15 de set. de 2011

Não vai voltar



Você nunca mais apareceu e não vai aparecer mais. Simplesmente sumiu, casou, arrumou outra mulher. Você nunca mais vai me ligar, já não possui meu número, meu endereço ou até mesmo algum contato que possa existir. Eu sei que caso isso aconteça, caso você descubra novamente meu número e queira me ligar, já não vou nem ao menos ter coragem para dizer alô. Eu não vou ficar mais triste por você ter ido embora para sempre. Eu não vou ficar mais triste por você ter uma menina tão igual a mim. Eu não vou ficar mais triste quando chegar mensagem no meu celular e ainda assim, não é a sua mensagem. Eu não vou mais ficar triste por você ter ido embora de vez. Não vou mais me desesperar quando sumir do nada e aparecer mais do nada ainda. Não vou ficar mais triste ainda quando alguém pedir para ver seu facebook. Não vou ficar triste, não vou ficar nada, eu só quero ir embora.
Meu momento de sanidade é grandioso e me faz ver tudo aquilo que evitei. Sem dor ou choro algum, desapego dia após dia de tudo aquilo que me fez sonhar. Já não olho para o meu celular, aflita, já não bisbilhoto meu facebook todo o tempo para ver se há alguma publicação sua, já não quero te encontrar. Não quero te encontrar, muito menos conversar. É muita mágoa acumulada entre os textos, é muita mágoa que só agora, depois de dez meses venho assumir. Essa mesma mágoa que não me deixa seguir em frente é a que me arrasta para o futuro sem ao menos perguntar se quero realmente ir embora. É muita mágoa, muito drama e pouca saudade. Saudade já não existe, saudade é aquilo que inventei para que eu pudesse sentir dor sem que ninguém me perguntasse o que eu tinha. Inventei toda essa grandiosidade para que eu pudesse sentir todas as minhas dores sem dar explicação alguma.
Mas aí você não vai mais voltar e eu não vou mais mover o mundo para que eu possa te encontrar. Eu não vou mais mover o mundo para que eu possa me sentir feliz ou em paz, não vou mover o mundo para que você possa ver o que eu fiz por você durante esse tempo todo. Eu só quero ir embora. Eu só quero acabar de vez com isso que acaba comigo. Tudo isso me faz crer que é uma morte lenta e forçada, não há nada natural nisso. Não há mais drama ou melosidade, não há mais missão impossível, nem algo tão grandioso assim. Você é apenas um menino que passou na minha vida e eu quis escrever sobre isso, quis desabrochar o que tenho de melhor, que é dramatizar sem ao menos perceber. Você é apenas um menino que eu torço para que cresça e aprenda que dores se vão, e as cicatrizes ficam.
É exatamente isso. Você já não mais sente dor olhando sua cicatriz. Eu já não mais sinto dor alguma olhando minha cicatriz, mas me lembro de quanto ela me doeu, um dia. Um dia não tão distante desse disse. Lembro das dores e dos remédios que pensam em tomar para que a dor sumisse de vez. Mas aí, vejo que tudo isso é banalidade. E que essa não é a dor mais terrível que tive que agüentar em toda minha vida. Por mais que eu gostasse de você ou gostasse de sua companhia, não tive escolha, precisava te deixar viver e precisava deixar-me viver.
A gente nunca se despediu, apenas seguimos, cortamos o contato ou qualquer sentimento de modo bruto e estreito. Não nos despedimos, apenas deixamos viver. Apenas nos libertamos daquilo que um dia soltaram os nossos sorrisos. Apenas deixei aquilo que um dia me fez sorrir e que hoje já não há alguma graça. Apenas deixamos aquilo projetado para nos tornamos o que realmente somos, sem medo ou preocupação. Eu aceitei. Você não vai voltar, telefonar ou qualquer possa mostrar uma aproximação. Você não vai voltar e eu também não. Quero que seja feliz, de verdade. Quero que se lembre do que você realmente é, quero se recorde do jeito que te vi. Escreva sua nova história e acredite nela até o fim. E eu escreverei a minha, quem sabe, um dia possamos nos reencontrar. Mas talvez não, continue escrevendo, sonhando e fazendo alguém feliz. Você não vai voltar, eu também não. Então, fica combinado, um dia eu te conto tudo que eu fiz para você.  De tudo só sobrou a mágoa. Mágoa acumulada, mágoa guardada e infiltrada. Mágoa apenas de saber que você evitou. Mas eu aceito. Você não vai voltar e eu continuarei sendo feliz sem você.  

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