18 de out. de 2013

Não é mais uma história de amor




Não é uma história de amor, nunca foi. Não é uma história sobre um casal bonitinho de filme americano. Não é sobre uma história de um casal que irá se reencontrar no futuro. Não é mais uma história de amor, e sim, de terror. De vazio. De sombras. De silêncio. De saudade exorbitante e cínica. De saudade. Só saudade.
Olhei para o teto do meu quarto e me joguei na cama. Pedi uma luz divina qualquer. Se ele gosta de mim, Deus, me dê uma luz, não precisa ser uma claridade enorme, eu aceito apenas uma pontinha só. E pela ironia do destino, depois de muito tempo de revolta com a minha fé, eu estava pedindo algo para Deus. Não houve luz alguma até porque todas as luzes e as escuridões possíveis já tinham aparecido e desaparecido. Vai Deus, me dê um sinal. Mas não houve sinal alguma. Nenhuma SMS, nenhum aviso no facebook, nenhum aviso celestial, nada, nadinha. E dessa vez, me dei por vencida. Recolhi minhas peças e fui embora dessa história mesmo sabendo que nunca vou embora realmente.
Queria muito dizer o quanto fiquei triste o quanto me deu vontade de chorar, mas primeiro, eu gostaria de agradecer. Graças a você, eu voltei para a vida. Graças a você, conheci pessoas legais, homens interessantes, mulheres chatinhas e estranhas, mas ainda assim, era tudo que eu precisava naquele momento. Graças a você, tentei ser mais bonita, mais bem resolvida, mais mulher e menos menina indefesa do mundo. Graças a você, eu sorri de novo. Conheci outros perfumes, outras rotinas, outras vidas. Graças a você, eu aprendi a separar sexo do amor. A entender as pessoas. A ler mais coisas. A compreender mais a vida e a questionar mais as boas intenções das pessoas. Graças a você, eu quis ser melhor para você, para mim, para o mundo. Graças a você, eu voltei a escrever e isso é tão legal. Graças a você, eu tomei impulso e resolvi que está passando a hora de ir embora daqui. Obrigada, campeão. Lembro quando te vi pela primeira vez e senti todo o peso do mundo no meu estômago. Era uma mistura de medo e libertação. Era como se o mundo estivesse me libertando para ser outra pessoa e eu me sentia tão impura e tão imortal. Lembro que senti minha gastrite atacar e eu quis desaparecer nos teus braços, e quis aparecer no teu mundo. Tudo era muito maior do que eu imaginava, e do que eu esperava. Tudo era bem melhor do que eu pensava então, pronto. Vida, estamos de volta, querida!
Coitada. Coitada de mim e da vida, isso sim.
Você me chamou uma ou duas vezes de amor mas eu fingi que não ouvi. Nosso ego é muito maior que a nossa vontade de sermos de verdade, e eu não sei se você sabe disso. Nosso ego é maior que qualquer sentimento que eu pudesse sentir. O teu ego é muito maior que o meu complexo de inferioridade e das minhas crises existenciais. A pessoa que conhecia cada parte do meu corpo é a mesma que me ignorava nas festas. A pessoa que sabia cada pinta do meu corpo é aquela que passava com a outra menina e do meu lado (e como se não bastasse, ainda pisava no meu sapato novo). A pessoa que sabia que eu não era tão grossa é a mesma que hoje, me fez escrever esse texto. É libertador saber que agora, posso seguir mais uma vez a minha vida sem muito o que reclamar. Mas eu não gosto de pensar que não vou mais me sentir tão livre e tão diferente de tudo aquilo. Lembro das poucas vezes que conversamos seriamente.
Você me disse palavras duras e eu apenas foquei o meu olhar para o vácuo e quis morrer ou chorar ou te dar um soco. Você me disse palavras tortuosas e eu apenas concordei porque não havia mais nada para dizer e nem para chorar. Lembro que me despedi dando lhe um beijo na bochecha e você me olhou com uma cara de que eu havia ficado louca de vez. Eu fui sua. Eu sempre fui sua nesse tempo e não há quem duvide disso. E não há que não concorde. Minha postura curvada e meus olhos distantes era para não atrair homens para perto e se algum chegasse a dizer algo, simplesmente, ignorava e seguia o meu percurso.
É difícil reconstruir uma vida agora. É difícil e trabalhoso apagar teus vestígios no meu mundo. É difícil, trabalhoso e tenho preguiça de reconstruir uma vida agora. Me dá uma dor no peito e algo ruim no meu estômago e eu sei que é por sua culpa, por culpa de suas merdas, por culpa da minha decisão. Antes que seja tarde demais, eu estou indo embora. Antes que seja tarde demais, estou me despedindo de você, do seu mundo tão vazio, e tão superficial. Antes que seja tarde demais, quero me ver livre de toda essa confusão que criei. Antes que seja tarde demais, quero desistir dessa relação, que somente eu, vi futuro. Antes que seja tarde demais, quero ir embora antes que você vá.
Por mais que seja difícil, por mais que eu queira desistir de tudo e dormir até o século que vem, continuo na batalha de te deletar do meu mundo. Mesmo que você seja um grande babaca, nunca se esqueça que você fez parte de mim e da minha vida. Mesmo que amanhã, você esteja com ela, e eu esteja chorando, não se esqueça que eu gostei infinitamente mesmo odiando essa ideia. Mesmo que amanhã tudo evapore, lembre-se que eu te quis, quis muito mas que fui vencida pelo cansaço. Depois de muito tempo batendo em uma porta que nunca quis abrir, eu coloco minha vontade para dormir, e volto para a minha vida, para a minha história, para o meu tempo.
Não é mais uma história de amor, e talvez, seja uma história de como recomeçar e esquecer.
Esquecer para libertar.
Esquecer para seguir.
Esquecer só para existir.

Tchau. 







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3 comentários:

  1. Sabe o que eu acho engraçado? Sou do Acre, e acesso o blog desde quando era 365 dias sem ele, e sempre adorei. Tem algum problema?

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    1. Eu não esperava que tinha alguma leitor (a) do Acre. E isso é engraçado ver a dimensão que tem meu blog (já que sou de Mg). Espero que você esteja gostando.

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    2. Sim, gostando desde sempre, parabéns pelo blog e por ter conseguido tornar isso tão imenso assim.

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