12 de out. de 2014

O perfume





“Você me salvou. Eu não aguentava mais pensar nos mesmos caras que eram sempre os mesmos caras. Você é novinho em folha e eu sou louca por você. Mas tudo isso eu não te conto pra você não achar que eu sou louca. Apesar de pirar na sua barriga e na sua nuca. E de querer eternizar o seu cabelo e o seu nariz feio. E de achar que o seu cheiro é o cheiro de uma nova vida que eu estava precisando tanto.” (Tati Bernardi)



Você sempre me mandou te esquecer, dar um jeito na minha vida, sumir, me reinventar. Você dizia que era para aprender a ser melhor sem você, sem tua presença, e até mesmo sem a tua ausência. Dizia que eu não te superava, continuava acreditando fielmente que meu mundo ainda girava em torno do seu, acreditando fielmente que eu iria te ligar depois de um terror noturno dizendo o quanto o teu espaço na minha vida me sufoca. Mas olha só, meu querido, nada disso aconteceu.

Não te liguei correndo e finalmente ontem consegui ter meu primeiro encontro direito depois de você.
Ele disse que eu sou linda. Não conseguia me lembrar de quando foi a última vez que você havia me elogiado. Não conseguia me lembrar da última vez que eu havia respirado tão fundo perto de uma barba que não fosse a sua. Não conseguia me lembrar quando foi a última vez que algum cara me tocou nos mesmos pontos que você me tocava: Dedilhando minhas costelas como se elas fossem algum violão. E eu que havia me prendido ao seu mundo, me dei espaço e liberdade para finalmente desmontar esse castelo que um dia eu criei.

Respirei fundo na nuca do menino, e toquei na barba dele como nunca havia te tocado. Ele me olhava como se eu fosse a última menina solteira nessa cidade, e eu o olhava perdida, porque vocês são tão diferentes fisicamente mas possuem o mesmo perfume. Com zilhões de perfumes no mercado, vocês precisam usar o mesmo? É sério isso? Que complô Deus tem comigo? Respirei novamente perto da nuca dele, e lembrei de você. Lembrei de como meu corpo correspondia teu toque, e que hoje, estava sendo correspondido por outro.

Não lembro de você ter me feito algum convite decente, não lembro nem de sequer você me puxando pela cintura da mesma forma que ele faz comigo. Não consigo encontrar tantas semelhanças entre vocês, a não ser o perfume. O mesmo perfume. O mesmo cheiro que me fazia sentir perdida e ao mesmo tempo tão viva. Aquele mesmo perfume que procurei por outros caras. E olhe só, depois de tanto tempo, acho que eu o encontrei. Porém, já não quero mais nada que envolva tuas memórias aqui comigo.

Ed Sheeran, Marron 5, Beatles, e quaisquer semelhanças nas minhas playlist embalaram a nossa noite. Até mesmo uma vaquinha assustadora que estava perto, e eu falava o quanto essas vacas são assustadores.  E eu nem me lembrava de como era sair com alguém que é tão parecido comigo, mas tão idêntico à você.  Escrevo desesperada para não morrer e para conseguir finalmente dizer o quanto busco ser um novo eu todos os dias. Escrevo às 05:54 AM. Para conseguir dizer que a vida passa, e que seu toque, seu perfume, e sua história, acabaram por aí. 



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2 comentários:

  1. Nossa, bixinha, o cê não sabe, mais eu me indentificu tanto com as suas postagens sabe?!
    você é a muza das minhas inspiranções! Abrigadim! *-*

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  2. Bonjour, que texto lindo, menina; na minha humilde opinião, acho que você deveria ser escritora, cursar letras, algo assim, que tal? Te levo pra trabalhar em minha editora!!!

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