23 de nov. de 2013

Gastrite




Chove pouco. Esfria muito.
O tempo muda. O relógio canta.
Você não vem. Eu sei disso.
Elas me avisaram. Meu destino me avisou.
O sexto sentido me alertou. Você não vem mais.
Não há porque esperar e nem desesperar.
O telefone não irá tocar. O sofrimento não vai amenizar.

Minha mão sangra. Dei muito soco em ponta de faca.
Não desisti nenhum momento.
Vi o sangue escorrendo e me marcando.
Vi o teu sangue misturando com o meu.
Vi teu sorriso misturado com o meu.
E o teu corpo junto ao meu.

Não senti saudade. Só gastrite.
Meu estômago doía. Doía dentro. Doía fora.
Doía.
E sangrava lentamente.
E cansava misteriosamente.
Cadê aquele homem que eu havia me apaixonado?
Cadê aquele homem que eu tanto gostava?

Cadê?
Não. Você não é ele.
O outro também não.

Te vi andando na minha frente. Passos largos.
E eu só conseguia pensar:
Você fodeu tudo.
Você fodeu minha vida.
Você fodeu de todas as formas que alguém poderia foder.
Você fodeu o que poderia haver.
Você fodeu. Fodeu.

Eles não são você. E Isso me pesa.
Meu estômago dói.
O recomeço está aí clamando por escolhas.
E eu estou tentando me sentir culpada mas não consigo.
Culpada. Insensata. E insatisfeita.
Não há o que mais dizer sobre.
Não há o que mais sentir.
Não há motivo algum para continuar.

Elas são melhores.
Elas são apenas aquilo.
Eu sou apenas aqui. Lá. Do outro lado.
Eu estou aqui.
Vou ficando, ficando, ficando.
Ficando.
Ficando.
Ficando.

Até um dia aparecer outro. O outro.
Mesmo que não há O outro.
Mesmo que não há outro dia ou outro sonho.
Mesmo que há nada. Nem ninguém.
Nem nada. Nem você.
Nem elas que você prefere.

Só quero aprender a esquecer.
Esquecer você.
Esquecer suas pintas.
Esquecer suas histórias.
Esquecer o vazio.
Esquecer a gastrite.




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