14 de jun. de 2014

Eu não sou insensível, tá?






Passei muito tempo cultivando a teoria de que não preciso de ninguém. Cultivei durante dois anos que sou fria o suficiente. Cultivei e ela cresceu. Agora é difícil alguém me prender. É difícil olhar para as opções com entusiasmos. Só sinto tédio enorme para escolher quem seria o eleito. Até porque sou controladora. Tudo tem que sair conforme o que eu quero, se não sair, eu deixo para lá. Eu não sei lidar quando alguém diz que está apaixonado por mim. Tudo que mais quero é sair correndo e dizer que isso é errado. Eu não sou uma pessoa apaixonável, minha vida é complicada e aposto que você não quer carregar meus anjos e demônios.

 Daí eu tenho que lidar com as verdades dos meus amigos que nunca são as minhas verdades. Layla, você não se envolve. Layla, para de iludir. Layla, faça isso. Layla, faz aquilo outro. Layla, Layla. Fica até repetitivo ouvir as mesmas coisas durante tanto tempo. Eu não quero ser robótica, programada e fria. Quero arder e gritar de paixão, e de orgasmos. Quero entrar na sua vida, seu jogo, sua memória. Quero ser nada mais, quero ser tudo. Só que apenas tenho que lidar com algo que não sei muito bem. Apenas tenho que aprender a lidar com a felicidade e deixar de lado um pouquinho o drama.

Fujo de relacionamentos e isso não é estranho para ninguém. Fujo mesmo, sem dó ou piedade. Mas ainda assim, sou uma menina. Sou a mesma menina que sonha, suspira, e escreve e apaga por medo da resposta. Sou a mesma menina insegura. Aquela mesma menina que se boicota mas que ainda assim, suspira. Nossa Layla, você não é legal com ninguém. Meu amor, eu não sou legal nem comigo. Mas eu sei, tento mudar, tento até mesmo manter contato com aqueles que se julgam apaixonados, mas a única coisa que consigo é fugir. Eu fujo porque é legal, porque é divertido. Eu fujo do amor, mas ele me ronda e eu acabo achando que estou apaixonada. Aí o bicho pega.

Preciso deixar tudo feio para que o amor não me vença. Preciso deixar tudo incrivelmente triste para que me sinta triste novamente. Preciso ficar mal humorada para não suspirar e nem escrever apaixonada. Eu não sei escrever textos quando estou apaixonada. Não sei escrever textos sobre como é bom amar. Só sei o que é a dor. Só sei lidar com ela. Não sei lidar com o amor, nem com os suspiros, e nem com ele. Ah é, ele. Ele é que me deixa suspirando, mas aí tenho que me endurecer e nada de sorrisos, nada de meiguice. Nada de fazer joguinhos. Apenas é a verdade que talvez seja uma ótima candidata a passar o resto da minha vida fugindo desse sentimento.

Daí eu vejo filme de comédia e eu só consigo sentir dó da personagem que só foge do amor e que no final, ela o encontra. Mas eu sei que isso não vai acontecer comigo. Vou fugir e eu não vou encontrar ninguém. Só vou me encontrar ou me perder para sempre.

Até que ponto se tornar suficientemente amorosa se torna triste? Quando pode fugir dessa insensibilidade que criei? Ninguém suspeita mas sou sensível. Sou tão sensível que me acho até idiota para assumir isso. Choro assistindo filme e com histórias de amor. Choro em despedidas e até mesmo casamentos. E o mais inacreditável é que consigo até mesmo pensar em casamento. E eu que nunca fui muito adepta a essa ideia.  Uma menina se torna insensível quando?  Não me apego. Não tanto como deveria. Não sou fã de promessas. Não acredito em nenhuma delas. Mas ele sabe disso. Ele sabe e ri. E aí só me dá mais motivos para querer ficar mas ao mesmo tempo só consigo pensar em como terminará.

Quando me pego apaixonada por alguém e resolvo contar essa pequena novidade aos meus amigos, eles não me pedem para ir com calma, eles me mandam ir rápido. Layla, vê se não foge viu? Tá bom, eu não vou fugir  - digo. Mas a única coisa que involuntariamente faço é fugir do ciclano. Fujo porque o beijo é bom. Fujo porque o abraço é protetor. Fujo porque sou assim, fugitiva e livre.  Sempre estou pronta para o fim e para o começo. Vivo terminando comigo, e com outros. Vivo começando e ao mesmo tempo desistindo. Vivo nessa ciranda de sentimentos que me movem e comovem o mundo.

Eles só precisam saber que não sou tão insensível. Eles só precisam acreditar que ainda sinto e sinto muito. Você sabe não é? Você sabe tão bem quanto eu, que sou uma menina que ainda, lá no fundo, ainda crê em príncipes e sonhos, não é? Eu sei, homem perfeito não existe. Mas me deixa imaginar. Me deixa aqui quietinha. Foram anos cultivando esse lado que nem sei se existe ou se existiu somente dentro dessa minha cabecinha oca de inventar. Sou terrível, mandona e teimosa.

Sou a insensatez em pessoa. Mas nunca, nunquinha, deixei de sentir. Eu sinto, sinto tanto que tudo isso me comove. Me comovo com a chuva que cai, com a história de amor do outro, da minha vida com o outro. Me comovo com as cantadas que ele recebe, e com os meninos que só conseguem pensar isso de mim. Vejo essas meninas no facebook Eu fugi desse menino igual diabo da cruz. Mas agora ele sabe. Sabe que todas às vezes que fui chata era porque não queria passar o resto do dia suspirando, chorando ou implorando.

Amor, você não me entende. Eu não te entendo. E não quero te entender mais. Não faço questão, e não é questão de fugir, é que realmente não faço mais tanta questãozinha assim de tentar entender, e amar.

Ele sabe que eu fugi porque estou tão envolvida que nem sei mais como começar algo sobre a dor. Fugi porque não queria que ele conhecesse meu lado de menina. Queria que ele continuasse com a ideia que sou realmente insensível. Mas não consegui. Estava tão envolvida que a única coisa que realmente queria era fugir para a casa dele. E tudo bem, e como diria Clarice Lispector: "Escuta: Eu te deixo ser, deixa-me ser então..."

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