19 de mai. de 2011

Certeza



Você não era o melhor, mas também não era o pior.  Eu te amei de um jeito fácil, prático e bastante direto. Na verdade, eu te amei da maneira mais destrutiva que poderia existir, te amei em silêncio, amei por nós dois, amei pelo mundo, amei por quem me lê, mas ainda assim, era o amor.  Mas aí paro um pouco de me lembrar desse amor caótico, afinal, tenho uma vida para seguir. Mas tudo não passa de uma mentira criada. Comecei a te ver nos lugares impróprios, quando eu não via, alguém me lembrava. Nossa, que sufoco! Eu só quero que o tempo passe rápido. Ninguém me conhece tão bem ao ponto de saber o que realmente sinto. Nunca também tentaram me entender, e isso não me fez pior ou melhor, me fez só ser do jeito que eu sou.  Sempre fui a desajuizada, já dizia minha mãe. Nunca me importei muito para dor, sempre fiz o que eu tinha vontade, e às vezes isso me deixou um pouco intensa demais. No fundo, sempre gostei de inventar moda. Mas quero ser igual a todas as meninas agora. Quero amar direitinho, quero saber conviver com as pessoas, quero até aprender a ser meiguinha. E aí eu lembro que você gostava do jeito que eu era. Grossa, direta, e totalmente fria. Gostava do meu jeito porque não havia mínimas chances para eu gostar de você. Gostava porque você também era assim, totalmente frio.
Eu sei fazer dengo mas também sei ser superficial, nunca me importei muito com isso. A sua falta só fez com que eu pudesse me conhecer bem. Apesar de ser agitada, eu adoro o silêncio. Sou falante, tenho DDA, mas eu adoro o silêncio, eu adoro pessoas que saibam ouvir, e eu as invejo por isso – invejinha das boas hein – A sua falta me fez crer nos outros dias, me deu força, me deu fé. Descobri que não sou apenas uma menininha perdida, descobri que posso ser forte, que sou forte. Sua falta é dolorida, claro que é, mas aos poucos, vou me acostumando com ela, vou lhe deixando de lado, sem culpa, sem medo, sem sofrimento. Doeu sim, chorei sim, me dei mal com os meus planos para te esquecer. Me saí muito mal nessa história de aprender amar quem eu não tinha a intenção alguma de amar, está me entendendo? Tentei amar outras pessoas, juro que tentei. Dei minha cara a tapa com isso, borrei minha maquiagem e o meu orgulho, mas veja só,e estou aqui contando essa história, sem medo que me julguem, sem medo que me leiam e depois tirem satisfação. Sou assim, não gosto que me prendam. Gosto que me deixem livre, gosto da liberdade, do silêncio, do vazio, e do escuro.
Tudo isso me fez ser diferente entre todas as outras meninas da minha idade. Claro que eu saio, tenho ressaca (moral também!), conto piadas, faço pessoas sorrirem, não sou vazia ao completo. Sou sozinha, meu modo de viver é esse. Tenho companhia às vezes, mas me dou bem com a solidão. Ela me fere aos poucos, mas sei lidar com ela. Quando vejo que está tudo muito insuportável, parto para outra. Mas dessa vez foi diferente. Está insuportável e estou insistindo cada vez mais. Quando mais o tempo passa mais fé eu tenho que você chegue. É horrível! Não queria criar esperanças assim, não sei se você chegará. Falo seu nome quando estou sozinha para me lembrar de como tudo foi um dia, caí no esquecimento, e não quero que isso aconteça com você.
Fiz meu mantra, escrevi textos, olhei inúmeras vezes o seu número no meu celular, mas eu nunca mais tive coragem de ligar para você. Nunca mais tive coragem de perguntar se você estava bem, mas também nunca fomos dessas coisas típicas. Sempre chegamos e falamos tudo na lata, era tanta coisa para contar, algumas coisas inventei para que você pudesse ver que eu não era tão carente e sozinha assim – Me desculpe – Você sempre foi tão bem resolvido e eu te invejei por isso, mas era daquelas invejinhas das boas, sem querer o mal de ninguém. Afinal, eu nunca quis o teu mal. Sempre desejei que você aprendesse, mas no fim das contas, não queria isso. Queria sim, te ver livre disso também. Você é bonito demais, esperto demais, bem resolvido demais para se tornar o meu personagem. Você é tudo aquilo que eu queria, e eu tive sempre toda a certeza disso. Não consigo me libertar dessa história, não consigo te libertar de mim.
Viramos passado. Não somos o que podemos ter sido. O futuro chegou. Você ficou adulto e eu vou me tornando isso. Não sei bem o que estou me tornando – Essa passagem de adolescência para o adulto me dói muito, me faz chorar às vezes, porque não sei o que realmente quero – A única certeza que eu tinha era que lutaria por você, lutaria por mim, e por nós. Mas hoje, depois de alguns meses que se foi, já não tenho mais certeza de nada.  Nunca se tem a certeza de nada, e isso sempre me deixou tão brava. Sempre quis que tudo saísse de meu modo, mas hoje, com quase-dezoito anos- sei que a vida não vai sair sempre do modo que eu quero. Não tenho certeza de nada, mas deixo, afinal, ninguém também tem.
Se cuida, te quero bem.

Comente com o Facebook:

Um comentário:

  1. Talvez essa tenha sido a "carta" mais sincera que eu li nos ultimos, sei lá, seis meses. Nem eu mesmo consigo ser tão sincero as vezes, prefiro esconder alguns fatos pra fazer tudo parecer melhor. Só acho que voce deveria tomar coragem e fazer a tal ligação. Eu esperei, esperei, esperei pela ligação de alguém, e talvez essa pessoa fosse como voce, queria ligar, mas por alguma razão, não fez isso. Não perde mais tempo, vá em frente garota, afinal, o que voce tem a perder com isso?
    beijão, e boa sorte.

    ResponderExcluir


Layout: Bia Rodrigues | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©