27 de jun. de 2011

Menininho



Seus olhos são lindos e tem um misto de sentimentos dentro deles. Seu sorriso é misterioso mas é conquistador. Suas palavras são monossílabas. Apenas frases incompletas e algumas complexas – para deixar certo mistério no ar – E fui me esquecendo dia após dia, precisava esquecer de sua voz que me trazia um conforto fora de sério, e por mais que eu tentasse prender meus pensamentos, aos poucos fui deixando de lado o que a vida queria de nós e fui enfrentando apenas o que ela queria de mim. Aos poucos, fui deixando a minha grande brincadeirinha de lado. Esqueci de nós, esqueci de toda merda, esqueci do mundo e suas grandes futilidades.  Você era lindo, e eu sempre quis por perto. E a vida me mostrou que isso era impossível, a vida me mostrou que eu precisava viver longe de tudo isso.
Minha fantasia acabou, o sonho foi dilacerando, e eu preferi ficar quietinha.  Tenho medo dos meus pensamentos, tenho medo do que eu posso fazer. Sei que sou capaz, sei até mesmo que posso viver muito bem sem você – Esse tempo todo longe só me fez ter consciência disso – Sou uma menina complicada, difícil de lidar, e até mesmo, grossa. Sou uma menina que chora por filme, por amor mal resolvido, por propaganda fofinha. Mas sou uma adulta, sou uma adulta na hora que tenho que resolver o que eu quero da vida. Sei que quero que essa saudade triste passe logo. Não agüento mais ser triste e ver todos ao meu redor assim também.
Você me entende menininho? Aí menininho, eu sinto tanta a sua falta. Sei que por mais errada que eu fosse, você estava ao meu lado. Sei que por onde andava, sabia que sempre volta. Mas sabe menininho, fiquei pensando nessas coisas que a vida nos leva. A vida nos leva a cada dia, dia após dia alguém vai embora, alguns sentem, alguns querem ir embora de qualquer maneira e outros só querem dormir. Eu não sei qual é o meu tipo. Sou a que quer embora mas não quer abandonar. Sim, é estranho eu falar isso já que sempre achei mais fácil abandonar algo do que ser abandonada. Sempre gostei de ir embora, mas nunca gostei que ninguém me obrigasse a isso.
Odeio ser obrigada, odeio fazer algo que simplesmente não quero.
Menininho, sempre gostei também do seu jeito protetor. Não sei, o seu jeito de “Dane-se o mundo, porque hoje eu vou cuidar de você” Sempre me agradou muito. Acho que foi aí que comecei a me apaixonar. Depois de tanto tempo fui aprendendo a viver sem o seu jeito de me ver e ver o mundo. Aos poucos, fui deixando você de lado, menininho. Não quero que sinta raiva de mim por isso, saiba que gostei muito de você, mas há um pequeno problema – sei que você não gostou de mim da mesma forma – E isso me deixou triste, porque havia pensado que ainda mesmo com toda conturbação você poderia me amar um pouquinho só.  Foi difícil seguir em frente, foi difícil ter que ser louca para não ser a simplesmente a apaixonada, foi difícil até mesmo ter que ir entregar meus sonhos nas mãos de outro homem. Foi mais difícil do que eu pensei, foi mais difícil que o planejado, mas já consigo me ver em outras situações. Sabe menininho, gostar de você me fez bem. Gostar de você me fez sonhar, me fez acreditar no futuro, nessas coisas paranormais, nessas coisas que não fazem sentido mas que ainda assim continuo insistindo. Queria poder fugir disso tudo, juro que queria, mas algo muito mais forte me leva para o passado e me faz sentir mal. Tento escrever sobre você para não começar a escrever sobre morte. Ela me anda rondando muito e sempre tento resistir, mas tenho medo que ela possa me vencer de vez.
Tenho medo que meus sonhos sejam jogados no lixo, tenho medo que eu me torne um lixo. Tenho tanto medo, menininho. Tenho alguns medos sim mas nada estranhos ou perversos. Tenho medo que nunca mais te encontre, tenho medo de me tornar uma memória boba, sinto medo.
Sei que talvez você possa pensar em mim. Sei que talvez sinta minha falta, mas talvez possa apenas se lembrar como mais uma nesse seu mundinho. Não sei, as memórias vão falhando. Pouco consigo me lembrar de sua voz ou do seu perfume. Pouco consigo me lembrar do seu sorriso. Talvez aconteça o mesmo com você. Não posso julgar. Não posso escrever para que você me ame pelas minhas palavras. Mas se você soubesse que esse texto é para você, qual seria a sua reação? Sei que jamais farei nada igual para outro. Sei que tenho facilidade sobre escrever-sobre-um-amor-que-me-deixou. E você me deixou. Você me mandou embora. Você não me quis mais por perto, menininho. Não imagina o quão difícil isso é para mim. É difícil assimilar a idéia que dia após dia me tornarei seu passado. É difícil ver outra menina te fazendo feliz. É difícil seguir minha vida em paz. Não consigo estar em paz.   Você quis que eu fosse embora e eu fui. Fui embora com o coração na mão e querendo voltar. Fui embora sim, e continuarei indo embora cada vez mais até que um dia, tudo isso acabe de vez. Continuarei indo embora até que meu coração pare de vez, ou até mesmo quando minha voz não falará no outro lado do telefone. Tudo bem, tudo isso pode ser meloso demais. Mas escrever sobre você foi a única forma que encontrei para que pudesse se tornar algo vivo dentro de mim, já que tudo anda muito morto por aqui.



Ps: Tenho tido momentos ruins, por isso, não ando escrevendo muito.

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