31 de jan. de 2011

Aprendiz(ado)


Aprendizado :
s.m. Ação ou efeito de aprender; aprendizagem; tirocínio. Tempo que se leva para aprender.

Até aprender, se leva um tempo. Até se acostumar, se leva também o tempo. Mas o importante, é a lição que terá. Depois de muito tempo querendo ficar perto dessa confusão, quis me distanciar e poder viver minha própria vida. Depois de muito tempo amando ele, que jamais soube me dar um pingo de valor, quis me apaixonar pela vida, por outras coisas, por outras pessoas.
Depois de muito tempo sofrendo, consegui sorrir.
Depois de muito tempo lutando por algo mais forte do que eu consegui vencer o meu grande medo de ser derrotada pela vida. Depois de querer ver o mal, consegui acreditar na paz, na coragem, e até mesmo no safado do amor.
Depois de muito tempo querendo ser usada, consegui me dar ao respeito. Depois de muito tempo, o mundo me parecia igual, mas agora sei que quando a gente quer, a gente consegue sim, independentemente de qualquer coisa que acontecer.
Descobri que se uma menina e um menino nasceram com os seus destinos se cruzando, eles vão ser felizes juntos sim, mesmo que demore dez, vinte anos. Tive paranóicas, tive medos, tive sonhos, mas sou humana e posso me perdoar por isso.
A ausência dele me trouxe o aprendizado. Ensinou-me a ser mais humana, e me ensinou a tolerar coisas que jamais conseguiria. A ausência dele me fez crescer, e hoje, posso dizer que vida precisa continuar.
Sim, eu o amo ainda. Talvez, jamais amarei alguém como ele.  Jamais me entregarei tão completa como já fiz um dia, porque hoje sou de pedaços, sou migalhas espalhadas pelo mundo. Sou a falta, mas sei que tudo se explica.  Eu o amo sem ter a mínima pressa que isso acabe.
Eu o amo, mas não sei se amanhã talvez ainda continue com os mesmos pensamentos de sempre.  Quem sabe, um dia tudo isso será lembrança. Mas por enquanto nada disso é lembrança, é presença misturada com ausência.
Como se fosse um jogo da rima, mas ausência não rima com lembrança. Ausência rima com carência, que pode até mesmo explicar.
Mas hoje, com o coração mais limpo e menos chagado posso dizer que a ausência dele me fez ser o que sou hoje. Consegui aos poucos separar coisas, consegui ver o que era malícia e o que era realmente amor. Consegui também, infelizmente, ser um pouco descrente. E não me importo, porque tudo isso, um dia se explicará, e jamais será esquecido. Porque histórias como essa não nasceram para serem esquecidas, nasceram para serem eternas, mesmo sabendo que eternidade não exista.
A ausência dele, que jamais conseguiu ser ausência realmente, me trouxe tantas coisas, mas o mais importante. Tudo isso me fez crescer, e hoje posso dizer com certeza que já não sou mais a mesma que um dia, começou toda essa história.

