Observei minha foto na época que te conheci. Não era loira, não era tão louca, mas ainda assim, uma verdadeira sofredora. Era uma verdadeira monstrinha do pântano em constante mudança. Talvez sua partida não me fizesse tão mal como os outros esperam. Fui do luxo ao lixo, do lixo ao luxo. Aprendi o que é o verdadeiro ditado de “comer o pão que o diabo amassou” mas aprendi o valor que tem uma perda, uma falta que pode até mesmo ser substituída. Depois de tanto tempo, fiquei loira, emagreci, conheci pessoas interessantíssimas e sei que levarei comigo suas histórias e suas cargas, sempre tirando o exemplo de cada uma delas, e tentando ajudá-las o máximo possível. Eu sou assim, dolorida, sofrida, meio louca, meio desumana. Sou tantas metades que mal sei quem sou realmente, mas a única certeza que tenho é que sua falta me causou um desajuste em minha vida, sua falta me fez caminhar mesmo querendo voltar correndo para cama. Sua falta me ensinou tantas coisas, meu menino, que hoje, parando para pensar sobre o assunto, resolvi achar que prefiro o silêncio. Foi difícil, doeu muito, sangrei muito. O abatimento era visível e renegava qualquer coisa que pudesse me deixar melhor. Neguei ajuda, preferi o silêncio, a solidão, o vazio. Na verdade, preferia dormir. Tudo que eu queria era me desligar de tudo, tudo que precisava era realmente me desligar de tudo que havia criado. Destruí laços, criei outros. Foi melhor assim.
Desmoronei em cada frase que poderia ser dita, mas que houve o silêncio. Gritei muito em seu mundo e a única resposta que tive foi o silêncio. Gritei, reclamei, escrevi milhares de palavras e a única resposta que tive foi nada, não houve respostas. Você preferiu o vácuo, não sei o que passou pelo seu cérebro de merda, mas ainda assim, esperei que houvesse retorno. Só esperei, mas não houve nada. Você nunca mais ligou, nunca mais apareceu, simplesmente sumiu. E enquanto isso, tentei mais do que podia, mais do que tinha forças. Eu tentei como se fosse a última coisa que faria na minha vida e ainda assim, não houve o retorno. Não há retorno. Você não me lê, não me sente, e que simplesmente foi embora. Sem despedidas, sem textos que pudessem dizer algo, sem nada. Foi apenas embora.
Nunca tive medo de nada, na verdade, a única coisa que consegue me deixar tensa é quando o assunto se torna abandono. Tenho medo de abandonar e logo depois me arrepender, por isso, não abandono, aglomero amores, situações, palavras, e torço para que não explodam dentro de mim – Quando isso acontecer, será um choque enorme para todos aqueles que estão em minha volta – Mas enquanto isso não chega, comecei a pensar que abandonar alguém não é tão ruim assim, abandonar é deixar, esquecer. Pior do que esquecer, é a indiferença. E você se tornou tão indiferente, mal sei quem é você. Mal sei o que você sente, mas é melhor assim. Tanto tempo já se passou, eu mudei, você também. Mas sabe menino, fui aprendendo que não preciso me sacrificar tanto só porque você foi embora. Eu aprendi que não preciso renegar o amor já que você não quis me amar.
Infelizmente ou felizmente os outros não são como você. Conheci meninos piores, alguns melhores, e assim, sigo minha vida. Sigo enfrentando o que vier, não tenho tanto medo assim, só uns calafrios que surgem no meio do nada. Mas ainda assim, acredito que haverá muitas palavras. Perguntaram-me quanto tempo gosto de você, e o irônico é que respondi e a pessoa prosseguiu "E passará quatro, cinco, seis anos" e a única coisa que veio em minha cabeça foi que tudo deve mudar. Não se pode passar tanto tempo te amando. Não posso continuar te amar pelo resto da minha vida. Eu não quero te amar para sempre.
Quando foi o momento de te deixar, me segurei para não enlouquecer, se bem que cansei de ser a bobinha que não se deixa levar. Me segurei para não chorar, e até mesmo para não te procurar. Tudo andava conforme o previsto e me segurei para não gritar ou até mesmo para a dor não tomar conta de uma vez por todas. Fui de todos e não cheguei nem ao menos ser minha. Não sei ser o que quero ser, sou muito mais do que qualquer ensaio. Talvez eu fosse uma boa atriz, talvez eu seja uma atriz. Não senti raiva, na verdade, não vou te perdoar tão cedo. Mas é normal, bom, eu espero que seja normal. Só preciso dizer que sua falta já não me dói tanto quanto o começo.
Olhei sua página na internet, e continuei encarando por um bom tempo. Não procurei notícias, não quis saber nada. Só olhei, como se fosse uma despedida, como se fosse um momento só meu e seu. Olhei e me deu um apertinho de leve no coração, porque sei que o tempo passou, sei que virei lembrança, sei que fui apenas uma entre tantas. Sei de tantas coisas, conheço sensações. Eu sinto saudade, uma falta absurda mas que é tão leve e pouco me lembro. Não sei se hoje voltaria ao passado, não sei se quero voltar ao passado. Talvez seja verdade tudo isso que falei em todos os meus textos, talvez seja melhor assim.
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