12 de set. de 2011

Dezoito


Doze de setembro estava eu lá nascendo, nascia o grande escritor Caio Fernando Abreu também, e até o mesmo o presidente Juscelino Kubistschek. Virgiana, teimosa, e com uma loucura misturada em desespero. Meus dezoito anos são esses. Não sei o que eu espero dessa minha nova fase. Talvez um amor novo, ou mais paciência para lutar por aquilo que eu sempre quis. Na verdade, não tenho mais paciência para ficar sofrendo. Não tenho mais paciência para confrontar com pessoas e até mesmo dar a volta por cima. Não tenho mais paciência para amar alguém que nunca me amou de verdade. Não tenho mais paciência para tentar ser amiga apenas por comodidade. Mulheres entram na crise dos quarenta e hoje, eu entro na crise dos dezoito. Como é ter dezoito? É poder entrar em um motel, comprar bebidas e cigarro? É ser divertida e mandar todo mundo para o inferno sem se importar? Como é ter dezoito anos? Se eu pudesse encontrar com a Layla de quinze anos, hoje eu daria só um conselho. Se eu pudesse encontrar com a Layla que tinha de quinze anos, eu a mandaria nunca ter medo de ser quem realmente é. Mandaria não ter medo de enfrentar a vida e nem medo de se enfrentar. Mandaria desconfiar das boas intenções e das péssimas. Mandaria não acreditar e não evitar o amor, mesmo que isso fosse tão difícil para mim na época. Se eu pudesse voltar ao passado, eu não voltaria, talvez voltaria só para reviver momentos, mas não para concertar erros. Talvez, se eu pulasse as etapas que tanto sofri hoje não seria o que sou. E o principal, mandaria se acalmar, porque futuramente tudo daria certo
Eu não espero que o amor da vida apareça, não espero que me torne uma pessoa melhor e nem que os meus defeitos sejam perdoados. Eu não espero que nos dezoito anos, as fadas apareçam e me mandem fazer um pedido. Eu só espero ter a força que preciso para lutar. Espero poder lutar e jamais desacreditar daquilo que sempre quis. Espero encontrar pessoas de boas intenções, e que eu consiga ignorar e desviar das más. Se minha mãe esperasse até os nove meses, hoje eu não estaria aqui. Nasci frágil, com pouca expectativa. Mas aí eu vejo que sou forte desde sempre, e que eu conseguirei sair de uma forma ou outra das situações que criarei ao longo da minha vida.  Acenei para desconhecidos, sorri para os apaixonados, escrevi textos sem nexos, fotografei lugares e deixei que eles pudessem me fotografar. Sorri para aqueles que jamais tocarei novamente, fiz piadinhas de mal gosto, enfrentei tudo na base do grito. Aos dezoito, eu quero crescer. Quero parar de sofrer por coisinhas tão miudinhas e que não me afetam muito. Aos dezoito quero conquistar o que nunca conquistei. Quero enfrentar novas situações, e jamais me esquecer das velhas. Eu sei que não quero voltar atrás. Eu sei que no fundo, quero lutar pelo meu futuro. Quero a faculdade, quero filhos, quero uma casa no Guarujá – já que eu sou apaixonada por lá -
Olho para o espelho e vejo aquela menina de seis anos com um machucado no queixo e com o cabelo amarrado.  Logo depois, me vejo aos oito anos, em Santo André, dentro de uma cabine de fotos no shopping, tirando uma foto ao estilo do Velho Oeste com o meu padrinho, e nós dois estávamos felizes. Com o avanço, me vejo aos dez, chorando, porque eu havia perdido a pessoa que mudou todo o meu destino. Aos onze, perco minha avó que sempre me criou e eu senti como se eu perdesse a minha mãe. Aos doze, me olho no espelho, vejo que meus seios desenvolveram e que meu corpo estava mudando. Meu Deus! Eu estava tão feliz por estar virando uma adolescente!  Aos quinze, me apaixono por um menino que me faz escrever dia após dia, numa morte lenta. E aqui estou, com dezoito tentando lutar por algo impossível, tentando lutar com minhas memórias sombrias e destorcidas. Não sou de acumular amizades, mudo de colégio em cada ano e assim, me desapego sem ao menos dar conta. Por mais que eu fico odiando a solidão em toda minha existência, eu não escapo dela.
Passei por coisas que jamais pensei que iria passar. Perdi tantas pessoas, a morte me rondou em todas elas. Sou acostumada com o adeus, mas também peço para que a pessoa fique, já que eu sou apegada. Sou virginiana, intensa. Posso ter feito muita besteira por aí, posso ter magoado muitas pessoas e nem me dei conta disso, mas quero que saibam que nada foi proposital. Por todas as vezes que magoei alguém, quero que saibam que pensei no bem da pessoa primeiro, por mais errado que fosse. Se eu pudesse voltar atrás, eu não voltaria. Esse é o meu presente . Aceito o que a vida quer. E jamais vou me deixar levar por corações e almas levianas. Jamais vou me deixar levar pelas más intenções que tanto me rondam. Vou agir do jeito que sempre achei certo. Talvez, hoje, é a morte da antiga Layla. Talvez agora renasça outra, melhor e bem resolvida. Porque é isso, chegou à hora de crescer e encarar tudo como sempre encarei. Não abandonarei aquilo que achar verdadeiro. Não peço mais que força.
Como diria Caio Fernando Abreu "Dai-me fé, Dai-me Força, Dai-me Luz"

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