8 de jun. de 2014

Outra face




Depois de quase dois anos, nós temos amigos em comum. Esses amigos leves, sabe? Aqueles que me abraçam e tentam me beijar. Aqueles que me elogiam. Aqueles que me chamam pra beber. Aqueles que dizem que sou a pessoa mais engraçada e louca que eles conhecem. Finalmente, temos amigos em comum. Finalmente, tua verdade foi exposta no meu mundo de uma forma peculiar e engraçada. Porque de patética já basta eu.

Soube que você ilude as meninas, e que promete mil coisas. Soube também que você é fácil, e beija qualquer uma. E finalmente, não me sinto tão culpada por te ver beijando todas as noites uma, duas, três meninas. E fica tão mais claro analisar o fato que fui sempre tão leve, e que nunca te pedi mais do que a tua sinceridade. Nunca quis mais do que saber sobre você, e sua vida. Nunca quis mais do que estava do teu alcance, e da mesma forma, nunca te dei muito além do que não poderia. Soube então, que você é desses, daquele tipo insuportável que sinto nojo e que não gosto. Talvez, se a gente se conhecesse uma noite qualquer, certamente tomaria raiva em menos de dez segundos, mas a bonita aqui gosta de deixar tudo com cara de drama interrompido.

É outra face em que não estou disposta a conhecer, nem entender, muito menos ouvir. É outra face que me causa arrepios de medo, de insônia, de frio excessivo. Não é aquele arrepio que me deixava inteira louca, é só aquele arrepio de aversão. É aquela face em que me mostra que fiz certo em ir embora de vez do teu mundo sem ao menos te dizer adeus. Porque logicamente, você não merece o meu adeus, e nem meu tchauzinho de longe. E eu não faço questão alguma de escrever textos fofinhos, que expressem qualquer coisa nova que poderia surgir, porque sei que a vida é essa roda gigante sem nexo mas que todo mundo insiste, desiste, insiste de novo, e desiste pela última vez.

Teu peito já não é mais meu travesseiro preferido, como de fato, nunca chegou a ser realmente. Tua voz não é mais gostosa de ouvir. Já não gosto mais da sua mão sobre meu pescoço tirando o meu cabelo e tocando nas minhas tatuagens. Meu corpo não se encaixa mais no seu. Teu sorriso já não tem mais graça. Tuas promessas são de outras, e eu fico grata por saber que nunca me fez alguma promessa. Fico grata por finalmente entender que o problema não sou eu mesmo. E que mesmo que fosse, fiz o meu papel de menina apaixonada, e que hoje não tem mais graça alguma. Na verdade, não sei realmente se teve alguma graça nisso.

A tua outra face é feia e foi exposta  na minha vida. Tua outra face, teu outro jeito, teu outro olhar não são mais aqueles que um dia, eu fui apaixonada. Por que as pessoas mudam tanto, Deus? Por que nada pode ficar para sempre? Mas sabe de uma coisa? Ainda bem que tudo acaba, e que as pessoas mudam. Ainda bem que tudo passa. Ainda bem. 


"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo." (Caio Fernando Abreu)

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