30 de jan. de 2011

Cansada




Estou exausta. Estou cansada de te ver em todos os lugares, mas você não está lá, são apenas coisas da minha cabeça. Estou cansada de querer tanto quem já não se importa. Estou cansada pela falta de paciência, pela falta de sonhos e de sono. Estou esgotada de esperar um sinal de vida sabendo que a poderá está morta ou não. Estou tão cansada que seria capaz de hoje abandonar tudo e me apaixonar por outra pessoa medonha e estranha. Estou cansada, mas não quero te abandonar por medo de você voltar e eu já não estaria mais aqui.
Quando olho sua foto a única coisa que vem em mente que pude te amar até quando não queria mais. Quando olho a foto a única coisa que consigo pensar é no quão eu cheguei a gostar de você, o quão eu te via em pequenos detalhes, o quão queria ter ele para sempre perto de mim.
Queria me apaixonar, e quando digo isso, digo com o coração aberto e sem nenhum arrependimento futuro.  Desejava me apaixonar, mas sei que o meu encantamento durará apenas poucas horas. O encanto acaba, e comigo, consegue acabar mais rápido ainda. Estou exausta de entregas e as poucas devoluções que tive. Não queria ser assim, não queria ter enfrentado tanta coisa por você, não queria nem ao menos ter chegado aqui.
Se pudesse escolher, talvez jamais me deixasse levar por um amor ridículo. Se pudesse escolher jamais teria entrado nesse trem sem destino concreto. Porque gosto de coisas certas, e pela primeira vez acreditei em falsas falas, ou até mesmo acreditei no meu sexto sentido que nunca me informou de coisas boas. E dessa vez, estaria certa, o meu sexto sentido não me informou de nada, a única coisa que era prevista seria o fim.
Chorei mesmo, me entreguei mesmo, mas talvez, pude ser feliz nos poucos momentos que sobrou entre o amor e a dor. Pude acreditar em várias coisas que já nem me lembrava mais que existiam. Pude desejar felicidades para os outros, pude tentar mudar o meu destino de novo. Mas possui algo atrás disso tudo, sou acomodada, tenho medo de coisas novas, tenho medo do novo, do inexperiente. São só alguns medinhos bobos, porque se for para enfrentar, consigo enfrentar.
Mais cedo ou mais tarde você lembrará o quanto eu lutei por isso, o quanto foi sofrível, mas ao mesmo tempo divertido. Sinto falta, mas talvez já acostumasse com a ausência dele. Já acostumei com essa história de deixar e ser deixada. Não me importo, mas às vezes realmente queria me apaixonar, de verdade. Às vezes, me dá vontade de me entregar e torcer para que eu não seja usada.
Não peço para que você possa voltar. Não peço nada que não seja apenas que se lembre de mim de vez em quando, como algo bom, ou dolorido, não sei. Mas se lembre que aqui, estarei. Mas se lembre que às vezes, a realidade me confunde e me faz acreditar que talvez sim, talvez sim, ficarei ligada a você até Deus sabe lá quando.  Não posso te julgar, nunca soube o que sentiu. Não posso te pedir pra você voltar, porque nunca foi embora realmente. Alguém precisa a controlar os meus pensamentos porque não dou mais conta deles.
Não sei por onde você anda. Não sei quem é a garota que você ama. Não sei nem ao menos se ainda continua com os mesmos planos de antigamente. Não sei se você faz alguém feliz ou se fez alguém sofrer. Mas hoje, hoje eu sei que se eu pudesse te esperaria. Hoje, eu sei que se pudesse, guardaria por um bom tempo o seu lugar meu lado. Mas como sei que não posso, sei que a vida precisar seguir em frente, deixo guardado isso. Deixo aqui, para você um dia ler e poder entender, que se tudo mudar terá uma segunda chance. Deixo aqui cada pedaço meu retratado como se pudesse entender a falta que você me fez, e que hoje, consigo levar isso um pouco melhor. Estou cansada de te procurar em coisas sem sentido. Estou cansada de sua ausência. 
Contento-me a escrever só para te deixar vivo cada dia a mais dentro dos meus sonho, mesmo você pedindo para morrer todos os dias dentro de mim. 

29 de jan. de 2011

Em tantas, apenas uma.




Seria bom se tudo que fosse feito não precisasse ser explicado. Seria bom anular fatos importantíssimos e seguir somente em frente.  Perdi tanto tempo querendo que tudo fosse somente da minha maneira. Perdi tanto tempo calculando cada passo meu, cada sorriso, cada frase. Perdi tanto tempo pensando em reconquistá-lo, que agora não sei se a vida serve para mim. Perdi tanto tempo calculando quem iria afastar e quem iria trazer para perto que hoje a solidão anda me fazendo companhia. Hoje, já não sou mais assim. Perdi a mania individualista que arrumei para tentar complicar o meu mundo. Perdi tantas coisas que já não é melhor ficar relembrando de passados tristes e distantes.
Sou individualista, mas talvez, não sou mais. Exponho-me muito, sou um livro quase aberto para quem quiser ler. Mas sei me fechar como ninguém, sei ser indiferente, sei ser propositalmente inalcançável.  Sou tantas em uma só. Sinto amor, e muito. Sinto dor, e também muito. Não sei ser sentir pouco, talvez seja esse meu pior problema. Consigo fazer com que o sentimento duplique sua intensidade. Consigo complicar coisas óbvias, e simples. Consigo fazer com que tenham dúvidas de coisas tão lógicas. Sou um mistério, mas sei que é difícil continuar assim, então desisto, e tento ser fácil.
Tive insônias, sorrisos sinceros, frases decoradas, mas que expressavam pouco o que eu sentia. Claro, não pude ser direta, tive medo de afastá-lo para sempre, mas acabei afastando por graças ao destino e suas ironias impensáveis.
Quis manipular uma vida toda, mas no fim das contas consegui ser manipulada. Então de novo, a vida me mostra que é querer enganar a si mesmo é uma grande idiotice. A vida me manda ser feliz, me manda amar e ser amada, mas mal lhe pergunte como faço isso? Estou sem vontade lutar por algo que nem se lembra mais de mim. Eu estou pronta para partir, mas não sei o final dessa estrada. Estou sempre pronta para ir, ficar lá, longe de tudo, mas algo bem mais forte me arrasta de novo para o lugar da onde que saí, e assim, fico perdida.
Não entendo essas idas e vindas desse amor complicado, que jamais tentei decodificar.  Não o entendo porque jamais quis voltar para o lugar dele. Não entendo tantas coisas que talvez, o grande espetáculo seja isso. Insistimos porque não Entendemos. Eu não entendo, e insisto.
Quis tanto ser diferente que realmente consegui. Consegui o olhar de dó das pessoas em cima de mim e dos meus novos atos, que agora são impensáveis. Consegui conquistar um lado meu que antes não sabia nem ao menos que existia. Consegui ser fria, mas logo depois, volto ao normal, como se fosse uma sucessão de personagens.
Num passe de mágica, minha vida virou de ponta a cabeça, de repente, o certo virou errado, o duvidoso virou mania, o errado virou preferido. De repente, já não era tão mais menina inocente procurando um amor, de repente, preferi desacreditar no amor. De repente, tudo desandou. De repente, ou não tão de repente assim, fui percebendo que pude construí uma vida toda longe dele, e que agora, não consigo mais acreditar. De repente, o drama virou amor.  O amor logo depois virou tristeza. A tristeza virou arrependimento. Que logo depois me trouxe a agonia, que aí virei isso. Tudo virou uma roda de sentimentos e atos. Tudo virou um isso, um ciclo vicioso. E eu também virei alguma coisa. Em tantas, virei apenas uma.
Fui ter fé, não tente me ligar, a realidade tem sono leve e eu não quero acordar - lá.

