29 de nov. de 2014

Louquinha




Está chovendo e eu quero morrer. Simples. Não é paranoia, e sim, é só drama. Mas eu quero morrer. Não quero morrer porque estou triste com a morte do Bolaños, e nem porque estou de férias, mas eu quero morrer porque está chovendo. E eu fico deprimida quando chove. Talvez, eu quero morrer de tanto me entupir de chocolates. Ou talvez, quero morrer porque a tal louca interior que reside em mim simplesmente resolveu dar as caras de novo. Putz, aí a história é feia.

Nem sinto vontade de morrer todos os dias. Às vezes, eu sobrevivo semanas sem entrar em crise, mas não é daquelas crises que eu tenho quando fico completamente apaixonada - O último que me apaixonei era um agroboy dos seus vinte anos, que vivia dizendo que eu era a sua menina, ou a sua bêbada (ele realmente disse isso, e eu inventei esse "sua menina" só para poder me enganar) preferida, e cá entre nós, até pensei que a gente poderia ter dado certo, se não fosse o fato da gente ter se beijado enquanto ele ainda namorava, e eu não sabendo lidar com tudo aquilo, transferi de curso e resolvi assumir toda podridão humana que me envolvi. É, nós vamos transar mas não sei nem quando, e nem onde -

Essas minhas crises sem pé, e nem cabeça, só servem para me aproximar daquela louca que mora dentro de mim. Aquela louquinha intensa que morre de medo de vaca, e de envelhecer. Aquela louquinha intensa que resolve dar infinitas chances para a mesma pessoa mesmo sabendo que não é certo. Aquela louca intensa que adora sua bunda, e suas costas. Aquela louca intensa que adoraria ter filhos com você, mas que ao mesmo tempo quer jogar todas as crianças chatas do mundo dentro de um forno. Essa outra que mora dentro de mim vive me acalmando, e dando conselhos vulgares. Essa é aquela que me fez apaixonar por um cara que me vulgarizou o que eu sentia, e eu tão sensata, adorei tudo aquilo. Acho que não conseguiria viver sem meu outro eu, e sem minhas crises de querer morrer todas às vezes que o tempo fica nublado.

Essa insana que mora aqui dentro me faz retornar ligações, e evitar sentimentos. Me faz querer ter casos com homens escrotos e que vivem dizendo o quanto adoram meu olhar desatento e a minha boca. Ela adora surtar e causar o drama. Ela adora o ego e a vaidade. E talvez, tudo isso acontece porque minha Vênus está em Leão. Mas o problema é que essa louca que mora aqui dentro se apaixona também, e sou eu quem paga o pato. Sou eu que não durmo, e choro. Sou eu que acorda chorando, e tem noites de insônia. Sou eu que escuto Asleep - The Smiths e penso em morrer soterrada. Sou eu que também me apaixono. Sou eu que também quero arrastar a cara do menino no asfalto todas às vezes.

Já passei dos quinze anos há tempos, e tudo que eu queria era parar de culpar os outros por eu ser assim, tão cheia desse outro eu. Eu só queria entender o porque desse ego inflamado, e dessa saudadezinha que me invade quando penso no que poderia ter sido mas que não foi. Comecei escrevendo esse texto e eu já nem quero mais morrer. Talvez, eu nem queira mais nada. Talvez, eu queria ouvir Hurt - Johnny Cash e chorar na posição fetal, ou então sair por aí dizendo coisas do tipo "Putz, não te superei, caí na vida, e aí? Volta?" mas tudo isso é vontade de ser quem eu sou, e sem máscaras. Porque cada um sabe a dor e a delícia de ter essa louca intensa dentro de si. Cada um sabe a falta que o outro faz, e era só isso que eu precisava escrever.

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