14 de out. de 2011

Enquanto ele não vem




Ele não vai voltar por enquanto, ou talvez, nunca mais. Tudo isso pode se tornar cruel e fatal, mas ainda assim, não custa nada se divertir novamente. Coloquei meu salto, fiz uma maquiagem pesada, e fui atrás da minha felicidade que duraria uma noite. Enquanto não vem, eu vou me divertir como ele fez. Enquanto ele não chega, vou caçando algo bem melhor para fazer. Não quero ficar em casa reclamando do tempo que não passa. Não quero ficar em casa cultivando algo que está morto. Não quero ficar em casa só para me guardar para algo que nunca, nunquinha irá voltar. Gosto de ficar em casa sim, mas só quando estou cansada e preciso descansar, ou então, quando quero assistir um bom filme ou ler um livro que possa prender definitivamente minha atenção. Mas quando isso não é possível, o que resta é fugir de qualquer tipo de lembrança que possa chegar. Chega de voltar ao passado, é preciso seguir em frente.
Enquanto ele não vem, vou fazer planos com outros. Vou suspirar vendo outros, escrever para os outros, ou até mesmo para o último que me fez sorrir. Vou sorrir para aquele bonitinho tão famoso, ou para aquele feio interessante. Enquanto ele não vem, vou chegar nas festas querendo ser feliz e não desabando os meus problemas nos outros. Vou querer ser feliz, inteira, não tão plena, mas com uma saúde mental estabilizada. Nada de ser louca ou tão sofrida. Não tem mais sentido ser tão sofrida. Não há mais dor, nem o amor, só sobrou uma ausência filha da puta dentro dessas linhas que não se acabam mais. Só sobraram as lembranças daquilo que fomos ou do que nunca chegamos a ser. Não sobraram a cólera, vingança, ou qualquer coisa que possa destruí-lo. Só sobrou alguma coisa que não sei bem o que é, mas dói. Dói de vez em quando, não sempre, não agora, mas às vezes, dói.
É preciso sair colorindo esse mundinho tão cinza e tão sem graça que acostumamos. É preciso apaixonar por pessoas, divertir desconhecidos e sair da rotina. É preciso ter uma dose de loucura em suas veias, e uma dose de indiferença. É preciso ser meio termo tantas vezes, mas ao mesmo tempo, é preciso ser muito mais do que boazinha ou bonitinha. É preciso inúmeras vezes ser fatal sem se constranger. Não existe tempo para a vida, ou melhor, se existir, ele é muito curto para ficar decorando frases em frente de um espelho. Esse mesmo espelho que te viu chorar e inúmeras vezes, não é verdade?! Mas é preciso muito além do que decorar falas e fases. É preciso viver outras frases e fases. É preciso conhecer pessoas que não são como você. É preciso se convencer que o amanhã será melhor. Que o desconhecido pode se tornar o amor da sua vida. Prove do pecado, renuncie sua ingratidão. Não é preciso bancar a santinha ou a boazinha. Chega o que você quiser na hora que bem entender. Não tente adivinhar o que se passa com o outro. Não deixe se levar por opinião de quem ao menos nem conhece seu passado ou a sua história.
Tenho tanto medo que o outro me carregue e que nunca mais volte a ser aquilo que todos querem que eu seja. Tenho medo que o outro me leve para sempre e me faça realmente feliz. Às vezes sinto é muito mais medo da felicidade do que da tristeza. Tristeza não é tão ruim, ela só mostra aquilo que evitamos ver durante tantos anos. É como se a tristeza arrancasse o tampão que nos cega. Eu fui deixada e não queria mais seguir em frente, mas os outros que sempre serão muito além do que isso, me empurraram para frente. Precisei me erguer, sorrir e enfrentar o mundo. Eu precisava viver novamente para que entendesse que a tristeza é passageira. Havia me esquecido de como é bom se sentir feliz com as pequenas coisas que vão nos rondando. E eu me senti tão viva, tão feliz, tão incrivelmente completa nos últimos dias. Minhas frases saem descontroladas, e mortas. Busquei a cura de todo o mal, mas percebi que se eu não mudar, o mundo não vai mudar. Sou eu que preciso enxergar o mundo de outro jeito. O mundo não vai ficar mais legal ou mais triste. Sou eu que preciso enxergá-lo de outra maneira.
Enquanto ele não vem, vou ser feliz. Vou tentar fazer com que os outros fiquem felizes também. Vou buscar fé, luz, e a paz que tanto evitei durante esse tempo. Não quero mais chorar por dores que sempre são eternas. Não quero me contorcer de saudade, muito menos, arrepiar por algo que jamais voltará existir. O nosso tempo vai passando, sem obrigação e sem saudade. O tempo vai acabando, e enquanto você não vem, continuarei na minha busca de tentar descobrir o que sou, e quem realmente me faz feliz. Tudo bem, você pode não mais voltar, mas isso não vai me fazer enfraquecer. Talvez, eu nunca mais te procure – E não se assuste se isso acontecer – Quero que só lembre de tudo. Não com mágoa, não com saudade, mas com carinho. Tente lembrar que tudo não passou de um sonho. Um sonho que um dia que infelizmente (ou não tão infelizmente assim) teve que acabar. 

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