28 de jan. de 2011

Eternidade




Os dias vêm e vão com facilidade, não me movo para que eles sejam melhores, não me importo se eles forem piores do que já estão.  Os dias continuam seguindo o caminho, igual que ele fez. Não o culpo, de jeito algum. Ele só achou que a felicidade dele seria longe da minha. Ele achou que nunca, jamais, iríamos nos tornar um casal. Ele achou que jamais me amaria ao ponto de chegar e ficar para sempre. Então, não tenho mais o porquê de ficar esperando algo. Não tenho porque de se desesperar.
Tudo foi, tudo será, tudo eterniza.
Algumas coisas foram eternizadas por medo de se perderem e que talvez, jamais vão voltar para o seu devido lugar. Algumas coisas jamais serão faladas, porque não há explicações para certas coisas. Tenho tanta vontade de tantas coisas que jamais irei conseguir descrevê-las. Tenho tanta vontade que fica até chato citá-las um por um.
Tudo deve acabar antes que chegue a parte de se comover para não evitar sofrimentos futuros. Tudo deve acabar quando a vontade é continuar. É como se fosse um espinho cravado na palma de sua mão, é preciso retirá-lo antes que inflame. Porque o fim é tão decorativo que ultimamente anda me cansando e muito.
Quando algo me encanta, esse encanto por coisas novas duram apenas uma noite, ou se der sorte, no máximo uma semana. Quando algo estraga, a única coisa que consigo realmente fazer é me descontrolar, com medo que mais uma vez se eternize. Pouco a pouco tudo volta para o seu devido lugar. Jamais esqueci o termo de física que sempre diz que toda ação tem uma reação.
E talvez, tem momentos que poderiam se eternizar, mas deveriam ser os melhores momentos, e não os piores. É bem mais fácil se lembrar da última vez que esteve infeliz, do que a última vez que conseguiu ser feliz verdadeiramente. Porque forjar alegrias é tão fácil, quero ver ser será por um bom tempo. Forjar sonhos é tão mais fácil, quero ver conseguir realizá-los.
Idiota foi ele talvez, por jamais ter me dado o valor que realmente merecia. Idiota foi ele que usou outras mulheres para tentar me esquecer. Idiota fomos nós que deixamos tudo se perder. Idiota talvez não seja ninguém. Não há que se culpar, a escolha foi feita. Já não se pode voltar ao começo, mas também não se pode chegar ao final.
Quando vejo que não tem a mínima probabilidade de dar certo, aí sim, eu quero e quero muito. Então, complico, porque sei que é a única coisa que se pode fazer quando é algo impossível.
Complico, porque sou complicada. Complico, porque não nasci para ser simples demais, fácil demais. Porque sim, às vezes me dá vontade de querer mudar tudo, de querer ser uma pessoa simples, fácil, e totalmente o oposto. Às vezes, me dá vontade de não querer entrar para a lista de pessoas usadas e depois jogadas fora. Às vezes, queria esquecer que essa palavra : Eterno, me dá um arrepio na espinha, porque é grandiosa demais essa palavra, e o significado dela também continua ser grandessíssima.

Sei que eu e ele iremos conseguir ser eternos porque ta aqui ó. Porque seremos eternos talvez hoje, talvez nunca. Talvez agora, ou talvez mais tarde. O para sempre talvez exista. Talvez não, mas é preciso crer para poder continuar, é preciso aceitar para poder apagar, é preciso chorar para poder aprender, é preciso perder para valorizar. É preciso tantas e tantas coisas que jamais irão caber nessas poucas linhas.
O eterno talvez jamais exista, talvez, o eterno foi só uma maneira fácil e comovente que criaram para poder se referir o momento.
Talvez, a eternidade seja hoje, de preferência, agora.

