6 de set. de 2013

Disfarces



Queria escrever um texto bonitinho que me entregasse de uma vez por todas. Queria escrever alguma coisa que houvesse conexão para minha vida, para o meu sentimento. Queria muito poder dizer "Ahá, te peguei!", porém, não dá. Enfrentei meus medos e dei nomes a eles. Medos que possuem nome, telefone e endereço. Amores passageiros que possuem telefones, silêncios e toques arrepiantes. Mas nada disso, nada acaba sendo maior que a minha angústia dentro do meu peito. Desde pequena sou mestre em disfarces. Na época do colégio, chiclete era proibido e mesmo assim, eu comprava um saco e levava para dentro da sala de aula, e se a tia me perguntasse o que estava mastigando, simplesmente dizia "é borracha, tia!". Nenhum dos meus amigos riam porque sabiam que era chiclete, porém, minha professora me achou louca e me mandava jogar fora todas às vezes, dizendo que os bichinhos iriam comer meu estômago, até que num belo dia, eu falei que era chiclete e o disfarce acabou.
Me disfarcei de desconhecida fatal que pudesse ser descolada, fria e moderninha. Enfrentei esse personagem durante anos na minha vida, porém, eu sabia que era apenas um personagem. Não deixei ninguém saber e por isso, fiquei tão perdida durante bom tempo. Me disfarcei de moderninha vida louca para que eu pudesse ser sua nas noites, porém, cheguei em casa milhões de vezes pedindo perdão por me sentir tão sozinha, tão impura e tão cruel. Me disfarcei de qualquer coisa que eu pudesse ser sua, mas me cansei durante as entregas e devoluções, cansei das noites, cansei dos silêncios, cansei de tudo aquela confusão que havia criado. Não era só silêncio. Não era só toques. Era eu que estava lá. Era eu e o meu coração que estava lá fazendo tudo que uma doida faria, porém, nada disso foi o suficiente. Sou estregada emocionalmente e isso é apenas um fato da minha vida que todos precisam entender. Sou estragada emocionalmente com uma gastrite nervosa que acaba estragando qualquer disfarce de mulherzinha perigosa. Mas eu não sou mulherzinha e muito menos perigosa.
Continuo enfrentando coisas que nem sei mais o que são realmente. Continuo enfrentando silêncio, angústia e a minha vida. Minha vida teima em me mandar seguir em frente, porém, quero segurar no seu braço e chorar. Quero implorar para que você me impeça de seguir em frente. Quero implorar para que você não faça isso comigo. Eu não mereço, e eu não preciso. Quero implorar mais uma vez para que não acabe com tudo que eu sinto. Pela primeira vez, eu gostei de você, sendo que eu nunca gosto de nada tão real. Pela primeira vez, eu havia me apaixonado por alguém perto, por alguém que realmente pudesse saber que sim, era de verdade. Quero implorar mais uma vez, as escondidas, para que você não seja tão babaca, tão vazio e intolerável. E por último, quero te implorar para que não destrua esse carinho tão absurdo que eu sinto.
A vida segue lá fora. A vida implora uma solução e eu não quero solucionar nada. A vida pede para que eu vá seguir minha vida e eu quero voltar correndo para o meu passado. O mundo implora para fazer seu devido percurso e eu fico aqui, cruzando os braços e vivendo de disfarces e de silêncios.
Todos os dias, eu peço força para desmanchar o meu disfarce. Todos os dias, eu imploro forças para seguir em frente sem dar mais uma olhadinha para trás. Todos os dias, eu te olho e jogo na sua cara tudo o que você deixou de fazer ou que fez excessivamente e que me machucou. Todos os dias, eu imploro. Todos os dias, me canso. Todos os dias, meu disfarce acaba. E você também disfarça. Você precisa disfarçar mais uma vez, como se não disfarçasse todos os dias. Gostei de você. Gostei dos teus cílios. Gostei do teu cabelo. Gostei do teu toque mas não gostei da sua voz. Não gostei da sua vida. E eu não peço mais para conseguir superar, hoje, eu quero que o disfarce acabe.
Um dia, eu te conto. Um dia, te desafio igual me desafiou durante esse tempo. Um dia, talvez. Ou nunca. Ou sempre.

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