27 de out. de 2011

A verdade inventada



Eu não esperava que o tempo fosse passar tanto tempo. Nem mesmo ele. Deparei com situações e eu não queria nem saber. Acreditava cada vez mais naquilo que gostaria de ver ou até mesmo de ouvir. Deparava com as meninas que fizeram parte da vida dele e ainda assim, tentava seguir em frente sem deixar com o que eu passado voltasse. Imaginei que ele teria me amado, pensei até mesmo que ele me queria por perto. Mas não era nada disso. Fantasiei como pude, maquiei o luto que poderia existir. Porque eu queria ser bonita suficiente. Queria ser a mulher bem resolvida. Eu queria ser a mulher da vida dele. Fui recriando uma história que não tinha mais nada a vê. Não existia mais personagem fixo, nem algum sentimento que pudesse marcar. Não me permitia. Não permitia que ninguém tocasse no assunto. Eu não quero mais contar ou decifrar as frases daquele menino. De qualquer maneira era preciso continuar. Era preciso deixar de ser o que fomos.
Precisei lidar sendo sempre os assuntos da rodinha entre os amigos. As teorias que sempre criavam acabavam me deixando cheia de pontinhas de esperança. Ah Layla, ele tem péssimo gosto. Ah Layla, você é especial demais para ele. Ah Layla, ele só namora barangas. E é mentira. Ele gostava de mim, juro que gostava. Ele gostava de mim sendo morena e acima do peso. Ele gostava de mim sendo estranha e desastrada. Ele conseguia me encontrar quando estava perdida. Ele conseguiu tudo aquilo que ninguém mais tentava. Ele havia me salvado de todo podre que um dia criei para enfrentar minha vida. Ele ainda me apoiava quando apaixonei por caras aleatórios. E eu sinto saudades disso. Sinto tanta saudade daquela verdade que inventei. Sinto tanta falta dele.
Tinge o cabelo de lado, emagrece do outro, escreve bonitinho e menos codificado, faça uma tatuagem, e um piercing novo. Quem era eu? Ah, eu era a bonitinha sentada na mesa do bar com uma dose de alguma bebida. Talvez mojito ou quem sabe Tequila. O que eu havia me tornado? Não sei. Mas eu não era mais a morena estranha que ele gostava. Talvez, tudo que eu possa escrever o fere muito. Não sei. Talvez eu já o tenha chorar nas noites sombrias. Nunca mais tive notícia alguma dele. Foi preciso cortar o cordão que havia entre nós. Foi preciso desligar completamente (ou não tão completamente assim). Tive que existir, correr atrás, sonhar e dar a cara a tapa). Eu nunca quis ser daqueles meninos, mas eu não encontrei outra forma. Desculpa se um dia te feri com a minha vingança. Mas nunca, nunquinha tentei te fazer mal.  As namoradas dele são lindas, e eu era apenas mais uma garota perdida na cidade estranha. E ele mal sabe o quanto eu as invejei. O certo seria que eu fosse a única menina que ele poderia ir amanhã. O certo seria que ele corresse atrás mas não houve nada disso. Tudo isso me arde, me fere e acaba fazendo com que a ferida que reside dentro de mim jamais se cure novamente. E eu pensava que quando fosse embora para sempre, ele pudesse me procurar. Mas engano meu. Entendi mais uma vez que ele não se importa mais. Mas não era nada disso que eu precisava ouvir, nem falar. Eu precisava dele. Precisava do seu abraço. Da sua presença. Eu precisava daquele amor que deixou de existir.
Era ele que precisava encontrar todas as vezes que alguém afetava o meu orgulho. Era dele que precisava quando me deixavam sozinha. Mas já não havia mais ele. Ele deixou de existir e faz tempo. Encontrei tudo aquilo em meio de coisas que não existiam mais.Continuei acreditando naquela verdade. Pensava que ele era covarde demais para enfrentar ou mundo. Ou que talvez eu fosse complicada demais. Mas não era nada disso, nunca foi nada disso. Simplesmente ele não me quer. E doeu. Doeu tanto admitir qualquer farsa que existia. O fim é tão próximo. Nenhum "Ah Layla" ou nenhuma teoria vai me fazer voltar atrás. Nos perdemos e acabou. Acabou para sempre qualquer laço que poderia existir. Mas eu sinto tanta tanta tanta falta. Mas sinto mais falta ainda daquilo que um dia que quis acreditar para sempre.

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