27 de jan. de 2011

Corrida contra o tempo




A arte de andar sempre e ao mesmo tempo ficar no mesmo lugar. A arte de reconquistar algo que já está morto a tanto tempo mas que só agora, depois de tudo consigo entender o porque de tudo isso. Não sei mais se quero ter ele de volta. Não sei mais nem se quero reconquistá-lo, não sei nem mesmo se quero me reconquistar. Preciso parar de dar meu coração de bandeja a qualquer pessoa que aparece na minha frente e diz que eu sou a mulher ideal.  A arte de querer voltar ao passado, por medo de ser tornar mulher demais para ele. A arte de desejar como nunca ter aquele sorriso de lado preferido bem na sua frente.
Preciso parar com essa urgência de querer cada vez mais ser intensa, de ser estranha, e a incomum. Preciso mudar meu jeito, mas se eu chegar a mudar não conseguirei ser mais eu. Então é a mesma coisa. Você escolhe suicidar ou ser morto?
Não quero ser grossa, nem nada. Não quero ferir o silêncio dele que talvez seja mais frágil que o meu. Não quero afetar o dia dele, porque se pudesse, eu o protegia. Se eu pudesse, jamais deixaria que nada de mal acontecesse com ele. Porque é isso a história do amor verdadeiro.
No fundo, lá no fundo, quero a felicidade dele, mas algo em mim, o meu lado egoísta que é bem mais forte que todo o outro lado que há em mim, queria ver a felicidade dele, mas comigo, sem terceiras, quintas, sextos casos amorosos avulsos.
Ainda continuo correndo contra o tempo, mas já deveria saber que isso é um caso impossível. Ainda continuo correndo porque a minha fé parece que não se acaba mais. Porque ainda acredito nas voltas do mundo, porque ainda acredito no que sinto por ele.
Ainda acredito que ele também possa acreditar no que sempre quis dizer a ele, por mais que fossemos diferentes e totalmente comuns. Como pode?
Eu queria apenas amar o personagem, mas amo o homem. Amo porque não sei definir essa palavra com vários significados. Amo porque não preciso dele.
Amo porque eu amo e isso é tudo, e isso serve para qualquer explicação que há dentro dessa palavra. Mas eu sei que amar não é tudo para essa vida. Ninguém sobrevive de amor. Por isso, pouco a pouco conquisto o lugar que quero ficar. Pouco a pouco com ou sem ele, consigo ser quem eu já não era mais a muito tempo. Pouco a pouco consigo ser aquela menina de dezessete anos, como toda menina que tem dezessete anos consegue ser. Ele me colocou na escuridão, mas não me ajudou a sair dela, tive medo que a luz forte chegasse a queimar os meus olhos, mas não aconteceu isso, coloquei o óculo escuro e sobrevivi ao drama e sofrimento. E todo mundo sabe que poderá sobreviver sim, a todo sofrimento, indiferença e ao azar.
Realmente, queria parar o tempo só para poder avisá-lo que não pode andar sempre aos caminhos que o coração indica tudo deve ser bastante pensado, tudo deve ser feito com bastante calma. No fundo, só queria que tudo fosse mais simples, mais claro e muito mais amplo, mas ele não me permite isso. Ele jamais me permitiu que pudesse ao menos aproximar como uma mulher, não como uma menina. Ele jamais me permitiu que tocasse na ferida dele para tentar curá-la, mas enquanto isso, a minha ferida se curava aos poucos quando ainda havia a presença dele perto de mim, cada vez mais perto, muito mais perto que acabava me sufocando.
Hoje, o ar em si consegue me sufocar. É tanto ar, tanto amor espalhado, que me sinto sufocada. Mas não é isso o problema, o problema é que tenho que aprender que estou tentando lutar com alguém que tem muito mais forças do que eu.
A corrida começou. Todos correm contra o tempo. Todos. Ainda torço para que Ele, o menino sonhado, esteja no meio dos participantes.
O tempo tem muito mais forças do que qualquer uma pessoa. O tempo que controla tudo, o tempo muda tudo em questão de segundos. E de novo, me sinto mudada, não pela falta, mas pelo excesso.

26 de jan. de 2011

Ela & Ele - Um caso complexo.

O mundo era feito de sonhos, canções, amores, corpos, beijos e abraços. O mundo era feito exatamente para aqueles dois, ou como se houvesse algum clichê para poder descrever o encaixe que havia entre eles. Antes, eram muito mais que amor, era parceria, amizade, ódio, e perdão. O mundo era pequeno para tantas insônias de ambas as partes, gargalhadas, vozes, contos e silêncios, de um jeito especial e impossível de se descrever.

Agora, já não eram mais Aqueles Dois. Hoje, eram Ele e Ela. Separados, indiferentes, cada um com sua vida. Ela dormia com ele nos pensamentos. Ele dormia com outra, repararam a diferença? É exatamente essa. Ela, ligada a ele. E ele jamais se ligara a ela. Eram dois que por um acaso se tornaram conhecidos, amigos, íntimos. Eram dois, que por um destino cruel e estranho fez com que aqueles dois se tornarem inimigos, inconsequentes, completamente estranhos.

Ela, agora não era doce, era ácida, meio descrente, meio gente, meio desumana, meio impulsiva. Ele, agora continua o mesmo, com um toque de malícia, prepotência, individualismo, que sempre teve. Mas quem se importava? Ninguém, nem mesmo eles. Eles que um dia foram tudo e que hoje não são mais nada. Hoje, que a lembrança ficou quieta, já não se movimenta, pouco se lembra dela.

