27 de mai. de 2011

A menina bizarra cresceu




Nunca quis fazer parte de padrões. Na escola, eu tinha uma melhor amiga que o sonho dela era arrumar um namorado e nós combinamos, quando chegássemos na oitava série, nós iríamos conseguir arrumar uns namoradinhos por aí. Certo. Ela se apaixonou, e eu também me apaixonei – por caras diferentes – Só que havia um problema, o cara que eu havia me apaixonado jamais iria me dar moral, sabe por quê? Porque eu era amiga dele, a amiga feia dele. E essa minha amiga não, ela foi feliz. O tempo passou, hoje, essa minha amiga ainda namora. Enquanto essa minha amiga namorava um cara, em dois mil e oito, eu estava namorando um cara também, mas para fazer ciúmes nesse meu amigo. Que dó de mim, mas enfim, fiquei um tempo com esse menino tão caótico, e depois, segui minha vida.E esse mesmo menino que eu amei infinitamente – que durou muito pouco para ser tão infinito assim – chegou a me amar por alguns meses, mas havia um problema. Eu já estava num relacionamento complicado. Na verdade, só me envolvo com homens complicados. Era eu, meu namorado, esse amor do passado, mais esse amor do blog. Um quarteto amoroso da porra. Um quarteto amoroso que eu estava quase mandando para puta que pariu. 
Nunca fiz parte alguma de seleção entre as melhores, as mais bonitas ou as mais cogitadas para sair. Sempre fui a garotinha estranha que usava soutien de enchimento para conquistar alguém, sabe-se lá quem. Ou pior, eu era a garotinha estranha que tinha um cabelo mais estranho e havia se apaixonado pelo amigo. Mas ainda assim, segui em frente. Eu ainda era a menos cogitada, a menos falada, e a menos notada e para piorar a situação, eu era a que se apaixonava fácil. E eu não me importava com isso. Me entregava mesmo. Amava mesmo. Me dava mesmo e sorte daquele que podia me amar. Até que mudei. Parei de tanta graça e começaram a falar que eu era manipuladora. Parece que a menina tão ingênua, que amava o melhor amigo, já não era mais assim tão doce.
O tempo passou. Já não tinha treze, nem quatorze anos. Tinha quinze. Querendo ser independente, e achando que mandava no próprio nariz.  Síndrome de quinze anos, quem nunca teve? E eu me apaixonei perdidamente por ele. Aí, chegou ele. Ele, com um nome lindo, um sorriso lindo, tão independente, tão indiferente, tão pegador, tão...tão o que eu sempre quis. Puxa! Ele era lindo. E eu ainda continuava sendo a menina bizarra que havia aprendido a escrever cartas apaixonadas. Mas eu não me importava. Eu queria ele. Que pena do mundo que não me queria com ele. Que pena de todo mundo que não o conheceu. Por parte dele poucas pessoas souberam de mim. Da minha parte, todo mundo soube e ninguém mais agüentava – agüenta – ouvir sobre isso. Ele não era o pior de todos os cafajestes mas também não era o cara fofinho que minha mãe sempre sonhou que eu casasse.
Ele era ele. Individualista, intrigante, cheio de perguntas sobre sua personalidade. E eu era apenas uma bizarra que deixou isso para trás. O cabelo ficou liso, cresci, meu corpo foi criando formas e eu lutei para isso. Mas depois de tanta conversa, de tanto falatório, ele simplesmente foi embora e me mandou ir embora também. E eu teimosa, bati o pé. Não vou embora, eu te espero. Mas ele não quis nem saber, foi embora. Foi embora e nunca mais falou nada. Já não sou mais apaixonada pelo meu amigo, e pouco tenho contato com essa minha amiga. Mas tudo passou. O menino tão perfeito de olhos perfeitos e sorriso intrigante não passou. Ficou parado na minha vida. Na verdade, ele passou, o corpo dele sim, mas as lembranças não. Me olho no espelho e não me reconheço. A menina bizarra havia se transformado apenas numa menina, que hoje se transformou nos restos de tudo. Há olheiras, há sorriso vazio, há um olhar enigmático. Não me vejo mais como antes. Não quero ser a mais bonita, afinal, nunca fui a mais bonita de nada e não vai ser agora que vou tentar mudar essas coisas. Não quero ser melhor, não quero ser pior. Quero ser o que sempre fui. Quero me encontrar com ele diversas vezes ainda sendo que há uma força muito maior me jogando para o outro lado. Quero ser o seu colo quente, o seu abraçado que dará conforto, e o sorriso que trará segurança. Quero ser o seu amor mais simples, mais calmo, mais amplo de todos os amores que poderia sentir. Não há mais quarteto amoroso. Quero ser seu conto mais lindo, seu sonho mais puro, o seu beijo sincero. Quero teus planos junto com os meus, quero teu futuro comigo.
Meu ficante oficial seguiu a vida, meu melhor amigo sempre volta. Mas o menino que eu sempre quis ter ao meu lado jamais voltou. Se passaram quase duzentos dias que ele se foi. Se passou tanto tempo que já deixei de ser o que eu era para ele. Não sei o que eu cheguei a ser, mas sei que ele me via do jeito que precisava. Não se importava se eu era ou não a bizarra que tinha um plano de arrumar um namorado na oitava série, nem a tonta que se apaixonou várias vezes pelo o amigo.
Ele gostava de conversar comigo. Eu, a menina que escrevia e sempre foi fria. Eu, a menina que deixou de existir faz tanto tempo. E agora, só sobrou alguém que não sei quem, que deseja desesperadamente que tudo acabe o mais logo possível. Tenho um punhado de contos amorosos verídicos. Todos os contos, fui a vilã e dessa vez, no meu maior conto de todos, sou apenas uma personagem. A personagem que virou a coitadinha, a vilãzinha. Fui todas em apenas uma. Meu abatimento é visível. Minha bagunça já não é somente interna. Minha vida passou a ser sem graça. Sei que por mais que tudo pareça difícil, continuo sendo a mesma de sempre. Jamais deixei morrer a menina estranha que vivia dentro de mim. Eu não vou me calar. Tenho direito ao grito, e por isso, eu grito. Nunca gostei de me explicar e por isso, tudo pode aparentar confuso demais. Todo mundo acha que ele é apenas uma idealização. Mas você sabe, esse texto é para você. E eu sei que estou exposta, imoral, e chorona. Mas não posso fazer nada. Hoje, só quero que tudo acabe o mais rápido possível. A bizarrice está enorme. Os meus planos acabaram. Cansei de me doer tanto por ele.
Continuarei seguindo minha vida. Continuarei rejeitando o amor. Eu só queria que tudo passasse. Só queria que a dor que reside em meus textos acabasse. Quero sorrir em paz, sem me preocupar com os meus caos amorosos. Não quero continuar. Quero parar por aqui. Quero ficar, preciso te esperar, preciso conversar com alguém. Mas como posso conversar se eu só sei falar de tudo que me dói? Preciso mudar de assunto antes que a loucura chegue para valer. – Porque para alguns, a loucura já me tomou por completo – Nunca quis ser igual, nunca quis ter amores iguais, nunca quis ser do grupo das apaixonadas-melosas-de-plantão.  Nunca estive em seus planos, nunca sonhou comigo, mas não sei se me quis mal. Só sei que isso tudo vai passar, como sempre passou. Só sei que vou acabar virando lembrança entre meu amigo, meu ficante, minha amiga e o cara que entreguei minha vida nas mãos dele. Tudo vai passar. Absolutamente tudo. 

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