chegamos. E tudo que eu mais quero é chegar de mansinho e dizer entre sussurros: Fica comigo para sempre?


And that's why I smile
It's been a while
Since everyday and everything has felt this right
And now
You turn it all around
And suddenly
You're all I need, the reason, why
I smile



14 de out. de 2011

Enquanto ele não vem




Ele não vai voltar por enquanto, ou talvez, nunca mais. Tudo isso pode se tornar cruel e fatal, mas ainda assim, não custa nada se divertir novamente. Coloquei meu salto, fiz uma maquiagem pesada, e fui atrás da minha felicidade que duraria uma noite. Enquanto não vem, eu vou me divertir como ele fez. Enquanto ele não chega, vou caçando algo bem melhor para fazer. Não quero ficar em casa reclamando do tempo que não passa. Não quero ficar em casa cultivando algo que está morto. Não quero ficar em casa só para me guardar para algo que nunca, nunquinha irá voltar. Gosto de ficar em casa sim, mas só quando estou cansada e preciso descansar, ou então, quando quero assistir um bom filme ou ler um livro que possa prender definitivamente minha atenção. Mas quando isso não é possível, o que resta é fugir de qualquer tipo de lembrança que possa chegar. Chega de voltar ao passado, é preciso seguir em frente.
Enquanto ele não vem, vou fazer planos com outros. Vou suspirar vendo outros, escrever para os outros, ou até mesmo para o último que me fez sorrir. Vou sorrir para aquele bonitinho tão famoso, ou para aquele feio interessante. Enquanto ele não vem, vou chegar nas festas querendo ser feliz e não desabando os meus problemas nos outros. Vou querer ser feliz, inteira, não tão plena, mas com uma saúde mental estabilizada. Nada de ser louca ou tão sofrida. Não tem mais sentido ser tão sofrida. Não há mais dor, nem o amor, só sobrou uma ausência filha da puta dentro dessas linhas que não se acabam mais. Só sobraram as lembranças daquilo que fomos ou do que nunca chegamos a ser. Não sobraram a cólera, vingança, ou qualquer coisa que possa destruí-lo. Só sobrou alguma coisa que não sei bem o que é, mas dói. Dói de vez em quando, não sempre, não agora, mas às vezes, dói.
É preciso sair colorindo esse mundinho tão cinza e tão sem graça que acostumamos. É preciso apaixonar por pessoas, divertir desconhecidos e sair da rotina. É preciso ter uma dose de loucura em suas veias, e uma dose de indiferença. É preciso ser meio termo tantas vezes, mas ao mesmo tempo, é preciso ser muito mais do que boazinha ou bonitinha. É preciso inúmeras vezes ser fatal sem se constranger. Não existe tempo para a vida, ou melhor, se existir, ele é muito curto para ficar decorando frases em frente de um espelho. Esse mesmo espelho que te viu chorar e inúmeras vezes, não é verdade?! Mas é preciso muito além do que decorar falas e fases. É preciso viver outras frases e fases. É preciso conhecer pessoas que não são como você. É preciso se convencer que o amanhã será melhor. Que o desconhecido pode se tornar o amor da sua vida. Prove do pecado, renuncie sua ingratidão. Não é preciso bancar a santinha ou a boazinha. Chega o que você quiser na hora que bem entender. Não tente adivinhar o que se passa com o outro. Não deixe se levar por opinião de quem ao menos nem conhece seu passado ou a sua história.
Tenho tanto medo que o outro me carregue e que nunca mais volte a ser aquilo que todos querem que eu seja. Tenho medo que o outro me leve para sempre e me faça realmente feliz. Às vezes sinto é muito mais medo da felicidade do que da tristeza. Tristeza não é tão ruim, ela só mostra aquilo que evitamos ver durante tantos anos. É como se a tristeza arrancasse o tampão que nos cega. Eu fui deixada e não queria mais seguir em frente, mas os outros que sempre serão muito além do que isso, me empurraram para frente. Precisei me erguer, sorrir e enfrentar o mundo. Eu precisava viver novamente para que entendesse que a tristeza é passageira. Havia me esquecido de como é bom se sentir feliz com as pequenas coisas que vão nos rondando. E eu me senti tão viva, tão feliz, tão incrivelmente completa nos últimos dias. Minhas frases saem descontroladas, e mortas. Busquei a cura de todo o mal, mas percebi que se eu não mudar, o mundo não vai mudar. Sou eu que preciso enxergar o mundo de outro jeito. O mundo não vai ficar mais legal ou mais triste. Sou eu que preciso enxergá-lo de outra maneira.
Enquanto ele não vem, vou ser feliz. Vou tentar fazer com que os outros fiquem felizes também. Vou buscar fé, luz, e a paz que tanto evitei durante esse tempo. Não quero mais chorar por dores que sempre são eternas. Não quero me contorcer de saudade, muito menos, arrepiar por algo que jamais voltará existir. O nosso tempo vai passando, sem obrigação e sem saudade. O tempo vai acabando, e enquanto você não vem, continuarei na minha busca de tentar descobrir o que sou, e quem realmente me faz feliz. Tudo bem, você pode não mais voltar, mas isso não vai me fazer enfraquecer. Talvez, eu nunca mais te procure – E não se assuste se isso acontecer – Quero que só lembre de tudo. Não com mágoa, não com saudade, mas com carinho. Tente lembrar que tudo não passou de um sonho. Um sonho que um dia que infelizmente (ou não tão infelizmente assim) teve que acabar. 

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