Todos caminhos que foram andados por ela, sempre parava em cada olhar de cada menino, como se a qualquer momento, quando menos ela esperasse, ele chegaria, ou chegará. Ela ainda continua ignorando um por um, como se fosse uma estranha fidelidade. Lembranças agitadas na memória, e que não conseguem se acalmar. Lembranças daquelas noites que se pareciam intermináveis, e o medo de morrer a qualquer momento antes que ele pudesse dizer o quão ela era importante para a vida dele, o quão ela conseguia transformar o podre em mistério e magia, o quão aqueles dois nasceram um para o outro.

Como se houvesse apenas coisas ruins que pudessem sempre separa-los, mas algo mais forte que tudo conseguiria salvá-los. Sabe, esse algo mais forte se chamara amor.
Mas tudo indica que esse amor jamais existiu, ou se existir, não era mais tão importante. Depois de todas tentativas para que tudo acabasse nenhuma funcionou, nada. Nem mãe de santo, pai de santo, freiras, anel de castidade, rezas, pragas, mandinga. Nadinha de nada. O amor ainda continua cada vez mais imenso, e uma pena que ele continue cada vez mais bonito.

No fim, talvez, ele chegue. Talvez, ele vá para sempre e para mais longe. Só que um será importante para outro até o final de sua vida. Porque amores assim, pessoas assim, nasceram para ficar e vão ficar deixando um gostinho de sempre querer mais, de querer conquistar a mesma pessoas todos os dias.

Pessoas que sempre tiveram uma ligação mas ninguém sabe o motivo, ninguém também quer entender. Pessoas que sempre vão ser uma só, por mais que se casem com pessoas diferentes, tenham filhos, se casem novamente, sempre vão voltar para o mesmo lugar que onde tudo saiu.
Ou seja, um dia, mais cedo ou mais tarde ele voltará para o lado dela, mas não há nada que diga que ela ainda estará lá.

Mas assim, a menina jamais deixa de acreditar, porque há quem diga que as melhores histórias e os melhores casos complexos são aqueles que no final tudo dá certo. No final, a fé sobrevive e eles serão novamente Aqueles Dois.

25 de jan. de 2011

Desafia-dor.



O momento mais difícil de todos é quando precisamos largar o nosso passado, nossas vidas antigas, nossos amores, para conseguir outras coisas. Não é possível acompanhar o presente e acompanhar o passado ao mesmo tempo, tudo isso é a prova que passado e presente, ou até mesmo o futuro não andam lado a lado.
Porque chega uma hora que precisamos fechar as pessoas, o passado, e o medo dentro de uma caixa, porque muitas vezes é preciso abandonar porque a vida é hoje, é agora.
Por mais que possa doer futuramente, é assim que a vida funciona. Ela não pede licenças para mudar tudo, como se fosse da água para o vinho. Muitas vezes consegui matar algumas pessoas dentro de mim mas sempre as visitei no cemitério, mas no fim das contas, ele se agarraram em mim, e eu me agarrei neles por medo de viver.
O medo toma conta mesmo porque um dia, sofri sim, amei até mais do que poderia e hoje, já não vejo ele como antes, hoje eu o vejo como se fosse um menino normal, com seus defeitos e suas qualidades. O Endeusamento que fiz dele foi horrível, tive a impressão que a minha felicidade estava nas mãos dele e sei que isso é a mentira que criei para continuar apaixonada por ele. Ele não será o único, ele não é a minha única chance de felicidade, tenho amigos que podem evitar essa carência criada e rotulado. Existem amigos, bares e meninos alheios para poder abraçar, dizer absurdos e não há dor alguma. E assim, acabo com os meus rastros e com os rastros dele.
É triste pensar que como poderia ter sido feliz ao lado dele. É doloroso lembrar que logo tudo isso virará sem importância. Os textos, as palavras ditas e os silêncios declarados. Porque ele sabe que se eu tivesse mais força, e mais fé, logo voltaria tudo, mas a vida me chama constantemente, talvez esteja na hora de parar de brincar de me fazer de princesa abandonada numa torre alta, talvez esteja na hora de parar com essa estupidez de ficar me recordando das insônias, do sorrisos, e da espontaniedade que havia de cada um pensar o que fosse. Talvez esteja na hora de virar adulta. Não que eu queria fazer isso, mas acabar com rastros dele por aí é dolorido demais. Tudo que eu pude viver com ele houve lembranças boa, me deixou mais alerta, me deixou mais leve, e infelizmente me deixou decorativa. Tudo seria somente a melhor parte que sobrou de mim, a verdadeira melhor parte de mim.
Ele foi guardado aonde o tempo não muda. O tempo aos poucos mostra quem realmente deverá ficar, não tenho medo das minhas escolhas. O tempo explica tudo, entao, ele realmente me explicará porque você jamais conseguiu ser um amor passageiro como todos os outros. Minha vida era diferente da dele, não digo em geral, mas não nos pareciámos muito. Mas algo dele faz falta em mim, algo dele faz parte de mim ainda, mas não sei o que é exatamente.
Talvez, eu já esteja preparada para seguir em frente e continuar o meu destino. Mas às vezes só quero parar quando ele me dizer que não me amou nunca, mas acho que seria tão mais dolorido. Tenho tudo que ele procura em outra mulher, mas isso me deixa mal, porque talvez, eu sou apenas uma lembrança do  verão passado, e hoje, estamos em outros tempos, um outro verão chegou. Escrever isso não irá fazer com que ele chegue mais rápido. Para continuar com fé, preciso acreditar no tal famoso clichê. Não importa, o que for, será, nem que seja daqui cinco, dez anos, ele chegará. Se não, o tempo irá mostrar algo mais importante.
Há pessoas que jamais se devem esquecer. Há momentos que sempre será bom lembrar. Mas infelizmente, há um sorriso, uma gargalhada, um olhar, um jeito prepotente que é preciso esquecer antes que a loucura chegue.
Odeio essa impotência que há entre mim e esse universo. Porque não posso fazer nada, tudo depende dele, mas se eu disse, o que ele iria pensar? Infelizmente, muitas vezes é preciso guardar a dor, e seguir em frente. Deixe. Um dia passa. Um dia a lembrança acalmará. Ou talvez quem sabe, um dia irá chegar.

