26 de set. de 2011

Insônia





Eu acordo assustada sentindo algo atolado no meu peito. Me mexo na cama, como se eu estivesse procurando algum lugarzinho adequado na cama. Vou pra lá, volto. Volto, vou pra lá. Levanto, procuro meu celular e fico estática olhando para ele um bom tempo. Você não vai mais me ligar, você não vai mais aparecer, você sumiu, está sendo feliz e está fazendo todo mundo feliz. Eca. Odeio quando esse choque de realidade aperta contra meu peito e me faz repetir tudo que eu já sei. Olho para o meu celular novamente e me lembro de tudo, absolutamente tudo. Mas ainda assim, não há mais tanta coisa para se lembrar. O tempo vai apagando aos poucos tudo que existiu. Tem coisa que é melhor nem contar, muito menos assumir para si mesmo. O fato de você ter ido embora me fez descobrir e redescobrir coisas que eu jamais pensaria, me fez voltar para lugares e braços que jurei que nunca mais voltaria.
Acordo e fico andando pela casa como uma sonâmbula. Eu não quero voltar a dormir, eu não quero pensar em você antes de dormir, não quero nem ao menos desejar ser sua antes de dormir. Eu não quero nada. Quero apagar as lembranças. E eu consegui apagar seu número da minha agenda, e fiquei tão orgulhosa. Agora eu sei que você nem ao menos vai dizer que quer voltar. Eu sei também que você não se lembra mais do que fui para você. O tempo se passou, lembra? E é a razão batendo a minha porta de novo. É a razão mandando eu parar de controlar minha vida desse jeito tão bruto. Mas eu prefiro escrever do que viver realmente. E eu desisto sempre de dar a volta por cima. Eu não consigo dar a volta por cima. Sempre volto. Essa é a verdade. Eu sempre volto.
Que inferno, eu queria dormir. Que inferno, essa insônia não me deixa. Mas é muito além do que insônia. É saudade, desespero e gotículas de amor entre os vazios deixados por nós. Não fomos o que esperávamos, não chegamos a ser nem o que foi combinado. Não fomos nada. Fomos apenas desconhecidos e inconseqüentes que se uniram e depois separaram. Ah, normal. Isso acontece né? É, acontece. Acontece sempre. Toda hora. Todo minuto. Mas comigo sempre na maior intensidade. Eu sou intensa, nunca neguei. Mas é só insônia. Volto para o meu quarto querendo me matar porque eu não poderia ter pensado em você. Eu tinha prometido que jamais iria deixar a loucura voltar. Tinha até mesmo falado para todo mundo ouvir que eu já não te amava mais. Engano meu. Eu te amo muito, absurdamente, retardamente, idiotamente. Mas eu sei que quando eu voltar a dormir, eu não vou te amar mais. Eu só te amo quando acordo desesperada nas madrugadas. Eu só te amo quando penso que te amo mais que tudo. Mas não é nada disso. Eu não te amo mais, não como antes, não igual antigamente. Talvez é apenas um carinho inflamado que vivo confundido com amor, mas amor mesmo, não. Eu não te amo. E agora você pode ficar feliz com isso. Não era isso que você queria? Ah, eu sei que era. Você queria me tratar mal para te esquecer. Pronto, pode voltar a ser o que era. Eu não te amo mais, não não, nunca mais. As dores mais sentidas não vão se apagar com o vento. Nem com os textos que escrevi.
Mas aí o dia está amanhecendo e eu resolvo não dormir mais. Resolvo pensar em outras coisas. Não quero ficar louca. Não quero te amar nessa noite. Resolvo conversar com que nunca havia conversado. Resolvo fuçar nas páginas da internet de todos os meninos que já gostei, e puxa, como eles estão felizes.  Mas eu ainda sinto algo atolado dentro do meu peito. Essa saudade que passa nunca. Esse amor unilateral que nunca acaba. Que inferno. Eu quero me livrar disso, juro que quero. Mas não consigo. Não consigo não me importar. Não consigo não fingir que não amo, não gosto, não quero voltar. Relembro de tudo mas não sei enfrentaria tudo que enfrentei por nada. Talvez, se eu pudesse voltar ao passado tudo poderia ter sido diferente.  Talvez sim, talvez tudo poderia ser diferente. Mas não foi, fim do drama.
Eu quis deitar no seu peito antes de dormir para sempre. Eu quis ser sua durante o inverno. Quis ser tua insônia como inúmeras vezes você foi a minha. Eu queria. Queria mesmo superar. Quem sabe um dia eu realmente consiga. Ainda te manterei em segredo, para que nenhum mal lhe aconteça.  Mas eu vou me acostumar, vou sim. Vou sorrir sem me lembrar. Sem deixar me abalar por quaisquer lembranças. A esperança morre inúmeras vezes,  e eu me vi morrendo pouco a pouco. Me vi morrendo e ressuscitado inúmeras vezes.  Mas aí volto para cama, quentinha e quietinha. Volto para cama e fico olhando a parede branca. E durmo com facilidade. Durmo e eu sei que lá eu posso sonhar sem dar explicação. Sei que lá posso te encontrar quando for, e sei que lá você sempre volta. Nos meus sonhos é mais fácil, mas são só sonhos. E eu deixo você partir, deixo. Um dia você volta. Eu também volto.  Um dia você chega. E eu vou, vou para longe, vou para onde as insônias não existam, onde os amores duram. Onde finalmente vou poder me libertar.  E aí vou ser plenamente feliz. Sem desespero, sem choro, sem você. 

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