20 de fev. de 2011

Tão tarde



É tão tarde. É tão tarde para reclamar, chorar, descabelar. É tão tarde para se culpar e culpar o mundo. É tão tarde para tentar entender o fim, o começo e os intermináveis meios. É tão tarde para poder dizer isso, mas antes que tarde do que nunca, não é assim que os mais velhos dizem?
Sempre falam para dar um tempo de inventar novas coisas para poder sair da cama, mas ninguém sabe o quão difícil é para mim se levantar. Sempre dizem para crer novamente no amor, mas, que culpa eu tenho se o mundo cada dia que passa me dá a impressão que não vale à pena acreditar nesse sentimento? Ninguém consegue medir o esforço que faço para fingir que está tudo bem, ninguém consegue medir a força que coloco para sorrir verdadeiramente, ninguém sabe o quanto me esforcei para que todos pudessem acreditar nas supostas mudanças. Ninguém sabe como sua ausência dói em mim.
Nunca gostei de bancar a coitadinha, nunca gostei de deixar tudo nas mãos dos outros para que mais tarde eles pudessem resolver por mim, nunca gostei que sentissem pena de mim, nunca goste de nada comum, de nada que não fosse involuntário. Jamais irei gostar de uma frase pronta.
É tão tarde que mal consigo ver a lua e suas estrelas lá fora. É tão tarde que não consigo mais sentir a mesma coisa que antes. É tão tarde e ao mesmo tempo é tão cedo para pensar em outras coisas e outros caminhos que deverão ser atravessados.
É ilusão, mas é tão doce que quero novamente, quero ficar provando dessa magia que encontrei para te manter vivo até me enjoar.
Está tudo mudando, absolutamente tudo. Já não sou a mesma como antes, e também, não faço esforço para voltar a ser. Estou mudando o foco, estou indo, sem remorso ou sem alguma lista de pecados que já cometi para que futuramente fosse uma boa maneira de me culpar. Sou dona de achar erros que foram cometidos há tanto tempo, sou dessas que vai encher o saco e te culpará por um longo tempo apenas pelo fato que você jamais conseguiu corresponder todo amor que cheguei sentir um dia.
 Nunca mais te vi, é verdade. Nunca mais te toquei, e nunca, nunca mais escutei seu sotaque e também, nunca mais senti culpada por criar esse blog e retratar a minha dor que já não é tão inteira assim. Não há o porquê de se culpar, meu bem. Não há motivo algum para chorar de algo que está apodrecido há tanto tempo. Não há mais o que iludir, não há mais o que pensar, não há mais motivo algum para poder criar um conto de fadas, sendo que no final tudo vira farsa mesmo e não me importo.
A lentidão e o barulho lá fora só conseguem me incomodar mais. A lentidão... A lerdeza... chame do que você quiser, mas odeio tanto esperar. Odeio tanto depender apenas de sua volta para poder ser completa. Que horror! Estou virando uma garota dos anos cinqüenta que vive em torno do homem que sempre amou.
Preciso aprender a ser bem resolvida, evoluída e perdoada. Claro, preciso me perdoar, preciso recomeçar, e não é por falta de esforços. Tento toda noite me perdoar e virar alguém que nunca tentei ser, tento sorrir, tento ser simpática, mas no fim, só consigo ser arrogante e muito, muito grossa. Claro que tenho medo, e quem não tem medo dessa vida? Se tenho medo do amor? Tive um dia, hoje sou eu que passo medo. Hoje, sou eu que levo fama de descrente e até medo de louca.
Tenho é pena. Pena porque o que eu sinto é puro, é lindo, mas está acabando. Pena porque sei que ninguém jamais sentirá isso por você, pelo simples fato que você afasta todo mundo, e sempre achei que somos tão parecidos nessa característica. Mania de afastar.
Já não me sinto mal por algum plano saiu errado, já não tem o porquê de sofrer. Construir novos sonhos, por quê? Eu sei o final e não me quero iludir.
Não sou tão bem resolvida assim e você sabe. Não sou tão indiferente e infelizmente, disso você também sabe. Por mais que queira ser moderninha, independente, fria. No fundo quero é proteção, lá no fundo quero me sentir como uma criança que tem seus pais sempre por perto dizendo descontroladamente que tudo irá passar, e que espera que seus pais dêem um beijinho em seu machucado, porque aí sim, terá a certeza que toda essa dor irá passar o mais rápido possível.  Mas aí, infelizmente me lembro que tenho dezessete anos e que não sou mais criança. Aí eu me lembro da simplicidade e a ingenuidade que uma criança vê a vida, e sinto um pouco de inveja, pelo simples fato que não me lembro mais como é ser ingênua. E me lembro que já não sei mais como é ter a simplicidade como uma das grandes características, eu que sempre gostei de complicar.
Se é tarde? Depende do seu ponto de referência. É tão tarde para odiar esse amor que cresceu, é tão tarde para poder esquecer, é tão tarde para pensar em uma vingança, mas não será tarde para você voltar. Não é tão tarde assim... Não é tarde para reconquistar o seu lugar. Não é tão tarde assim para você poder me reconquistar.
Mas então por que sinto que só fica cada vez mais tarde demais? Por quê? Hein? Vai ver que o vento e o tempo estão tentando me ajudar, estão curando minhas dores e agonia. O tempo está passando mais rápido que o normal, e assim, o presente está virando passado cada vez mais rápido, sem a mínima intenção de futuramente ser lembrado.

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