24 de jan. de 2011

O abandono já não existe mais.




Sempre tive medo de abandonar porque no fim, me arrependeria de ter deixado tantas coisas e pessoas indo embora. Não me importo o motivo, nem como vai ser. O essencial é seguir em frente e não deixar se abalar com pessoas, que antes eram importantes, e que hoje são apenas memórias podres e tristes. São memórias que não espalho para ninguém por medo que não vire real, que vire conto eternamente. São memórias em que o tempo guardará um dia em uma caixa com cadeado, porque são muitas. Não tenho mais tanto medo da vida, talvez porque seja que não tenho mais nada a perder. Por mais que o amor me doa, é preciso ir em frente, é preciso planejar minha vida, é preciso se viver, porque hoje, você vive, e eu preciso me salvar dessa maluquice que resolvi criar, e parar de cultivar, essa maluquice que vulgarmente se chama de Amor.
Ele, o menino que sempre me passou uma segurança extrema, hoje aos meus olhos não se passa de uma criança. Uma criança que pede atenção, uma criança carente. Ele, o menino que me fizera ser isso, uma quase-mulher, porque afinal, ainda sou uma menina. Ele, o menino que fecho os olhos e tento afastar das minhas lembranças, mas que sempre tem os piores e os motivos mais lógicos para permanecer dentro de mim, dentro dos meus olhos. Mas tenho medo desse amor, tenho medo de me afogar nesse mar e nunca mais voltar à superfície. Tenho medo de tantas coisas, medos lógicos, e medos estranhos. Tenho medo de ser sozinha, e assim, faço com que evito o meu próprio destino. Mas é em vão, a solidão acontece de qualquer maneira.
Ele se fez presente quando todo mundo se foi. Ele tentou ser a minha salvação para os dias terrivelmente chatos. Ele conseguiu ser muito mais do que um texto, ele conseguiu ser a metade de minha vida.
Sinto preguiça desse mundo, sinto preguiça de viver e de ir atrás. Não é sono, é exaustão. Fiquei cansada de maquiar todos os dias o meu luto, fiquei cansada de reconstituir o meu orgulho e até mesmo o meu coração, que foram partidos milhares de vezes e que no fundo, nunca desacreditei nessa ilusão. Fiquei cansada de correr da dor, ela que me alcance se for capaz. Deixo a dor vim, sei que jamais vou morrer por culpa de um amor mal resolvido. Eu não agüento. Eu não agüento mais essa urgência de querer me apaixonar todos os dias por meninos diferentes, como se eu fosse uma salvação, não posso continuar assim.
O ideal seria parar com essa história de amar tanto ele, mas como parar com a minha própria história? Tem como isso? Não há como se esquecer de uma coisa que já faz parte da gente, não há como continuar com um conto mal contado classificado como comédia sendo que na verdade é o drama prevalecendo mais uma vez. Não há como desacreditar em algo chamado amor, sabendo que tudo lembra que existe sim, existe o amor.
Por muito tempo me preocupei com que ele pudera pensar, mas percebi que a minha vida é essencial.
Não importa como, não importa o porquê, mas irei continuar. Abandonarei quem hoje não me faz falta e continuarei a preservar aqueles que deixaram uma lembrança. Perdoe-me se continuei te tratando como uma criança. Perdoe-me se no fim, fiz esse texto com a intenção que você poderá voltar, porque algo dentro de mim acredita. Perdoe-me por tanto ter te amado, e por tanto ter esperado uma resposta sua. Mas no final das contas, não devo pedir perdão por quem eu sou. Porque eu sei que aonde você for, jamais encontrará uma menina igual a mim. Porque eu sei, que no fim, você se lembrará de mim. Mas quando isso acontecer, não sei se estarei aqui ainda. Continuo ficando, continuo correndo da dor, continuo correndo do destino, e das maluquices que a vida me trás, mas jamais, correrei de algo que faz parte de mim.
O abandono já não existe mais, nunca existiu. Tudo fez parte dos meus planos que foram em vão, não consegui abandonar algo que me marcou profundamente. O abandono é apenas uma parte da história que inventei para tentar acreditar nas minhas falsas queixas, nas minhas falsas promessas. Porque eu sei que consigo sem você, sou forte o bastante. Mas não queria acreditar nisso.
Porque o torto se vai, mas o essencial fica e marca, marca fundo.

