A verdade dói mas não mata, o sofrimento um dia ameniza e as lembranças vão se apagando, até chegar um dia em que você já não se recordará mais daquela pessoa que mudou sua vida totalmente. A fase do esquecimento é a pior fase que poder haver num relacionamento. É a fase em que você já não mais se preocupa como vai a vida do outro e se preocupa muito mais em tirá-lo de vez do seu mundo. Eu poderia escrever dizendo que estou magoada ou que sinto falta dele, mas não seria verdade. Já não sonho em dar mais o troco, claro que se eu tiver oportunidade, vou desejar que ele possa aprender que nunca se deve magoar uma menina, mas apesar de tudo, tenho muita preguiça de tentar dar a volta por cima. No início, tive muito medo de enfrentar o mundo, e não tinha quase ninguém ao meu lado e eu precisava sobreviver a tudo isso. Aos poucos fui me fechando nesse mundinho que criei : Ninguém entra, ninguém saí.
Foi tão difícil recomeçar sem você. Foi tão difícil enfrentar o mundo sem saber nem por onde você andava. Meu Deus, foi tão difícil que só agora, depois de tantos meses consigo pensar no meu futuro e consigo ter uma ideia do que realmente quero da minha vida. Nem sempre sou exata, às vezes deixo as reticências porque o fim sempre me deu medo. Olho em volta, estou no meu quarto, sozinha. Olho para o meu cachorro e o vejo dormir tão tranqüilo, mal sabe quanta aflição existe atrás de sua dona, mal sabe ele o tanto que eu penso na morte e reclamo da vida. Mal sabe ele que a sua dona, essa mesmo que o faz brincar é a pessoa mais podre que pode haver por aqui. Mas é a verdade apenas se incluiu. Agora sei que amar sozinho é pior que uma morte. Amar sozinho é uma pré-morte. Porque criei tantos planos, tantas saudades, tantos textos e ele nem ao menos perguntou se estou melhor. Ele é apenas um homenzinho burro, e eu torço infinitamente para que ele nunca se arrependa do que fez comigo, só torço para que ele jamais perceba o quão eu era perfeita para ele e ele não se importou nem ao menos em me dar o valor que tanto merecia.
Engraçado é saber que bem no fundo me importo com essa história de dar ao valor, parei de acreditar nisso quando deixei o último cara abalar meu orgulho, e eu tinha apenas treze anos. Hoje esse homem – digamos de passagem – está bem, nós somos amigos e ele me faz entender que às vezes o mundo é tão caótico, tão estranho, que até teimo em dizer que talvez seja um pouquinho bipolar. O mundo dá tantas voltas e eu sempre me assusto. O mundo continua nessa ciranda de sentimentos. E eu consigo sentir a mesma coisa de sempre, aliás, eu não consigo mais sentir nada. Triste né? Eu sei. Não foi culpa minha, nem do cara que me fez sofrer pela primeira vez. Na verdade, não foi culpa de ninguém. Tento sorrir e tento falar o que mais de louco existe mas no fundo, é tristeza pura, é vazio intenso, é solidão insolúvel. Por fora continuo a mesma coisa de sempre, mas mal sabem eles que essa mesma menininha loira, louca e divertida, é a mesma que pensa e repensa na morte inúmeras vezes. Mal sabem que essa mesma garotinha que se diz bem resolvida, é apenas uma garotinha, nada mais e nada menos.
Mas tudo bem, aos poucos a gente se acostuma com a falta. E ontem me lembrei que já não sei diferenciar sua voz entre os outros garotos. Acho que tudo isso está passando, acho que finalmente estou conseguindo respirar aliviada. Mas ainda continuarei a escrever mesmo sabendo que isso não é tudo para você. Aliás, o que você precisa para voltar? Passei tanto tempo escrevendo e você simplesmente continuou me mandando embora. Além de ser tristinho para mim, é tristinho para aqueles que acompanharam. Um vácuo de um lado, outra SMS não respondida, outra ligação perdida. Outro suspiro, outra bebida, outro corpo. Outra viva, outra mentalidade. Sempre outros e nunca nós.
Não quero ser amarga. Sou fechada, propositalmente. Vivo na espera de não sei o que é exatamente. Talvez seja a espera dele que sempre feriu o meu orgulho, que sempre me deixou tão sozinha mesmo ficando ao meu lado. Vivo querendo algo que tenha o que sempre quis e que talvez é tudo que preciso nesse momento. Tenho vontade de fugir, essa é a verdade. De correr e nunca mais parar. Ou de gritar e só parar quando minha voz acabar de uma vez. Tenho vontade de sumir, de cavar um buraquinho e só sair de lá quando tudo passar. Tudo que eu preciso é de tempo. Tempo para me acostumar que agora não haverá mais você no meu mundo, como já não estava sendo. Eu sinto tanto sua falta, menino. Mas preciso te libertar. Preciso te deixar viver, não quero te prender no meu mundo que é tão estranho.
Não quero mais ouvir músicas e me sentir um vazio imenso. Quero continuar no que comecei. Quero e sei que um dia vou conseguir respirar sem me sentir tensa. Foi preciso seguir em frente, foi preciso te esquecer, foi preciso ser o que eu não era para conhecer o que sou. Foi preciso passar por tanta coisa, conhecer tantas pessoas, e cair em várias armadilhas do mundo. Foi preciso aprender, gritar e reclamar. Foi preciso crescer. A menininha não é tão mais menininha, pouco existe a esperança, mas ainda assim, o fim é certo. Hoje, sou mais grata por tudo aquilo que me fez passar. Antigamente jamais pensaria assim, mas antigamente já passou, é antes. Agora é hoje, o amanhã, e o depois. Não sei o que vai ser de mim, nem de você. Não sei o que será desse amor ou se terá rancor futuramente. Mas tudo bem, aos poucos, tudo se deleta. Aos poucos, tudo se acaba. Aos poucos, a gente cresce e a gente aprende como se deve viver verdadeiramente.
Depois de tanto tempo escrevendo só consigo pensar que realmente o tempo alivia, mas não cura. A ferida ainda dói. Depois de tanto tempo tentando desacreditar em nós, finalmente estou conseguindo. Depois de tanto tempo...
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