25 de jul. de 2014

O adeus das coisas





Não costumo criar laços, e aí tatuei um laço para lembrar que isso é realmente necessário. Não gosto, e não me sinto bem em ficar criando expectativa, esperança em cima das coisas, então, logo me adaptei ao pessimismo, e sempre acredito apenas no que eu sinto, no que eu vejo e no que escrevo. Por mais que, a pessoa diga inúmeras vezes o quanto ela gosta de mim, o quanto me quer por perto, o quanto sou uma mulher incrível, saiba que estou desconfiando do início ao fim, e que estou juntando atitudes, palavras e feições para que tudo se encaixe nas minhas teorias de conspiração.

Não gosto de me despedir, e eu não estava acostumada com isso. Na verdade, as pessoas sempre se despediram de mim pela forma da morte mesmo. Quando vi minha avó pela última vez, prometi que iria voltar a tarde para visitá-la no hospital, e não voltei. Lembro que me deu um faniquito interior, e não disse adeus. Lembro também quando vi meu padrinho pela última vez, mas não foi uma memória tão viva, a imagem que não irá se apagar nunca é quando ele me deu um adeus lá da varanda do seu prédio, e eu chorava loucamente dentro do carro do meu padrasto. Não sei dizer adeus. Não sei criar laços. E eu tenho sérios problemas com isso.

Sou ótima em começar as coisas. Ótima em descobrir cosméticos, truques para cabelos, truques para a pele, marcas de roupa. Sou ótima em me apaixonar por desconhecidos umas cinco vezes ao mês. Sou ótima em começar a história e péssima para colocar pontos finais. Sou ótima em enrolar as pessoas, e me boicotar. Sou ótima em dar perdidos, e desculpas. Sou ótima em tantas coisas, e sou péssima em dizer adeus.

Quando disse adeus pela primeira vez, foi numa rodoviária. Eu disse tchau pro meu pai e entrei no ônibus. Era a primeira vez que eu havia viajado sozinha, e eu quis chorar. Juro que quis chorar mas não sei o motivo. Vai ver que acho tão bonito gente chorando nas despedidas, e resolvi chorar. Vai que era TPM, saudade, medo, desconsolo. Era um misto de sentimentos que não consigo numerar.

Disse adeus ao primeiro cara que gostei verdadeiramente na vida. Eu o amava e muito. Eu o queria por perto e muito. Mas preferi viver minha mentira do que abraçar a minha verdade tão exposta e que estava na minha frente todo o fim de semana. Chorei por meses, mas não foi por arrependimento. Chorei por meses porque realmente estava apaixonada e eu não sabia lidar com isso. Mas conforme a minha vida, eu parei de chorar e segui minha vida, porque não tinha mais nada pra fazer.

Quando eu saia da casa de outro cara que eu tive um caso, eu não dizia adeus. Eu apenas saía por aquele portãozinho e não tinha nem coragem de olhar para trás. Porque eu sabia que se olhasse, eu iria querer voltar. Eu sabia que se eu olhasse, eu iria realmente querer voltar atrás, e me boicotar novamente. Sabia também que, era melhor assim, então, graças ao segundo homem que me envolvi, eu aprendi a dizer adeus.
Isso soa meio patético, e parecido com alguma música sertaneja. Isso soa tão patético, que é melhor dizer que tudo era até logo, querido. 

Terminei relações sem ao menos me dar conta que era um adeus. Não comecei relações por medo de chegar no adeus. Dizer adeus me apavora porque nunca sei o outro dia. E eu, impulsiva e composta de urgências, quero ter resposta para tudo. O adeus. Aquele tchauzinho frio de longe. Aquele sentimentozinho tão triste. É como se fosse a morte, só que ao contrário disso, a pessoa está lá, vivendo e sendo incrível, e você aí, do outro lado, também querendo viver, e também querendo ser incrível.

Porque eu tenho medo de dar adeus e nunca mais ser sua. Tenho medo de seguir em frente sem ao menos saber que vou poder voltar correndo e dizer que tudo isso é engano. Tenho medo que outro cara possa me ver tão nua e crua. Tão despedaçada e tão desconfigurada. Tenho tanto medo de dar adeus, e por isso, te encaixo ao meu mundo mesmo que você não queira ficar.

 O incrível the end. O assustador ponto final. E o que virá depois? Olha, não sei te informar, só apenas te encorajo a ir. Por mais que doa, por mais que seja assustador, vá junto. Diga adeus ou não diga nada.


 Adeus você - Los Hermanos 

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