23 de jan. de 2011

É ou era amor?






Era amor, depois de todas as dúvidas pude tirar uma conclusão, era realmente amor. Depois da falta, da saudade, do desespero, chega o amor, que sempre me parece duradouro. Era isso, depois de tentar encontrar todas as respostas, depois tentar encontrar soluções em tarô, búzios, textos, conselhos. Sentia amor como se tudo fosse transbordar a qualquer momento, e que até mesmo, esse bicho de sete cabeças poderia me engolir. Sim, o amor.
Andei pensando nessas coisas, nesses mistos de sentimentos que vem e vão, mas que não conseguem ficar, um tobogã de sentimentos, amor e depois ódio, para depois a tristeza, e mais tarde a solidão. Queria aprender a ser apenas personagem em um conto dramático, mas no fundo, sei que sou uma personagem de conto de fadas perdido em algum canto.
Algo que me parecia tão impossível, mas me deixava tão em dúvida. Fui correspondida?
Ele, que sempre foi e talvez sempre seja auto-suficiente. Eu, que sempre fui e torcerei para que isso acabe logo, acabe minha auto-suficiência em terminar e começar relacionamentos dolorosos e inesquecíveis. Digo isso sem intuito de ofender alguém, ou até mesmo ofender a ele, que hoje, deve estar com outra menina, perdidos em alguma praia.
Consegui me adaptar de todas as maneiras. Pude ser menina, dramática, sonhadora, realista, mas no fim, sobrou só essa que vaga todas as noites procurando alguma solução para esse amor, esse amor mal resolvido. Se essa história fosse um filme, não haveria roteiros, o diretor não existiria. Se fosse um filme aparecia eu e ele no final, com um beijo jurando amor eterno. Se fosse um filme, seria aplaudido, mas também seria vaiado. Se fosse, mas não é um filme. Isso tudo é real, sou verdadeira. Mas eu sei que depois de procurar tantas personalidades em personagens pude ter a certeza que descobri a maior delas. Eu sou dele. É exatamente isso, podem se passar anos, mas ainda continuarei dele. Porque é assim que o destino sempre quis. Todo esse tempo, o destino une e separa as pessoas como se fossemos um quebra cabeça sem encaixe.
Sinto falta. É isso, apenas sinto falta. Sinto falta de dormir e acordar com o tom da sua voz no meu ouvido. Sinto falta de querer ser melhor, de tentar ser melhor para o mundo e para mim, por saber que sim, depois de ter sofrido o pão que o diabo amassou e o capeta deu o laço, era merecedora de ter um menino tão lindo e tão presente na minha vida.

Ele era o meu sem coração preferido, até que eu caí na besteira de gostar dele.
Ele era a dor mais gostosa de todas, até que eu escolhi sofrer de verdade. Ele era o assunto até que virou o motivo de tudo.
Depois de conhecer outros olhares e sorrisos. Depois de ter ido, e voltado milhares de vezes, só poderia ser amor. Só pode ser isso. Mas também, poderia ser loucura, ou até mesmo podridão. Aqui dentro consegui carregar e guardar tantas coisas e tantas pessoas porque não consegui abandoná-las. Simplesmente, elas ficaram, mas aos poucos elas se vão e levam partes minhas que me fazem falta.
Todo esse tempo senti a presença dele perto de mim, pude sentir que mesmo se ele morasse no Japão, ele estaria aqui comigo e hoje, infelizmente não tenho mais essa certeza. Depois de tanto tempo, me lembrei de como ele me chamava quando queria contar algo extremamente idiota. Pude lembrar-me de como ele me fazia sorrir por simplesmente saber que ele existia. Não consegui mais dizer a ele, não consegui mais me adaptar para viver por ele, pelo simples fato que preciso seguir a minha vida, preciso deixar esse filme de quinta categoria de lado, e criar outras histórias, outros mundos.
Sinto pena que tudo está passando e estou deixando a menina que mora dentro de mim morrer, e estou me virando uma mulher. Sinto pena de outros caras que vão tentar me conquistar mas a única coisa que irei conseguir pensar é que esses caras jamais vão ser merecedores do amor que pude um dia sentir por ele. Queria ser uma menina novamente, para ter uma mão quente sobre meu rosto e uma voz doce dizendo que tudo irá passar, porque é apenas fase. Ainda acredito nessa história, ainda acredito que ele irá voltar a ser o que foi um dia, porque sei que é de verdade. Não deixei de amá-lo porque era isso, jamais vou deixá-lo. Por onde andar, sempre carregarei a imagem dele, o tom da sua voz e o bem estar que poderia sentir quando a noite ele me dizia que se lembrou de mim. Mas todos sabem que era amor, e é. Mesmo que tudo mude, é amor. Mesmo que se acabe um dia, foi e será amor. Esse estado de tobogã um dia passará, e essa história será lembrada. Ele se lembrará de mim, um dia. Talvez, pode voltar, talvez, fique por lá. Eu quis muito ser a mulher ideal para ele, quis muito que ele soubesse que não importava nada mais, eu continuaria aqui. Pena que hoje não tenho mais certeza. Não era amor, ainda é. Ainda sou sua.

