19 de mar. de 2011

Se tornar




Andei pensando nessas coisas tortuosas da vida mas que no fundo são as que agradam, e fazem os olhos brilharem. É essa esperança guardada,  é essa força acumulada que me faça e faz aqueles que também sofrem seguir em frente. É essa luz lá fora, essa luz do sol que trás a sensação de renovação, de outros dias melhores. Essa mesmo luz consegue avisar que a vida está correndo rápido demais, e futuramente ficará impossível controlar isso que chamamos de vida.  Nunca achei importante fazer o que os outros queriam que eu fizesse, sempre escolhi viver pelo meu modo de pensar, custe o que custar, e várias vezes, ninguém entendeu esses modos que me refiro. Fui me guardando, fui deixando minha vida resolvida apenas dentro de mim, mas por fora, esqueci de viver.
 Ninguém nunca me conhece tão bem ao ponto de saber o que passa pela minha cabeça, nem mesmo eu me conheço tão bem. Não sou incógnita mas também não sou aberta, exposta. Nunca quis seguir as ideologias de ninguém, sempre tive minhas crenças e minhas pequenas doutrinas, e assim, pude ser o que fui. Desde pequena sou indecisa e seletiva, já quis ser de tudo, desde professora até bailarina. Eu tentei de tudo também, e por isso, não permito que me chamem de covarde.  Medos eu tive pouco, mas comuns.  Tenho mais receio do que medos mesmo, mas que no fundo são as mesmas idéias.
Sempre me importei com que não se importava comigo, sempre sinto saudades de quem não sente, sempre amo os errados que não querem nada comigo, e sempre desprezo a quem só quis o meu bem e a quem só me amou muito. É desse modo que eu consigo viver aos poucos, aos trancos e barrancos.  Sofro por assim, sofro pelo exagero, sou sofrível por natureza e isso sempre dificultou qualquer comunicação que poderia existir entre eu e qualquer sentimento forte e inabalável.
Sempre gostei de ser a errada, a diferente, e a estranha. No fundo, sempre gostei de inventar moda. Nunca gostei de comparar amores ou pessoas, mas aos poucos, isso vai se tornando difícil. Aos poucos, todos os homens que vou ao encontro sempre comparo com o ele, o menino que se tornou história. Um jeito de falar parecido talvez, o corte de cabelo, o jeito de falar ou até mesmo de como ver o mundo. Por mais que o mundo dê suas voltas, sempre volto para o mesmo lugar. Não porque o mundo quer, mas porque acabei escolhendo isso para mim mesmo não tendo a mínima noção do que estava fazendo.
 Eu o amei muito, mas sei que eu o amei mais pelo fato dele ser impossível e me desprezar tanto. Eu o amei pelos meus erros e pelos deles. Eu o amei, porque na época, precisava amar alguém, e ele foi o escolhido. Tudo foi criado apenas minha cabeça, eu comecei apaixonar para esquecer outro, e esqueci. E aos poucos, fui descobrindo que ele seria realmente aquilo que queria para mim, mas o tempo fez questão que tudo se perdesse e nós no fundo, bem lá no fundo, não nos importamos com nada, nem mesmo com os sentimentos que insistia em rodear. Na verdade, cada um insistia no que dava vontade. Eu insistia nele, porque queria ter motivos para continuar tendo fé, queria insistir em alguém que poderia abalar minha vida no modo positivo da palavra, queria que ele fosse o homem que me salvava de todas as dores. Já ele se importava com outras coisas que nem eu mesmo sei, e eu tenho medo de perguntar. A verdade machuca mas é inevitável, mais cedo ou mais tarde ela aparece, então, deixe para mais tarde.
Mas era tudo mais fácil quando havia ele por perto, mesmo não estando tão perto assim. Era bem mais fácil ter ele para me guiar e para me fazer sorrir, a vida era mais fácil quando continuava sabendo que ele estava bem, que estava fazendo alguém feliz (seja lá quem fosse) e  que no fim, ele sempre voltava para o meu lado.  Saber de tudo acabava fazendo com que minha vida ficasse mais fácil, pelo simples fato que não queria me aparentar fraca ou coisa do tipo. Daqui a pouco tudo virará lembranças, lembranças feias, lembranças amareladas, lembranças puras, mas são lembranças de qualquer forma. Daqui a pouco, me tornarei adulta e precisarei largar todo esse sonho de adolescente para trás. Daqui a pouco, eu te esqueço, mas daqui a pouco volto a te amar, como se o mundo não se importasse, como se o mundo acabasse, como se nós dois fossemos eternos.   Não sei o que vou me tornar, não sei o que ele vai se tornar, mas tudo foi lindo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Layout: Bia Rodrigues | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©