5 de ago. de 2011

I don't need


Me senti matando os meus restos, algumas partes boas demais, outras perversas demais. Me vi sozinha e querendo me tornar cada vez mais distante daquilo que acreditei por um bom tempo e que hoje já não faz mais sentido algum. Senti como se passasse tanto tempo grávida e na hora do nascimento, puft, abortei. É exatamente essa sensação, fiquei tão preparada para o nascimento, que na hora, simplesmente deixou-se de existir. Esperei tanto, escrevi tanto, reclamei muito e agora a intensidade diminuiu. Finalmente parei de querer algo tão intenso e dolorido. Finalmente parei de querer algo que está tão longe de mim, e dos meus pequenos sonhos. Finalmente, deixei de sofrer muito para sofrer só de vez em quando.
Não sei reunir as palavras certas para poder dizer tudo que sinto agora. Não sei reunir as palavras, minha cabeça não sossega. Eu nunca sossego! Não sei não pensar, são tantos sonhos e medos que não há espaço para simplesmente anular. Não há espaço dentro de mim para sofrer por algo tão vulgar. Não há espaço dentro de mim para algo tão sonso e constrangedor. Dentro do que sou, não há espaço mais para a dor.  I don't need!
Passei muito tempo sem saber o que fazer e pela primeira vez em dois, três anos, não quero lutar, correr, falar de você. Pela primeira vez nesses anos todos, minha vontade é fugir de tudo que possa me lembrar você. Acho que isso é sinônimo de que o tempo está passando. Não é assim que se diz? Consigo respirar mais aliviada em meio do caos lá de fora, consigo até mesmo tentar não insistir em mais nada que possa me fazer sentir menor do que já sou, finalmente proclamei: Não vou mais borrar minha maquiagem para aquele que em vez de me ajudar, só consegue fazer com que eu possa me sentir mesquinha.
Não vou mais me entregar a qualquer coisa que se diz perfeita para aquilo que eu sou. Não me deixarei abater por aquele que só quer me ver mal. Não irei entregar minha alma para aquele que diz que minha dor é apenas uma graça, sendo que nessa história, não há graça alguma. Eu não quero mais ser sempre a louca que se dá mal, quero apenas ser a louca. Não quero mais brincar de esconde-esconde com o meu destino. Não quero ser a burra que ama alguém que nem me quer por perto, e eu não quero ter por perto aquela pessoa em já fez parte do meu passado e que hoje já não me faz ter nem ao menos o respeito por Ela. Não quero ter rótulos de sofredora. Na verdade, não quero ter rótulos algum. E aí descobri que não preciso passar por tanto sofrimento para saber quem realmente merece um lugar especial dentro da minha vida.
Depois de tanto tempo, eu chorei em silêncio. Não derramei nenhuma lágrima, respirei fundo e ergui minha cabeça. Chorei em silêncio, andei pela rua, com a cabeça erguida mas ainda assim, aumentando o ritmo da minha respiração para não derramar mais nenhuma lágrima. Chorei em silêncio porque o menino que pensei que entregaria minha alma e todo o amor que havia dentro de mim, estava se tornando uma figurinha do passado, e enquanto isso estava eu, tentando seguir em frente, de maneira mansinha. Nada de ter uma vida exposta, chega disso.  E agora será assim, não haverá mais choro, só haverá o silêncio.
Minha história foi linda, divertida, engraçadinha, mas não preciso sofrer de novo, não mesmo. Sofrer nem por quem merece, resolvi. Sofrer de novo não. Minha história foi um conto de farsas realmente mas não preciso me recordar sempre. Não preciso me maltratar tanto ao lembrar que ele não me amou. Eu não preciso ser a boazinha de sempre, porque afinal, de boazinha só tenho o olhar meio sonso. Não sou nada boazinha, não nasci para ser boazinha, não nasci para ser tida como sonsa. Talvez a realidade seja realmente uma escolha que preciso.
Sentei em frente o espelho da escola e fui analisando cada parte do meu rosto. Já não sou mais aquela menina aflita e tão constrangida que mal sabia o que dizer. Já não sou mais a boazinha que simplesmente deixa para lá. Já não sou mais aquela louquinha, que se faz de feliz quando está triste. Na verdade, nem ao menos sei se sofro realmente. Já perdi  o senso do que é sofrer realmente, já perdi o senso do que é ter um amor. Parece que agora, já não sinto mais. Às vezes, sinto como se eu nunca tivesse amado verdadeiramente. Não sei, pensar demais me faz entrar em questionamento, e eu não quero isso para agora.
Não me importo se o meu destino sairá conforme o que tanto planejei ao longo desses meses. Não espero que ele volte. E não espero que essa sensação de alivio dure muito tempo. Mas está tudo bem, porque eu resolvi, vou seguir em frente.  Eu não preciso chorar, não preciso fantasiar nada. I don't need. I don't need you!

                                                                                                                 storyoffarces.tumblr.com

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