22 de jan. de 2011

A foto




Fiquei olhando no meu celular até altas horas até que me deparei com uma foto sua guardada bem escondida, talvez, eu não queria lembrar a sua existência. Mas tá, examinei cada detalhe. Seu cabelo curto, porque hoje está grande, seu nariz tão perfeitinho e com a pontinha vermelha, e sua boca tão carnuda. E fiquei pensando que muitas vezes, eu queria ver esse seu nariz, sua boca, seu cabelo perto de mim.
É exatamente isso que eu queria, e talvez ainda quero.  É um dos narizes mais bonitos que eu já vi não exagero, não brinco com a verdade, mas puta que pariu, que nariz bonito que você tem. Mas você tem tudo para ser bonito, tudo, mas tem o olhar de peixe morto, e eu não gosto de olhares de peixes mortos.
Era isso, a foto me passava essa impressão.
Me deu uma saudade de tudo, tudo mesmo, de cada milímetro da sua presença, de cada milímetro do seu tom de voz e do jeito que você tinha de sempre fazer aquelas brincadeirinhas tão sem graças quando algo que eu queria dava errado. Me deu saudade das insônias, dos meus sorrisos sem motivo.
Deu tantas saudades que hoje vou dormir com o celular bem de baixo do meu travesseiro esperando algum sinal de notícia sua.
Essa noite vou fechar os olhos bem lentamente e te imaginar, assim, você vai ficando cada vez mais preso dentro de mim, porque medo dessa vida que espalha as pessoas pelo mundo.
Você deve está feliz com a vida que escolheu, mas como tudo isso me deixa no vácuo cada vez mais, tudo isso é dramático demais, tudo isso é podre, tudo isso é vontade. A foto ainda está no meu celular, porque simplesmente não consigo mais apagar seus rastros pelo meu mundo. Se fosse tão simples, tentaria mesmo até tirar você definitivamente do meu mundo, mas como sempre desisto na primeira tentativa fica tão difícil.
Você era um amor para durar apenas uma noite, ou quem sabe duas, ou quem sabe para durar só quando me sentia tão sozinha, mas acabou virando isso, um drama cômico que me parece tão intenso e tão duradouro. 
Não consigo ver você indo embora de vez, sendo que sempre espero você voltar para poder ficar para sempre. Não consigo te deixar indo embora sendo que estou ficando.
Consigo olhar tanto essa foto sem enjoar, talvez algo dentro de mim acredita que se eu encarar muito ele te traga para perto de mim, para aonde eu estou, para esse quarto escuro e totalmente sem vida.
Tento procurar motivos lógicos para poder deixar essa história, mas algo dentro de mim anda acreditando que tudo um dia será mais claro, algo dentro de mim acredita sim, e acredita muito que um dia, um dia, esses contos vão te trazer de volta, porque é isso que eu faço, escrevo para tentar te trazer de volta, mesmo que seja dentro da minha memória.
Me lembro de tudo, mas não é mágoa, nem ódio, também não tenho vontade de te matar. Tudo isso é saudade, é um pouco de melancolia de fato, e até mesmo masoquismo, mas é que às vezes sinto uma falta tão grande de você, de mim, do que nós fomos e do que nós deixamos de ser. É isso que acontece. Todos os amores que tive foram tão passageiros, eles foram e levaram os meus pedaços tentando aliviar todo o drama e toda ausência sua que cheguei sentir.
Seus olhos que são de peixes mortos são os mais bonitos que já vi não me lembro mais a cor deles, mas lembro que consegui ver o futuro dentro deles. ECA! Que coisa mais poética-dramática-nojento-brega. Você é a coisa mais poética-dramática-nojenta-e-brega que consegui suportar nesse tão longo tempo. Quando penso que tudo está sumindo, é engano meu tudo está renascendo cada vez mais forte, cada vez mais com riscos de durar por mais tempo. E mais uma vez olhei a foto que tanto gosto sua, não sei por que gosto tanto dela, sendo que ela não é nítida, sendo que ela não é atual, talvez sim, talvez eu fosse apaixonada pela pessoa que você era.
Talvez, seja isso o motivo.
Sei viver tão bem no passado, mas tenho tanto medo do futuro que prefiro deixá-lo para depois. E não é nada não viu? Mas eu ainda adoro o seu olhar de peixe morto, com a sua boca carnuda e o seu nariz tão bem desenhado.

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